O Milagroso Alcorão (parte 11 de 11): Um Desafio para a Humanidade
Descrição: O milagre lingüístico do Alcorão, o desafio do Alcorão e a decisão final.
- Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
- Publicado em 09 Mar 2009
- Última modificação em 18 Mar 2009
- Impresso: 538
- 'Visualizado: 48,138 (média diária: 8)
- Classificado por: 132
- Enviado por email: 2
- Comentado em: 0
O Milagre Lingüístico do Alcorão
Existe um outro aspecto importante que os eruditos muçulmanos têm tradicionalmente considerado o maior aspecto milagroso do Alcorão, que é seu milagre lingüístico. Infelizmente, entretanto, antes de me tornar um muçulmano (e mesmo depois), eu não tinha meios de apreciar esse tópico. Eu só podia ler o que alguns eruditos haviam escrito sobre o idioma e beleza do Alcorão. Por exemplo, John Naish escreveu:
O Alcorão em sua vestimenta árabe original tem uma beleza e charmes sedutores próprios. Expresso em um estilo conciso e exaltado, suas frases breves e fecundas, com freqüência rimadas, apresentam uma força expressiva e energia explosiva que é extremamente difícil de transmitir em tradução literal palavra por palavra.[1]
Da mesma forma, Arberry tinha saudades dos dias em que ouvia o Alcorão ser recitado durante o Ramadã, no Egito.[2] Eu de fato não tive acesso à audição do Alcorão sendo recitado e, portanto, não sabia que experiência emocionante era essa. Além disso, sem conhecimento da língua árabe, a impressão das traduções em inglês não podiam ser como a do original em árabe. Entretanto, devo discutir esse milagre aqui, embora de forma breve, porque é de fato um dos aspectos mais surpreendentes do Alcorão.
Tradicionalmente os eruditos muçulmanos têm considerado o milagre lingüístico do Alcorão como talvez o aspecto milagroso mais importante do Alcorão – e é definitivamente aquele que teve mais influência na época do Profeta Muhammad, que Deus o exalte. Os árabes eram muito orgulhosos de sua língua. A própria palavra que usavam para estrangeiro, ajami, basicamente significava alguém que é bárbaro na forma de falar e que carece de clareza em seu discurso.[3] Entretanto, mesmo eles não estiveram à altura do Alcorão. Antes do Alcorão, costumavam haver feiras e competições para ver quais deles podia produzir o mais belo trabalho em árabe. Entretanto, de acordo com Draz:
Mas quando o Alcorão foi revelado todas essas feira terminaram, e os encontros literários acabaram. De agora em diante, o Alcorão era o único trabalho a chamar a atenção das pessoas. Nenhum deles pode desafiar ou competir com ele, ou até mesmo sugerir que uma única palavra foi mudada, movida, adicionada ou omitida de uma frase. Ainda assim o Alcorão não fechou a porta para a competição. De fato, ele a deixou bem aberta, conclamando-os, individualmente ou coletivamente, a enfrentar seu desafio e produzir algo semelhante a ele. Ele repetiu o desafio em formas diferentes, repreendendo severamente sua inabilidade em enfrentá-lo, e reduzindo a tarefa de tempos em tempos.[4]
Os eruditos árabes identificaram muitos aspectos lingüísticos que distinguem o Alcorão de todos os outros trabalhos e o identifica como um milagre. Aqui, apenas uns poucos serão mencionados brevemente[5]:
(1) Cada palavra que é usada em seu lugar preciso e não pode ser movida ou trocada por um sinônimo próximo sem sua beleza ou significado serem perdidos.
(2) O Alcorão tem uma estrutura de frases e ritmo únicos que se destaca da prosa e da poesia, algumas vezes lembrando uma mais do que a outra, mas nunca sendo completamente uma ou outra.
(3) As frases usam um número pequeno de palavras sem perderem qualquer significado necessário. Em outras palavras, elas são concisas, o que aumenta sua beleza, enquanto ao mesmo tempo transmitem tudo que é necessário ser transmitido.
(4) Existe um equilíbrio perfeito e também uma consistência em estilo entre passagens emocionais e intelectuais do Alcorão. Draz mencionou que essa beleza só pode ser verdadeiramente encontrada no Alcorão:
Duas forças estão sempre ativas dentro de um ser humano: a intelectual e a emocional. Elas têm papéis e direções diferentes. A primeira tem como objetivo saber a verdade e identificar o que é bom e benéfico a ser adotado. A outra registra seus sentimentos de dor e prazer. Um estilo perfeito é aquele que satisfaz ambas as necessidades ao mesmo tempo, dando a satisfação intelectual e o prazer emocional...Encontramos essa perfeição no estilo humano? Vimos os escritos de cientistas e filósofos, e trabalhos de poetas e de fina prosa [e ainda assim eles não podem alcançar esse objetivo]...[6]
O Desafio do Próprio Alcorão
Os eruditos mencionaram muitos outros aspectos milagrosos do Alcorão, como sua consistência perfeita e ser livre de contradição mesmo tendo sido revelado em um período de vinte e três anos[7], o efeito que o Alcorão tem sobre os indivíduos que o ouvem[8] e assim por diante. Entretanto, o que discutimos aqui é definitivamente suficiente para os nossos propósitos, uma vez que eu cobri as questões que mais me influenciaram no meu caminho para o Islã. Além disso, eu acredito que o que já foi discutido é suficiente para demonstrar que o Alcorão é, de fato, milagroso.
De acordo com os muçulmanos, o Alcorão é o discurso e palavra de Deus. Portanto, não é surpresa que seja inimitável. Entretanto, Deus desejou deixar isso muito claro para a humanidade, não lhe deixando espaço para argumentação, dúvidas ou desculpas. No Alcorão, Deus desafia a humanidade a produzir qualquer coisa semelhante ao Alcorão. De fato, o desafio de Deus vai mais além: existe um desafio de produzir ao menos um capítulo como os capítulos do Alcorão.
Esse desafio continua válido para a humanidade hoje. Qualquer um é livre para tentar refutar o Alcorão produzindo algo semelhante à uma porção do Alcorão. Na realidade, Deus deixa claro que toda a humanidade nunca será capaz de produzir qualquer coisa comparável ao Alcorão - qualquer profecia surpreendente do Alcorão.
O desafio de Deus acontece em cinco lugares diferentes no Alcorão. Aqui estão os versículos relevantes na ordem em que foram revelados por Deus:
“E se tendes dúvidas a respeito do que revelamos ao Nosso servo (Muhammad), componde uma surata semelhante à dele (o Alcorão), e apresentai as vossas testemunhas, independentemente de Deus, se estiverdes certos. Porém, se não o dizerdes - e certamente não podereis fazê-lo - temei, então, o fogo infernal cujo combustível serão os idólatras e os ídolos; fogo que está preparado para os incrédulos.” (Alcorão 2:23-24, ênfase adicionada)
“Dizem: Ele o forjou! Dize: ‘Componde, pois, uma surata semelhante às dele; e podeis recorrer, para isso, a quem quiserdes, em vez de Deus, se estiverdes certos.’” (Alcorão 10:38)
“Ou dizem: ‘Ele o forjou!’ Dize: ‘Pois bem, apresentais dez suratas forjadas, semelhantes às dele, e pedi (auxílio), para tanto, a quem possais, em vez de Deus, se estiverdes certos.’” (Alcorão 11:13)
“Dize-lhes: Mesmo que os humanos e os gênios se tivessem reunido para produzir coisa similar a este Alcorão, jamais teriam feito algo semelhante, ainda que se ajudassem mutuamente. ’” (Alcorão 17:88)
“Dirão ainda: ‘Porventura, ele o tem forjado (o Alcorão)?’ Qual! Não crêem! Que apresentem, pois, uma mensagem semelhante, se estiverem certos.” (Alcorão 52:33-34)
Em resumo, se alguém tiver alguma dúvida sobre o Alcorão, que se levante para esse desafio.
Uma Declaração Muito Importante do Profeta e Minha Decisão
Não foi uma reflexão tardia que declarou esse Alcorão milagroso. Não foram os eruditos depois do tempo do Profeta, que Deus o exalte, que olharam para ele e declararam que era um milagre. Não, de fato, esse Livro se destinava a ser o milagre do Profeta Muhammad e seu maior sinal. Os descrentes no tempo do Profeta estavam buscando algum tipo de milagre – talvez mais tangível ou que exigisse menos esforço mental – mas Deus deixou claro que esse Alcorão seria suficiente como um sinal testemunhando a veracidade do Profeta. Deus diz:
“E dizem: ‘Por que não lhe foram revelados uns sinais do seu Senhor?’ Responde-lhes: ‘Os sinais só estão com Deus, quanto a mim, sou somente um elucidativo admoestador’. Não lhes basta, acaso, que te tenhamos revelado o Livro, que lhes é recitado? Em verdade, nisto há mercês e mensagem para os crentes.” (Alcorão 29:50-51)
De fato, esse Livro deve ser suficiente para qualquer indivíduo sincero em busca da verdade. Não existe necessidade para quaisquer outros sinais ou milagres depois desse Livro. Essa é a essência do que Deus disse nessa passagem e é o que meu coração e mente concluíram quando estudei o Alcorão apesar de todos os escritores que alegavam que ele não era uma revelação de Deus.
O Profeta também fez uma declaração muito importante com relação a esse sinal e milagre que Deus deu a ele. Uma vez que ele era o último profeta, a natureza de seu sinal e milagre tinha que ser diferente de todos os que o precederam. Tinha que ser um milagre que pudesse ter um efeito duradouro até o Dia do Juízo. De fato, é. Além disso, é um tipo muito diferente de milagre. É um sobre o qual os humanos podem refletir e estarem completamente convencidos de sua verdade. Assim, o Profeta disse: “Não houve nenhum profeta que não recebeu milagres de Deus para que as pessoas acreditassem nele. Eu recebi (como meu milagre) a revelação que Deus revelou para mim. Eu espero, portanto, que terei o maior número de seguidores no Dia do Juízo.” (Registrado por Al-Bukhari.) Dada a natureza do sinal que o Profeta recebeu, não existe desculpa para as pessoas de outras épocas não seguirem o Profeta. Portanto, se Deus quiser, ele terá o maior número de seguidores no Dia do Juízo.
O Alcorão exigiu uma decisão de minha parte – como na verdade exige uma decisão da parte de todo mundo. Os sinais apontando sua natureza milagrosa e que devia ser uma revelação verdadeira de Deus foram simplesmente esmagadores para mim. Nenhuma das teorias se opondo ao Alcorão ou negando a sinceridade do Profeta foram fortes ou lógicas o suficiente para me convencer do contrário. Por essa razão, eu, através do Alcorão, abracei o Islã, e todos os louvores e agradecimentos são devidos a Deus.
Footnotes:
[1] John Naish, The Wisdom of the Quran (A Sabedoria do Alcorão, em tradução livre) (Oxford, 1937), p. viii. Citado em Islam—The First and Final Religion (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre), pp. 87.
[2] Veja seus sentimentos expressos em A. J. Arberry, The Koran Interpreted (O Alcorão Interpretado, em tradução livre) (Nova Iorque: MacMillan Publishing Co., 1955), p 28.
[3] E. W. Lane, Arabic-English Lexicon (Léxico Árabe-Inglês) (Cambridge, Inglaterra: The Islamic Texts Society, 1984), vol. 2, pp. 1966-1967.
[4] Muhammad Abdullah Draz, The Quran: An Eternal Challenge (O Alcorão: Um Desafio Eterno, em tradução livre) (Markfield, Reino Unido: The Islamic Foundation, 2001), p. 69.
[5] Para mais detalhes, consulte Draz, passim.
[6] Draz., p. 97.
[7] Deus diz no Alcorão: “Não meditam, acaso, no Alcorão? Se fosse de outra origem, que não de Deus, haveria nele muitas discrepâncias.” (al-Nisaa 4:82).
[8] Crentes ou descrentes, o Alcorão tende a afetá-los. Por exemplo, com relação aos crentes, Deus diz: “Deus revelou a mais bela Mensagem: um Livro homogêneo (com estilo e eloqüência), e reiterativo. Por ele, arrepiam-se as peles daqueles que temem seu Senhor; logo, suas peles e seus corações se apaziguam, ante a recordação de Deus. Tal é a orientação de Deus, com a qual encaminha quem Lhe apraz. Por outra, quem Deus desviar não terá orientador algum.” (al-Zumar 39:23). Por outro lado, com relação aos descrentes, Deus diz: “Temos reiterado os Nossos conselhos neste Alcorão, para que se persuadam; porém, isso não logra fazer mais do que aumentar-lhes a aversão.” (al-Israa 17:41).
Adicione um comentário