Natassia M. Kelly, Ex-Cristã, EUA (parte 1 de 2)

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Descrição: Uma garota cristã acha difícil se conciliar com os dogmas da crença no Cristianismo.

  • Por Natassia M. Kelly
  • Publicado em 04 Jan 2009
  • Última modificação em 07 Jan 2009
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Eu cresci para acreditar em Deus desde a infância.  Eu comparecia à igreja praticamente todo domingo, ia à escola bíblica e cantava no coral.  Ainda assim a religião nunca foi uma parte importante da minha vida.

Havia vezes em que eu me considerava próxima de Deus.  Eu orava com freqüência para Ele pedindo orientação e força em tempos de desespero ou para a obtenção de um desejo.  Mas eu logo percebia que esse sentimento de proximidade se evaporava quando eu não estava mais pedindo a Deus alguma coisa.  Eu percebi que mesmo acreditando, eu carecia de fé.

Eu percebia o mundo como um jogo ao qual Deus se dava ao luxo de tempos em tempos.  Ele inspirou pessoas a escrever a Bíblia e de alguma forma as pessoas foram capazes de encontrar a fé dentro dessa Bíblia.

A medida que eu crescia e me tornava mais consciente do mundo, eu acreditava mais em Deus.  Eu acreditava que tinha que haver um Deus para colocar alguma ordem no mundo caótico.  Se não existisse Deus, eu acreditava que o mundo teria terminado em profunda anarquia milhares de anos antes.  Foi um conforto para mim acreditar que havia uma força sobrenatural guiando e protegendo o homem.

As crianças geralmente adotam a religião de seus pais.  Eu não era diferente.  Na idade de 12 anos, eu comecei a me aprofundar em minha espiritualidade.  Eu percebi que havia um vácuo em minha vida onde a fé devia estar.  Toda vez que eu estava em necessidade ou desespero, eu simplesmente orava para alguém chamado Senhor.  Mas quem era realmente esse Senhor?  Uma vez eu perguntei à minha mãe para quem orar, Jesus ou Deus.  Acreditando que minha mãe estava certa, eu orei para Jesus e a ele eu atribuía todas as coisas boas.

Eu tinha ouvido que a religião não pode ser questionada.  Meus amigos e eu tentamos fazer isso muitas vezes.  Eu tinha debates freqüentes com meus amigos sobre Protestantismo, Catolicismo e Judaísmo.  Através desses debates eu buscava mais e mais dentro de mim mesma e decidi que devia fazer algo sobre o meu vazio.  E assim na idade de 13 anos, eu comecei minha busca pela verdade.

A humanidade está sempre em constante busca pelo conhecimento ou pela verdade.  A minha busca pela verdade não podia ser considerada como uma busca ativa de conhecimento.  Eu continuava a ter debates, e a ler mais a Bíblia, mas não ia além disso.  Durante esse período de tempo, minha mãe notou o meu comportamento e a partir daí eu entrei em uma “fase religiosa.”  O meu comportamento estava longe de ser uma fase.  Eu simplesmente compartilhava o meu conhecimento recém-adquirido com minha família.  Eu aprendi sobre as crenças, práticas e doutrinas dentro do Cristianismo e o mínimo sobre as crenças e práticas dentro do Judaísmo.

Após uns poucos meses em minha busca, eu percebi que se eu acreditava no Cristianismo eu tinha que me considerar condenada ao Inferno.    Sem nem mesmo considerar os erros do meu passado, eu estava em “uma estrada para o Inferno” como os ministros sulistas costumam dizer.  Eu não podia acreditar em todos os ensinamentos do Cristianismo.  Entretanto, eu tentei.

Eu consigo me lembrar de muitas vezes estar na igreja e lutar comigo mesma durante o Chamado ao Discipulado.  Era dito que ao simplesmente confessar que Jesus era meu Senhor e Salvador, eu teria garantida a vida eterna no Paraíso.  Eu nunca fui até às mãos estendidas do pastor e a minha relutância até aumentava os meus temores de ir para o Inferno.  Durante esse período eu estava desconfortável.  Eu freqüentemente tinha pesadelos alarmantes, e me sentia muito sozinha no mundo.

Mas não apenas eu carecia de fé, mas também tinha muitas questões que apresentei a todo cristão bem informado que encontrava e nunca recebi uma resposta realmente satisfatória.  Simplesmente me diziam coisas que me confundiam ainda mais.  Eu estava tentando colocar lógica em Deus e se eu tivesse fé eu podia simplesmente acreditar e ir para o Paraíso, me disseram.  Bem, este era o problema: eu não tinha fé.  Eu não acreditava.

Eu não acreditava realmente em coisa alguma.  Eu acreditava que existia um Deus e que Jesus era seu filho enviado para salvar a humanidade.  Era isso.  As minhas perguntas e questionamento, entretanto, excediam minhas crenças.

As perguntas continuavam.  A minha perplexidade aumentava.  A minha incerteza aumentava.  Por quinze anos eu tinha seguido cegamente uma fé simplesmente porque era a fé dos meus pais.

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Natassia M. Kelly, Ex-Cristã, EUA (parte 2 de 2)

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Descrição: Após ler e discutir a crença com várias meninas muçulmanas, Natassia aceita o Islã aos 15 anos.

  • Por Natassia M. Kelly
  • Publicado em 04 Jan 2009
  • Última modificação em 07 Jan 2009
  • Impresso: 407
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Algo aconteceu em minha vida que a pouca fé que eu tinha decresceu ao ponto de quase nada.  A minha busca cessou.  Eu não buscava mais dentro de mim mesma, da Bíblia ou igreja.  Eu desisti por um tempo.  Eu era uma pessoa muito amarga até o dia em que uma amiga me deu um livro.  Era chamado “Diálogo Cristão-Muçulmano.”

Eu peguei o livro e li.  Eu estou envergonhada em dizer que durante a minha busca eu nunca tinha considerado outra religião.  O Cristianismo era tudo que eu conhecia e eu nunca pensei em deixá-lo.  O meu conhecimento do Islã era muito pouco.  De fato, era principalmente cheio de conceitos equivocados e estereótipos.  O livro me surpreendeu.  Eu descobri que não era a única que acreditava que só existia um Deus.  Eu pedi mais livros.  Eu os recebi e também alguns panfletos.

Eu aprendi sobre o Islã a partir do aspecto intelectual.  Eu tinha uma amiga próxima que era muçulmana e eu freqüentemente lhe fazia perguntas sobre as práticas.  Eu nunca considerei o Islã como minha fé uma única vez.  Muitas coisas sobre o Islã me alienavam.

Após uns dois meses de leitura, o mês de Ramadã começou.  Toda sexta-feira eu podia me unir à comunidade da mesquita local para a quebra do jejum e a recitação do Alcorão.  Eu colocava perguntas que me ocorressem para as meninas muçulmanas.  Eu estava admirada em ver como alguém podia ter tanta certeza no que acreditava e seguia.  Eu me senti atraída para a religião que me alienava.

Tendo acreditado por tanto tempo que eu estava sozinha, o Islã me confortou de várias formas.  O Islã foi trazido como um lembrete para o mundo.  Foi trazido para levar as pessoas de volta ao caminho certo.

As crenças não eram a única coisa importante para mim.  Eu queria disciplina para orientar a minha vida.  Eu não queria apenas acreditar que alguém era meu salvador e através disso ter um passaporte para o Paraíso.  Eu queria saber como agir para receber a aprovação de Deus.  Eu queria uma proximidade com Deus.  Eu queria ser consciente de Deus.  E acima de tudo eu queria uma chance para entrar no paraíso.  Eu comecei a sentir que o Cristianismo não me dava isso, mas o Islã sim.

Eu continuei a aprender mais.  Eu fui às celebrações do Eid (o dia de festa que se segue ao jejum de Ramadã e ao ritual do Hajj) e aulas semanais na sexta-feira com minhas amigas.

Através da religião se recebe paz de espírito.  Uma tranqüilidade.  Esses sentimentos foram e vieram por uns três anos.  Durante os tempos em que eles desapareciam eu ficava mais suscetível às tentações de Satanás.  No início de fevereiro de 1997 eu cheguei à conclusão de que o Islã era verdadeiro e correto.  Entretanto, eu não queria tomar decisões apressadas.  Eu decidi esperar.

Dentro desse período, as tentações de Satanás aumentaram.  Eu me lembro de dois sonhos nos quais ele era uma presença.  Satanás estava me chamando.  Depois de acordar desses pesadelos eu encontrava conforto no Islã.  Eu me peguei repetindo a Shahadah.  Esses sonhos quase me fizeram mudar de idéia.  Eu os confiei à minha amiga muçulmana.  Ela sugeriu que talvez Satanás estivesse lá para me afastar da verdade.  Eu nunca tinha pensado dessa forma.

Em 19 de março de 1997, após retornar de minha aula semanal, eu recitei a Shahadah para mim mesma.  Então, em 26 de março, eu a recitei diante de testemunhas e me tornei oficialmente muçulmana.

Eu não consigo expressar a alegria que eu senti.  Eu não consigo expressar o peso que foi tirado dos meus ombros.  Eu tinha finalmente alcançado paz de espírito.

...

Já se passaram quinze meses desde que eu recitei a Shahadah.  O Islã me fez uma pessoa melhor.  Eu sou mais forte agora e compreendo mais as coisas.  A minha vida mudou significativamente.  Agora eu tenho propósito.  O meu propósito é provar que eu mereço vida eterna no Paraíso.  Eu tenho o que eu tanto busquei.  A religião é uma parte de mim todo o tempo.  Eu me empenho todos os dias para me tornar a melhor muçulmana que puder ser.

As pessoas se surpreendem como uma menina de quinze anos pode tomar uma decisão tão importante na vida.  Eu sou grata por Deus ter me abençoado com minha predisposição de modo a ser capaz de encontrar a religião tão jovem.

É difícil se esforçar para ser uma boa muçulmana em uma sociedade dominada pelo Cristianismo.  Vivendo com uma família cristã é ainda mais difícil.  Entretanto, eu não me permito ser desencorajada.  Eu não desejo ficar estagnada em minha presente situação, mas eu acredito que o meu jihad está simplesmente me fortalecendo.  Alguém me disse uma vez que eu sou melhor que algumas pessoas que nasceram no Islã, que para isso eu tive que encontrar, experimentar e perceber a grandeza e a misericórdia de Deus.  Eu adquiri a compreensão de que setenta anos de vida na terra não é nada, comparado à vida eterna no Paraíso.

Eu devo admitir que me falta a capacidade de expressar a grandeza, misericórdia e glória de Deus.  Eu espero que o meu relato ajude outros que possam se sentir da forma que eu me sentia ou se debatam da forma como eu me debatia.

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