O Milagroso Alcorão (parte 7 de 11): Vários Aspectos da Lei

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Descrição: A abrangência, integralidade, equilíbrio e praticalidade da lei em si.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
  • Última modificação em 18 Mar 2009
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The_Miraculous_Quran_(part_7_of_11)_001.jpgEu notei quase que imediatamente que os ensinamentos corânicos são muito abrangentes, completos, equilibrados e práticos. Em nome da brevidade eu não entrarei em detalhes nesse aspecto, mas foi algo que me impressionou bastante. A amplitude e flexibilidade das leis do Alcorão são impressionantes. Estava claro para mim que esse livro não foi revelado apenas para um povo em uma época específica, mas que era para todos os povos em diferentes épocas e lugares.

O Alcorão é muito abrangente naquilo que aborda e dá orientação clara com referência a assuntos diversos como atos rituais de adoração, transações comerciais, casamento, divórcio, as leis da guerra e assim por diante. Existe um equilíbrio definitivo que se sente ao ler o Alcorão.  As necessidades espirituais e mundanas dos homens são atendidas simultaneamente na mesma passagem. Mesmo as passagens mais detalhadas referentes à lei contêm advertência, lembrança de Allah e exortação ao melhor comportamento possível.

O escopo dos ensinamentos corânicos não é para o próprio indivíduo. Não é o caso de Allah ter dado algum tipo de orientação espiritual para, talvez, apenas guiar a sua moral e caráter. Ao invés disso, Allah também revelou uma lei que é voltada para a sociedade como um todo. Os humanos não têm que fazer tentativas para decidir o que é melhor para toda a comunidade. Isso foi dado por Allah para guiar a humanidade para o melhor modo de vida.

Cobre a prática e piedade pessoal do indivíduo e seu relacionamento com seus pais, cônjuge, filhos, vizinhos, comunidade e humanidade como um todo. Tudo isso com um equilíbrio adequado e dentro de uma estrutura geral para fazer da vida uma forma verdadeira e completa de adoração somente a Deus. Existe claramente apenas um único objetivo para os humanos – adorar a Deus – e todos os atos dessa vida terrena estão dentro do escopo desse objetivo. Não existe esquizofrenia na vida de uma pessoa. Ela não está tentando agradar a Deus e a César ao mesmo tempo ou mesmo em momentos diferentes. Ela nem precisa recorrer à perseguição de desejos vãos e comprometer a sua ética para viver uma vida gratificante nesse mundo. Ela precisa simplesmente viver sua vida nesse mundo de uma maneira geral sob a sombra da orientação abrangente do Alcorão.

Um Aspecto Particular da Lei Islâmica: Sua Praticalidade

A praticalidade da Lei Islâmica é um aspecto particular que verdadeiramente me impressionou naquela época, por conta de meu antecedente cristão.  É uma grande bênção que no Islã se encontre ensinamentos detalhados que resultam em objetivos desejados enquanto que, ao mesmo tempo, são extremamente práticos e consistentes com a natureza humana. A falta desses ensinamentos é um dos maiores dilemas enfrentados pelo Cristianismo. Por exemplo, com respeito à coesão e interação social, os maiores ensinamentos encontrados no Novo Testamento são os conhecidos como os “ditos difíceis” de Jesus. São eles:

“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:38-48)

Os próprios eruditos cristãos ficam perplexos. Como esses ensinamentos obviamente impossíveis ou impraticáveis podem ser aplicados? Apenas um exemplo de uma discussão dessas palavras será suficiente para mostrar o quão confusos eles são para aqueles que acreditam firmemente neles:

[Para interpretar essas palavras, o modelo proposto por Joaquim Jeremias é simples, representativo e de influência contínua. De acordo com esse modelo, o Sermão usualmente é visto em uma das três formas: (1) como um código perfeccionista, totalmente em acordo com o legalismo do Judaísmo rabínico; (2) como um ideal impossível, para direcionar o crente primeiro ao desespero e depois a confiar na misericórdia de Deus; ou (3) como uma ‘ética provisória’ idealizada para o que se esperava que fosse um breve período de espera do fim dos tempos, que agora é obsoleta. Jeremias acrescenta sua própria quarta tese: o Sermão é uma descrição indicativa da vida insipiente no reino de Deus, que pressupõe como sua condição de possibilidade a experiência da conversão. Esquemas mais complexos ou abrangentes foram oferecidos, mas a maioria dos intérpretes importantes podem ser entendidos em relação às opções apresentadas por Jeremias.[1]

No Islã, não existem esses dilemas. Os ensinamentos são fáceis, flexíveis, práticos e completamente adequados à vida diária, mesmo para um muçulmano recém-convertido em um ambiente completamente não-islâmico, como eu era. O famoso autor James A. Michener também mencionou e apreciou esse aspecto do Islã. Em um de seus primeiros escritos que eu li sobre o Islã, intitulado “Islam—the Misunderstood Religion,” (Islã  -  A Religião Mal-Compreendida, em tradução livre) Michener escreve:

O Alcorão é notavelmente prático em sua discussão da vida boa. Em uma passagem memorável ele orienta: “Quando lidarem em transações envolvendo obrigações futuras, coloquem-nas por escrito...e consigam duas testemunhas...’ É essa combinação de dedicação a um Deus, mais a instrução prática, que faz do Alcorão único.[2]



Footnotes:

[1] Lisa Sowle Cahill, Love Your Enemies: Discipleship, Pacifism, and Just War Theory (Ame Seus Inimigos: Discipulado, Pacifismo e Teoria da Guerra Justa, em tradução livre) (Mineápolis, MN: Fortress Press, 1994), p. 27.

[2] Citado em Islam—The First and Final Religion (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre) (Karachi, Paquistão: Begum Aisha Bawany Waqf, 1978), pp. 86-87.

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