Como o Islã Difere de outras Crenças? (parte 2 de 2)

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Descrição: Algumas das características únicas do Islã não encontradas em outros sistemas de crença e estilos de vida. Parte dois.

  • Por Khurshid Ahmad
  • Publicado em 12 Oct 2009
  • Última modificação em 12 Oct 2009
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Equilibro entre o Indivíduo e a Sociedade

Outra característica única do Islã é que estabelece um equilíbrio entre o individualismo e o coletivismo.  Acredita na personalidade individual do homem e torna todos pessoalmente responsáveis perante Deus.  O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse:

“Todos vocês são um guardião e responsáveis pelo que está em sua custódia.  O governante é um guardião de seus súditos e responsável por eles; um marido é um guardião de sua família e responsável por ela; uma mulher é uma guardiã da casa de seu marido e é responsável por ela, e um servo é um guardião da propriedade de seu amo e é responsável por ela.”

Ouvi do Apóstolo de Deus e acho que o Profeta também disse: “Um homem é um guardiã da propriedade de seu pai e é responsável por ela. Então todos vocês são guardiães e responsáveis por suas custódias e coisas sob seu cuidado.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

O Islã também garante os direitos fundamentais do indivíduo e não permite que ninguém os fraude.  Faz o desenvolvimento adequado da personalidade do homem um dos objetivos principais de sua política educacional.  Não concorda com a opinião de que o homem deve perder sua individualidade na sociedade ou no estado.

No Islã todos os homens são iguais, independentemente de sua cor, língua, raça ou nacionalidade.  Dirige-se à consciência da humanidade e bane todas as falsas barreiras de raça, condição e riqueza.  Não se pode negar o fato de que essas barreiras sempre existiram e continuam a existir hoje na suposta época iluminada.  O Islã remove todos esses impedimentos e proclama o ideal de toda a humanidade em ser uma família de Deus.

O Islã é internacional em perspectiva e abordagem e não admite barreiras e distinções baseadas em cor, sangue ou território, como era o caso antes do advento de Muhammad.  Infelizmente esses preconceitos continuam rampantes em diferentes formas mesmo nessa época moderna.  O Islã quer unir a raça humana inteira sob uma bandeira.  Para um mundo dividido por rivalidades e feudos nacionais, apresenta uma mensagem de vida e esperança e um futuro glorioso.

O historiador A. J. Toynbee tem algumas observações interessantes a fazer a esse respeito.  Em Civilização em Julgamento, ele escreve: “Duas fontes conspícuas de perigo - uma psicológica e outra material - nas relações atuais desse proletariado cosmopolita, ou seja, [humanidade ocidentalizada] com o elemento dominante em nossa sociedade ocidental moderna são consciência racial e álcool; e na batalha com cada um desses males o espírito islâmico tem um serviço a prestar que pode se provar, se aceito, ser de alto valor moral e social.

A extinção da consciência de raça entre os muçulmanos é um dos feitos morais de destaque do Islã, e no mundo contemporâneo existe uma clamorosa necessidade da propagação dessa virtude islâmica... É concebível que o espírito do Islã possa ser o reforço oportuno que decidiria essa questão em favor da tolerância e paz.

Quanto ao mal do álcool, está no seu pior nível entre populações primitivas nas regiões tropicas que foram ‘abertas’ pelo empreendimento ocidental.  Permanece o fato de que mesmo as medidas preventivas mais políticas impostas por autoridades externas são incapazes de libertar uma comunidade de um vício social, a menos que um desejo de libertação e uma vontade de transformar esse desejo em ação voluntária sejam despertados nos corações das pessoas envolvidas.  Administradores ocidentais, principalmente aqueles de origem ‘anglo-saxônica’, estão espiritualmente isolados de seus tutelados ‘nativos’ pela ‘barreira física da cor’ que sua consciência racial estabelece; a conversão das almas dos nativos é uma tarefa para a qual suas competências dificilmente se estenderão; e é nesse ponto que o Islã pode ter um papel a desempenhar.

Nesses territórios ‘abertos’ de forma recente e rápida, a civilização ocidental produziu um preenchimento econômico e político e, ao mesmo tempo, um vazio social e espiritual.

Aqui, então, no primeiro plano do futuro, podemos destacar duas influências valiosas que o Islã pode exercer sobre o proletariado cosmopolita de uma sociedade ocidental que jogou sua rede em todo o mundo e abraçou toda a humanidade; enquanto que em um futuro mais distante podemos especular sobre as possíveis contribuições do Islã para alguma nova manifestação de religião.”

Permanência e Mudança

Os elementos de permanência e mudança coexistem na sociedade e cultura humanas e estão destinados a continuarem assim.  Ideologias e sistemas culturais diferentes erraram ao tenderem pesadamente para um ou outro lado da equação.  Muita ênfase na permanência faz com que o sistema seja rígido e rouba dele flexibilidade e progresso, enquanto que a falta de valores permanentes e elementos imutáveis geram relativismo moral, deformidade e anarquia.

O que é necessário é um equilíbrio entre os dois – um sistema que pode atender simultaneamente as demandas de permanência e mudança.  Um juiz americano, sr. Justice Cardozo, corretamente diz que “a maior necessidade de nosso tempo é uma filosofia que mediará entre reivindicações conflitantes de estabilidade e progresso e suprir um princípio de crescimento.”O Islã apresenta uma ideologia que satisfaz as demandas de estabilidade e de mudança.

Uma reflexão mais profunda revela que a vida tem em si elementos de permanência e mudança – nem é tão rígida e inflexível que não possa admitir qualquer mudança até em questões de detalhes, nem é tão flexível e fluida que seus traços distintos não tenham características próprias.  Isso fica claro na observação do processo de mudança fisiológica no corpo humano, uma vez que cada tecido do corpo muda várias vezes ao longo da vida enquanto a pessoa permanece a mesma.  As folhas de uma árvore, flores e frutos mudam mas sua característica permanece imutável.  É uma lei da vida que elementos de permanência e mudança devam coexistir em uma equação harmoniosa.

Apenas um sistema de vida capaz prover para ambos esses elementos pode atender todas as ânsias da natureza humana e todas as necessidades da sociedade humana.  Os problemas básicos da vida permanecem os mesmos em todas as épocas e climas, mas as formas e meios de resolvê-los e as técnicas para lidar com o fenômeno passam por mudanças com a passagem do tempo.  O Islã coloca em foco uma nova perspectiva sobre esse problema e tenta resolvê-lo de forma realista.

O Alcorão e a Sunnah contêm a orientação eterna dada pelo Senhor do universo.  Essa orientação vem de Deus, que é livre de limitações de tempo e espaço e, como tal, os princípios de comportamento individual e social revelados por Ele são baseados na realidade e são eternos.  Mas Deus revelou apenas princípios gerais e capacitou o homem com a liberdade de aplicá-los em cada época da forma adequada ao espírito e condições daquela época.  É através do ijtihad (esforço intelectual para chegar à verdade) que as pessoas de todas as épocas tentam implementar e aplicar a orientação divina aos problemas de seus tempos.  Assim, a orientação básica é de natureza permanente, enquanto que o método de sua aplicação pode mudar de acordo com necessidades peculiares de cada época.  Por isso o Islã permanece sempre novo e moderno como a manhã.

Registro Completo dos Ensinamentos Preservado

Por fim, mas não menos importante, existe o fato de que os ensinamentos do Islã foram preservados em sua forma original.  Como resultado, a orientação de Deus está disponível sem adulteração de qualquer tipo.  O Alcorão é o livro revelado e palavra de Deus, que existe pelos últimos mil e quatrocentos anos.  Continua disponível em sua forma original.  Relatos detalhados da vida do Profeta e de seus ensinamentos estão disponíveis em sua pureza primitiva.  Não houve nenhuma mudança nesse registro histórico único.  Os ditos e o registro inteiro da vida do Profeta foi trazido até nós com uma precisão e autenticidade sem precedentes nas obras de Hadith e na Sira (a biografia do Profeta).  Até críticos não-muçulmanos admitem esse fato eloquente.

Existem algumas características únicas do Islã que estabelecem suas credenciais como religião do homem, a religião de hoje e a religião de amanhã.  Esses aspectos apelaram para milhões de pessoas no passado e no presente e as fez afirmar que o Islã é a religião da verdade e o caminho certo para a humanidade.  Não há dúvida de que esses aspectos continuarão a apelar para ainda mais pessoas no futuro.  Homens de coração puro e que buscam sinceramente pela verdade continuarão sempre a dizer:

 “Afirmo que não existe ninguém merecedor de adoração exceto Deus, que é Único, sem compartilhar Sua autoridade, e afirmo que Muhammad é Seu Servo e Profeta.”

Gostaríamos de concluir com as seguintes palavras atribuídas a George Bernard Shaw:

Sempre tive a religião de Muhammad em alta estima por causa de sua maravilhosa vitalidade.  É a única religião que me parece possuir aquela capacidade assimiladora para as fases em mutação da existência, fazendo-a apelar para todas as épocas.  Eu o estudei – o homem maravilhoso – e em minha opinião longe de ser um anticristo, ele deve ser chamado de Salvador da Humanidade.  Acredito que se um homem como ele assumisse a ditadura do mundo moderno, teria sucesso na solução de seus problemas de uma forma que traria a paz e a felicidade muito necessárias.  Profetizei sobre a fé de Muhammad de que seria aceitável para a Europa de amanhã como está começando a ser aceita para a Europa de hoje.

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