O Milagroso Alcorão (parte 1 de 11): Meu Caminho Para o Islã

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Descrição: Uma das personalidades islâmicas mais influentes na América, Jamaal Zarabozo, discute o milagre do Alcorão e sua influência em sua jornada para o Islã.  Parte Um: Introdução a esse tópico, junto com uma breve descrição do Alcorão e do Profeta Muhammad.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 26 Jan 2009
  • Última modificação em 19 Jun 2016
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Declaração de Abertura

The_Miraculous_Quran_(part_1_of_11)_001.jpgDeixem-me declarar na abertura que, após ser muçulmano por muitos anos, se me dessem o tópico “O Milagroso Alcorão,” como eu o vejo agora, eu estaria enfatizando e discutindo aspectos que eram completamente desconhecidos para mim na época em que eu estava estudando o Islã como um não-muçulmano.   Eu venho estudando o Alcorão por mais de trinta anos e ele nunca deixa de me fascinar.  De fato, o fenômeno de continuar descobrindo novos aspectos fascinantes do Alcorão tem sido uma verdade para os eruditos muçulmanos ao longo dos anos.  Ao longo de séculos, eles têm falado sobre o Alcorão, com os eruditos mais recentes reconhecendo os aspectos milagrosos que os eruditos anteriores mencionaram, ao mesmo tempo em que se deparam com outros aspectos que consideram igualmente notáveis e surpreendentes.  Assim, por exemplo, nós tivemos Aishah bint al-Shaati, Sayyid Qutb e Mustafa Saadiq al-Raafi’ee adicionando componentes à teoria geral da natureza milagrosa do Alcorão no século passado.[1]  Mais recentemente, muitos têm enfatizado os que são chamados de “milagres científicos do Alcorão”, um tópico que tentaremos visitar no fim dessa exposição.

Entretanto, essa preleção é sobre a “minha história” e meu caminho até o Islã através do Alcorão.  Portanto, eu enfatizarei aqueles aspectos do Alcorão que mais me influenciaram na época e dedicarei menos tempo aos outros aspectos que eu tenho estudado em detalhes desde então.

Uma Breve Introdução ao Profeta Muhammad e ao Alcorão

Estou certo de que a maioria de vocês tem algum tipo de familiaridade com o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, e o Alcorão, mas por causa de alguns pontos que eu destacarei mais tarde, eu acredito que uma breve introdução aos dois seria adequado.

Muhammad nasceu por volta de 570 anos após o nascimento de Jesus Cristo.  Ele nasceu em Meca, na Península Arábica.  O povo de Meca era devotado à adoração de ídolos.  A área não era conhecida como um local de civilização ou conhecimento avançados naquele tempo.   De fato, o Profeta Muhammad era iletrado.  Com a idade de quarenta anos Muhammad recebeu sua primeira revelação.  Embora ele fosse conhecido entre as pessoas como “o confiável”, a maioria dos árabes o ironizou e logo após começou uma campanha massiva para persegui-lo e àqueles que acreditavam nele.  Depois de treze anos de pregação em Meca, o próprio Profeta foi forçado a partir para a cidade de Medina, onde já tinha alguns seguidores.   Eles fizeram dele o líder da cidade.  Os descrentes de Meca não descansaram e tentaram esmagar militarmente a nova fé.  Entretanto, o que era originalmente um pequeno grupo de muçulmanos cresceu em número e foi capaz de resistir ao ataque violento dos descrentes.   Dentro de dez anos, o próprio Profeta liderou um exército de volta à Meca e a conquistou em uma vitória sem derramamento de sangue.  Dessa forma o Islã se tornou vitorioso na Arábia e começou a se propagar através do mundo. O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, finalmente morreu em 632.

Quanto ao Alcorão, ele foi revelado ao Profeta Muhammad em um período de vinte e três anos.  Foi revelado diretamente a ele através do anjo Gabriel.  Ele recebia a mensagem e depois a transmitia a seus seguidores.  Portanto, o Alcorão é muito diferente da Bíblia.  Não existem contribuições humanas ao Alcorão; é apenas a revelação de Deus.  Em outras palavras, você não encontrará histórias sobre o Profeta escrita por seus Companheiros no Alcorão.  De fato, você não encontrará no Alcorão nenhum dos discursos do Profeta fora do que ele afirmou ser a revelação do Alcorão.  As palavras do Profeta foram mantidas completamente separadas do Alcorão.

Um comentário final: o Alcorão é apenas em árabe.  A melhor tradução não é o Alcorão.  Uma vez que você perde algo em seu estilo original de expressar as palavras e se apóia somente na tradução, o original é completamente perdido.

A História de Minha Conversão e a Proximidade do meu Batismo

A história de minha conversão não é das mais fascinantes.  Entretanto, um aspecto é interessante: o efeito que o Alcorão teve em mim.

A minha família se mudou para a Califórnia vindo da Espanha.  Assim, nós éramos nominalmente católicos.  Eu tive pouquíssima exposição a qualquer religião até que um amigo meu na escola me convidou para sua igreja.  Eu comecei a freqüentar e essa foi a primeira vez que eu comecei a ler a Bíblia.  Eu definitivamente estava levando tudo muito a sério.  Então chegou o momento de eu ser batizado.  Eu não tinha problemas em relação a isso exceto que eu tinha decidido que, uma vez que era a primeira religião a qual eu tinha sido exposto, eu deveria pesquisar sobre outras religiões para me assegurar do que estava fazendo. Eu não pensei que isso fosse de fato afetar minha decisão final quando, na realidade, a proximidade do batismo me levou a tornar-me um muçulmano.

Eu comecei a estudar sobre todas as religiões que eu pude encontrar.  Isso, obviamente, foi o que me levou até o Alcorão.



Footnotes:

[1] Para uma discussão dessas adições recentes ao conceito da natureza milagrosa do Alcorão, veja Muhammad Raffi Yunus,  “Modern Approaches to the Study of I’jaz al-Quran (Abordagens Modernas ao Estudo do I’jaz al-Quran, em tradução livre) (Dissertação de Ph.D. , Universidade de Michigan, 1994), pp. 78-91 e 118-125

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O Milagroso Alcorão (parte 2 de 11): O Alcorão e os Orientalistas

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Descrição: Uma das personalidades islâmicas mais influentes na América, Jamaal Zarabozo, discute o milagre do Alcorão e sua influência em sua jornada para o Islã.  Parte Dois: Uma comparação entre o Alcorão e o que os orientalistas tem a dizer sobre ele.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 26 Jan 2009
  • Última modificação em 26 Jan 2009
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Estudando o Alcorão em 1976: O Alcorão Versos Muitos Escritores Não-Muçulmanos

Você deve ter em mente que isso aconteceu em 1976. Foi antes da Revolução Iraniana e do Islã ser atacado pela mídia.  Eu não conhecia nenhum muçulmano na época.  (Eu vivia em uma cidade relativamente pequena e erroneamente supus que não havia muçulmanos lá.) Portanto, não havia ninguém tentando me convencer da verdade do Islã.  De fato, eu eventualmente me converti ao Islã antes de encontrar um muçulmano, fazendo o melhor para aprender as orações a partir de um livro escrito por um missionário, o Dicionário do Islã, de T.P. Hughes.

Portanto, a informação que eu recebia sobre o Islã veio principalmente de não-muçulmanos que escreviam sobre o Islã.  Havia pouquíssimos livros escritos por muçulmanos disponíveis para mim naquela época.  Na verdade, eu só me lembro de ter encontrado um trabalho escrito por um muçulmano, relativamente pequeno, de Maududi.[1]  Entretanto, eu consegui encontrar algumas cópias do Alcorão traduzidas por muçulmanos.  Em particular, eu estava lendo a tradução de Abdullah Yusuf Ali.

Em essência, era o Alcorão versos um número de trabalhos escritos por não-muçulmanos.  Em geral, esses não-muçulmanos eram forçados a elogiar o Islã de vez em quando mas sempre tentavam encontrar alguma falha nos princípios da fé.  E assim eles inventavam muitas teorias sobre o Profeta Muhammad e o Alcorão.  Eu lia suas críticas lado a lado com o Alcorão.

A maioria dos autores que eu estava lendo claramente dizia que o Alcorão não era uma revelação de Deus, mas que foi escrito pelo Profeta Muhammad, que Deus o exalte.  Essa era a opinião expressa por Richard Belle em The Qur'an: Translated With a Critical Re-arrangement of the Surahs (O Alcorão: Traduzido com uma Reorganização Crítica das Suratas, em tradução livre), Arberry em sua introdução a sua tradução do Alcorão, e Kenneth Cragg em The Call of the Minaret, ad nauseum (O Chamado do Minarete, ad nauseum, em tradução livre).[2]

Entretanto, como Montgomery Watt destacou, isso por si só levantava uma variedade de perguntas.  Se Muhammad era um impostor, ele fez o que fez de forma maliciosa?   Ele não era conhecido por ser uma pessoa desonesta ou maliciosa, então o que o levou a essa mudança?  Além disso, se ele fez isso de forma maliciosa, como reuniu toda a informação contida no Alcorão, especialmente vivendo em um lugar como Meca?  Ele teve professores? Se sim, quem eram eles e onde está documentado que teve professores?

Para ser franco, eu não estava muito impressionado com aqueles que clamavam que o Profeta tinha algum professor que deu a ele toda a informação que mais tarde formou o Alcorão.  Em geral, aqueles autores se referiam a encontros ao acaso ou únicos entre o Profeta e indivíduos específicos.  Por exemplo, Muir e Margoliouth atribuíram a informação encontrada no Alcorão a Baheerah, um monge que o Profeta havia encontrado na Síria durante sua juventude quando tomava parte de uma caravana, muito antes de reivindicar ser um Profeta.  Esses argumentos eram totalmente ilógicos e extremamente forçados.  Eu não gastei muito tempo com eles.

Alguns críticos eram forçados a admitir que o Profeta Muhammad era conhecido por ser uma pessoa extremamente honesta e sincera.  Eles também mencionaram como ele não se beneficiou materialmente de suas ações, já que continuou a viver uma vida muito sincera e humilde.  Portanto, eles concluíam que ele era honesto e sincero mas terrivelmente iludido.  Mas ainda assim, se ele estava iludido, de onde veio essa informação? Alguns fizeram parecer que era algo de seu subconsciente.  Anderson até chamou de “criação ilusória de fatos que ele desejava que fossem realidade.”  Outros disseram que ele sofria de ataques epiléticos e que as revelações eram resultado desses ataques.  Essas teorias podem ter sido convincentes para alguém que simplesmente lia o que esses autores escreviam sem tirar um tempo para ler e estudar o Alcorão.  Como será mencionado posteriormente nessa preleção, existe muita informação no Alcorão que não seria possível vir do subconsciente de alguém.

Outra alegação comum que li era que o Profeta Muhammad era um tipo de líder “nacionalista”, cujo objetivo principal era unir os árabes.  Essa forma típica de pensar é a que está declarada na Nova Enciclopédia Católica: “Por volta dos 40 anos ele recebeu seu ‘chamado profético’ para unir os árabes sob um monoteísmo.”[3]  Essa abordagem pode ser considerada mais complementar, já que não procura ridicularizar o Profeta de forma alguma.  Ainda assim, ao mesmo tempo, não fez sentido para mim com base no que lia no Alcorão.  É suficiente notar que não existe uma passagem no Alcorão que seja endereçada aos árabes.  No Alcorão Deus fala à humanidade ou às pessoas, crentes e descrentes.  Se esse livro fosse apenas para os árabes, por que eles nunca são abordados diretamente e, ao invés disso, são usados termos gerais que valem para toda a humanidade?

Em qualquer caso, o excesso de opiniões diferentes em relação ao Profeta era para mim um sinal de que  tinha acontecido algo insondável para esses autores.  Tudo para mim era evidência de que havia realmente algo com o Alcorão, ou ele poderia simplesmente ter sido descartado como um trabalho trivial, que não valia o esforço de refutar ou discutir.   Isso me fez até mais interessado no Alcorão e é algo que veremos mais tarde: os trabalhos que deveriam ter me dissuadido de continuar a pesquisar o Alcorão me deixaram mais convencido de que eu precisava pesquisá-lo mais.



Footnotes:

[1] Pouco depois eu encontrei um livro escrito por alguém com um nome muçulmano. Esse livro era The Spirit of Islam (O Espírito do Islã, em tradução livre) escrito por Syed Ameer Ali. Esse livro foi escrito por um notório modernista e, mesmo naquele tempo, eu notei sua contradição com tudo que eu tinha aprendido sobre o Islã. Syed Ameer Ali claramente acreditava que o próprio Profeta Muhammad tinha escrito o Alcorão.

[2] Para uma análise e crítica de muitas das opiniões dos orientalistas (não-muçulmanos que escrevem sobre o Islã), o leitor interessado pode consultar os seguintes trabalhos: Mohammad Khalifa, The Sublime Quran and Orientalism (O Sublime Alcorão e o Orientalismo, em tradução livre)  (Londres: Longman, 1983); Muhammad Mohar Ali, The Quran and the Orientalists (O Alcorão e os Orientalistas, em tradução livre) (Ipswich, Inglaterra: Jamiyat Ihyaa Minhaaj al-Sunnah, 2004).

[3] Nova Enciclopédia Católica (Washington: Universidade Católica da América, 1981), vol. 1, p. 715. Citado de Hamza Mustafa Njozi, The Sources of the Quran: A Critical Review of the Authorship Theories (As Fontes do Alcorão: Uma Análise Crítica das Teorias de Autoria, em tradução livre) (Riyadh, Arábia Saudita: World Assembly of Muslim Youth, 1991), p. 17. Obviamente, nem todos os livros que eu li na época estão disponíveis para mim hoje, trinta anos depois. Entretanto, eu me lembro dos trabalhos básicos que li e das mensagens básicas que passavam. Na maioria dos casos, entretanto, as citações diretas foram “reconstruídas” através de fontes disponíveis para mim na época desse trabalho.

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O Milagroso Alcorão (parte 3 de 11): Uma Escritura Sagrada Deve Ser de Deus

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Descrição: Para uma religião ser verdadeira, deve ser de Deus em um sentido total, e não meramente em sua origem.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
  • Última modificação em 18 Mar 2009
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Meu Primeiro Parâmetro: Se é a Religião de Deus que Eu Estou Procurando, a Escritura Sagrada Deve Ser de Deus

The_Miraculous_Quran_(part_3_of_11)_001.jpgNo meu estudo de outras religiões, um dos meus objetivos era ler as escrituras sagradas de cada religião, para entender diretamente da fonte o que era a religião.  Isso obviamente despertou minha curiosidade no Alcorão.

Eu já tinha uma forte crença em Deus e estava convencido da existência de um Ser Supremo.  De fato, durante um tempo, eu às vezes era um cristão e às vezes simplesmente era um deísta, seguindo os passos de Voltaire e muitos dos “fundadores” dos Estados Unidos.

Já acreditando em Deus, portanto, o meu primeiro parâmetro por uma religião verdadeira era que a religião devia ter Deus como sua fonte original.  Ninguém pode conhecer os detalhes sobre Deus exceto Deus.  Ele está acima e além do campo da experiência humana.  E o mais importante é que ninguém sabe como Ele deve ser adorado exceto Ele mesmo.  Ninguém sabe qual estilo de vida é mais agradável a Ele exceto Ele.  Embora os humanos sejam capazes de muitas conclusões embasadas sobre Deus, nenhum humano pode logicamente reivindicar que de alguma forma – independentemente de revelação de Deus – descobriu a maneira com a qual Deus deve ser adorado e a maneira que é mais agradável a Deus.  Assim, se o objetivo supremo é verdadeiramente satisfazer e adorar a Deus como Ele deve ser adorado, então não se tem alternativa exceto voltar-se para Ele em busca de orientação.

Com base nessa primeira premissa, qualquer religião feita pelo homem não é uma alternativa lógica.  Não importa o quanto os humanos tentem, eles não podem falar com autoridade sobre como Deus supostamente deve ser adorado.

É importante mencionar que esse parâmetro não significa que alguma vez Deus desempenhou um papel na formação de uma religião específica.  Não, esse parâmetro significa que o escopo inteiro dos ensinamentos vêm de Deus.  Existem algumas religiões que podem ter originado de Deus mas, depois, seus aderentes se sentiram livres para se apoiarem no raciocínio humano para ajustar, modificar e alterar a religião.  No processo, eles de fato criaram uma nova religião, diferente da que Deus havia revelado.  Isso, mais uma vez, destrói completamente o propósito.  O que Deus revelou não precisa de qualquer aprimoramento ou mudança da humanidade.  Qualquer mudança ou alteração significa um desvio do que Deus revelou.  Assim, qualquer mudança ou alteração apenas levará a humanidade para longe da verdade e da maneira adequada de adorar a Deus.  Além disso, Deus é mais do que capaz de revelar uma revelação perfeita para qualquer época ou circunstância.  Se houver qualquer necessidade de alterar ou mudar quaisquer das leis de Deus, a autoridade para isso está apenas com Deus.  Em outras palavras, Deus está livre para mudar Suas leis devido a Sua sabedoria e conhecimento, por exemplo, por misericórdia ou como uma forma de punição para Seus servos.  Ele pode fazê-lo enviando uma nova revelação ou até enviando um novo profeta.  Com isso, não existe problema lógico.  Mas existe um problema grave quando os humanos assumem o encargo de “consertar” a revelação de Deus.

Portanto, o primeiro parâmetro declara que a religião se origine de Deus.  Entretanto, isso não é suficiente.  O segundo parâmetro é que os ensinamentos de Deus devem ser preservados em sua forma original.  A lógica por trás desse ponto deve ser óbvia.  Se a revelação original veio de Deus mas foi posteriormente adulterada e distorcida por humanos, tem-se agora a mistura da religião de Deus e de interpolação humana.  Não é mais a religião pura de Deus.  Embora isso possa parecer uma premissa óbvia, é surpreendente ver quantas pessoas nunca consideraram esse ponto, seguindo cegamente escrituras ou ensinamentos que não podem ser autenticados historicamente.

O Primeiro Aspecto Milagroso do Alcorão: Sua Preservação Detalhada

De fato, essa foi uma das primeiras coisas que me impressionaram em relação ao Alcorão.  Até aqueles que eram claramente contra o Islã em seus escritos, como Sir William Muir, admitiam que o Alcorão que temos hoje foi preservado desde o tempo do Profeta, que Deus o exalte.[1]  De fato, mesmo aqueles que tentavam ser mais críticos e levantar dúvidas sobre a autenticidade completa do Alcorão, como Jeffrey, me impressionaram ainda mais por conta da quantidade de informação que temos com relação a história desse texto.

Para apreciar plenamente esse ponto, deve-se ter em contexto o meu histórico cristão.  Incidentalmente, esse trabalho de forma alguma pretende ser uma crítica ao Cristianismo.  Entretanto, é o meu histórico e foi o parâmetro através do qual eu examinei outras religiões.  Portanto, eu fiz muitas comparações cruzadas entre o Cristianismo e outras religiões, inclusive o Islã.  Assim, eu não tenho escolha senão me referir ao Cristianismo durante o curso desse trabalho, já que esse trabalho é sobre a minha experiência.



Footnotes:

 [1] Para citações de numerosos escritores não-muçulmanos afirmando a autenticidade do Alcorão, veja Dialogue Between Islam and Christianity:Discussion of Religious Dogma Between Intellectuals from the Two Religions (Diálogo Entre Islã e Cristianismo: Discussão de Dogmas Religiosos Entre Intelectuais das Duas Religiões, em tradução livre) (Fairfax, VA:[1] Instituto de Ciências Islâmicas e Árabes na América, 1999), pp.[1] 295f.

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O Milagroso Alcorão (parte 4 de 11): A Preservação Detalhada do Alcorão

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Descrição: Uma das qualidades singulares do Alcorão é sua preservação detalhada, um fato que o faz muito diferente de todas as outras religiões.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
  • Última modificação em 18 Mar 2009
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Eu estava dolorosamente consciente de muito da história da Bíblia e esse era um dos problemas principais que eu tinha com o Cristianismo.[1]  Eu perguntei a pastores sobre essa questão e a maioria deles na época, isso foi antes dos fundamentalistas se tornarem predominantes, foram muito abertos sobre isso e admitiram que havia problemas com a autenticidade histórica da Bíblia.  Ao mesmo tempo, entretanto, a maioria deles proclamava que os “ensinamentos” tinham sido preservados embora os detalhes possam não ter sido.  Em outras palavras, a Bíblia claramente não era a palavra de Deus; eles alegavam que os escritores bíblicos foram “inspirados” por Deus.  Isso é o máximo que podiam alegar, embora até isso eles não pudessem provar.  Isso me parecia uma fé cega porque se você não sabe se os detalhes foram preservados, como pode estar tão certo de que os ensinamentos principais foram realmente preservados?  Na realidade, nós não sabemos quem eram Mateus, Marcos, Lucas e João e nem por que exatamente seus nomes foram atrelados àqueles famosos Evangelhos.

À luz disso, eu encontrei Jeffrey, enquanto ele tentava provar que havia algumas dificuldades menores com o Alcorão, demonstrando que a compilação do Alcorão desde os seus anos iniciais era conhecida em detalhes, já que a maior parte de seu trabalho se relacionava com a época dos Companheiros do Profeta.   Eu estava muito impressionado e seu suposto ataque ao Alcorão simplesmente, como eu já aludi antes, me fez continuar em meu estudo do Alcorão.  (Claro, muito depois eu li respostas aos argumentos de Jeffrey, refutando totalmente suas alegações de que o Alcorão não havia sido preservado.)

A Promessa do Alcorão de que Seria Preservado

Em qualquer caso, chamou a minha atenção o que o Alcorão diz dele mesmo:

“Nós revelamos a Mensagem e Somos seu preservador.” (Alcorão 15:9)

Era interessante para mim porque dentro do Alcorão existe uma referência clara a como os povos anteriores fracassaram em preservar completamente a mensagem que receberam.[2]  Portanto, à luz do que o Alcorão estava dizendo sobre as revelações anteriores, era uma afirmação muito audaciosa.  E, incidentalmente, pode ser considerada uma das profecias do Alcorão – vindo de uma perspectiva judaico-cristã, profecias eram importantes para mim.  Se elas não acontecessem seriam muito prejudiciais aos meus olhos, ao passo que se acontecessem eu consideraria um bom sinal.

Mais uma vez, a história do Islã apresenta um cenário diferente das revelações anteriores.  O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, viveu há apenas 1.400 anos.  Ele é definitivamente o mais “histórico” dos vários profetas.  Portanto, a história do Alcorão é conhecida e documentada.

O Alcorão foi preservado com cuidado meticuloso.  Ele se descreve como uma “leitura” (Alcorão) e como um livro (kitaab).  De fato, foi através de ambos os meios que o Alcorão foi meticulosamente preservado.

Durante a vida do Profeta, o Profeta tinha escribas específicos cujo trabalho era registrar a revelação quando ele a recebia.  O Alcorão não foi revelado de uma única vez.  Foi registrado por um período de vinte e três anos.  Durante aquela época, a revelação podia vir ao Profeta a qualquer momento.  Quando ela vinha, era reconhecida pelos sinais físicos sobre o Profeta (um ponto que levou alguns a alegarem que ele simplesmente era epilético).  Ele então chamava seus escribas e dizia a eles o que havia sido revelado e exatamente onde a nova passagem se encaixava em relação ao que já havia sido revelado por Deus.

O Alcorão, que não é um livro grande, também foi preservado na memória assim como na forma escrita desde a época do Profeta Muhammad.  Muitos dos Companheiros do Profeta tinham memorizado o Alcorão inteiro e, temendo o que havia acontecido com as comunidades das religiões anteriores, eles adotaram as medidas necessárias para protegê-lo de qualquer forma de adulteração.   O Alcorão continua a ser memorizado hoje – outro aspecto surpreendente do Alcorão.  De fato, Deus diz sobre o Alcorão:

“Em verdade, fizemos o Alcorão fácil de compreender e lembrar...” (Alcorão 54:17)

 Até hoje, milhares de muçulmanos sabem o Alcorão de cor.  Se Fahrenheit 451de Ray Bradbury se tornasse uma realidade hoje e todos os livros fossem reduzidos a cinzas, o Alcorão sobreviveria.  Os muçulmanos seriam capazes de reescrever todo o Alcorão de memória.

Logo após a morte do Profeta o Alcorão foi todo compilado e pouco depois cópias oficiais foram enviadas a terras distantes, para assegurar que o texto ficasse puro.  Até hoje, pode-se viajar para qualquer parte do mundo, pegar uma cópia do Alcorão e constatar que ela é a mesma em todo o mundo.[3]

Até o idioma do Alcorão, que é essencial para manter o entendimento verdadeiro do texto, foi preservado.[4]  O mesmo não pode ser dito dos profetas anteriores como Moisés e Jesus, cujos hebraico e aramaico não existem mais.

Como mencionado anteriormente, todo cuidado foi tomado para assegurar que qualquer coisa que não pertencesse à revelação direta de Deus - inclusive as próprias afirmações do Profeta - fosse mantida fora do Alcorão.  Apenas as palavras que o Profeta recebeu como revelação e informou a seus seguidores fizeram parte do Alcorão.  Conseqüentemente, o Alcorão é completamente diferente da Bíblia, que inclui histórias sobre os profetas, comentários sobre suas vidas e ensinamentos, cartas e escritos de não-profetas e assim por diante.  Nenhuma interpolação e adição humana pode ser encontrada no Alcorão.

Assim, o Alcorão originalmente me impressionou de duas formas: primeiro, claramente se proclamou ser a palavra de Deus que não estava entrelaçada com palavras de humanos.  Segundo, foi minuciosamente preservado desde a época de sua revelação.  Esses dois pontos significavam que o Alcorão atendia meus parâmetros lógicos para religião e revelação.  Eu estava pronto para prosseguir em meus estudos e analisar seus ensinamentos.

A propósito, pode-se com toda razão perguntar por que Deus permitiu que suas revelações anteriores fossem distorcidas e não preservadas.  Pode-se de fato pensar sobre muitas razões importantes por trás disso.  Primeiro, como está claro em suas próprias escrituras, os profetas anteriores, como Moisés e Jesus, não foram enviados para toda a humanidade.  Suas mensagens eram claramente para a Tribo de Israel e para suas épocas em particular.  De fato, Deus nos ensina que todos os povos tiveram um mensageiro que lhes foi enviado e cujos propósitos eram limitados.  O Profeta Muhammad e, conseqüentemente, sua revelação, é para toda a humanidade desde a sua época até o Dia do Juízo.  Segundo, se suas revelações fossem preservadas, seus seguidores poderiam usar isso como justificativa para continuarem a seguir seus profetas e se recusarem a seguir o Profeta Muhammad.  Uma vez que está muito claro através de muitos meios, como evidência histórica, declarações contraditórias dentro do texto e assim por diante, que suas escrituras não foram preservadas em seus detalhes e que eles não podem alegar seguir o que é a religião pura de Deus - sem mistura com interpolação humana – eles não têm justificativa válida para não abandonarem suas revelações não-preservadas por uma revelação verdadeira, completa e exata de Deus encontrada no Alcorão.



Footnotes:

[1]  Infelizmente o espaço não permite uma discussão detalhada desse tópico, embora ele seja extremamente importante para minha comparação entre a Bíblia e o Alcorão. Em nome da brevidade, as conclusões de um autor com relação ao Velho Testamento serão apresentadas. Após uma longa discussão da história do Torá, Dirks conclui,

O Torá recebido não é um documento único, unitário. É uma compilação de colagens...com formação de camadas adicionais...Embora Moisés, a pessoa que recebeu a revelação original, a quem o Torá supostamente representa, não viveu depois do século 13 AC e provavelmente viveu no século 15 AC, o Torá recebido data de uma época muito posterior.  O trecho identificável mais antigo do Torá recebido, ou seja, J, não pode ser datado de antes do século 10 AC...Além disso, esses trechos diferentes não foram introduzidos no Torá recebido até aproximadamente 400 AC, o que seria aproximadamente 1.000 anos após a vida de Moisés.  Ainda mais, o Torá recebido nunca foi totalmente padronizado, com pelo menos quatro textos diferentes existindo no primeiro século DC, aproximadamente 1.500 anos após a vida de Moisés. Adicionalmente, se adotarmos o texto masorético como o texto mais “oficial” do Torá recebido, então o manuscrito mais antigo existente data de cerca de 895 DC, que é aproximadamente 2.300 anos após a vida de Moisés.  Em resumo, embora o Torá recebido possa conter algumas porções do Torá original, a origem do Torá recebido é interrompida, vastamente desconhecida e não pode de forma alguma ser traçada até Moisés. [Jerald F. Dirks, The Cross & the Crescent  (A Cruz & O Crescente, em tradução livre) (Beltsville, MD: Amana Publications, 2001), p. 53. Outras discussões importantes da autenticidade do Velho Testamento podem ser encontradas em  Maurice Bucaille, The Bible, the Quran and Science(A Bíblia, o Alcorão e a Ciência, em tradução livre)  (Indianápolis, IN: American Trust Publications, 1978), pp. 1-43; M. M. Al-Azami, The History of the Quranic Text from Revelation to Compilation: A Comparative Study with the Old and New Testaments (A História do Texto Corânico da Revelação à Compilação: Um Estudo Comparativo com o Velho e o Novo Testamentos, em tradução livre(Leicester, Reino Unido: UK Islamic Academy, 2003), pp. 211-263.

Embora Jesus tenha vindo muitos séculos depois de Moisés, a revelação que ele recebeu não teve melhor sorte. Um grupo de eruditos cristãos conhecidos como Fellows of the Jesus Seminar (Membros do Seminário de Jesus) tentaram determinar quais ditos atribuídos a Jesus podem ser considerados autênticos. Eles afirmaram: “82% das palavras atribuídas a Jesus nos evangelhos não foram de fato ditas por ele.” [Robert W. Funk, Roy W. Hoover and the Jesus Seminar, The Five Gospels: What did Jesus Really Say? (Os Cinco Evangelhos: O Que Jesus Realmente Disse?, em tradução livre) (Nova Iorque: MacMillan Publishing Company, 1993), p. 5.]Ao descrever a história dos evangelhos, ele escreveu: “A verdade é que a história dos evangelhos gregos, de sua criação no primeiro século até a descoberta de suas primeiras cópias no início do terceiro, permanece um território amplamente desconhecido e, conseqüentemente, não mapeado. [Funk, et al., p. 9.] O trabalho de Bart Ehrman, The Orthodox Corruption of Scripture (A Corrupção Ortodoxa da Escritura, em tradução livre) identificou como a escritura foi mudada ao longo do tempo. Ele afirma sua tese, que ele prova com detalhes, na abertura: “A minha tese pode ser declarada de forma simples: escribas ocasionalmente alteraram as palavras de seus textos sagrados para fazê-los mais patentemente ortodoxos e prevenir o mau uso por cristãos que abraçavam opiniões aberrantes.” [Bart D. Ehrman, The Orthodox Corruption of Scripture: The Effect of Early Christological Controversies on the Text of the New Testament (A Corrupção Ortodoxa da Escritura: O Efeito das Controvérsias Cristológicas Primitivas sobre o Texto do Novo Testamento, em tradução livre)(Nova Iorque: Oxford University Press, 1993), p. xi.] É como colocar a carroça antes dos bois: as crenças devem ser baseadas nos textos transmitidos mas os textos não devem ser alterados para se adequar às crenças.

Notem que essas duas primeiras premissas referentes à uma religião embasada estão relacionadas de maneira próxima. Há um reconhecimento geral da parte de muitos cristãos que seus textos não foram preservados de forma exata. Isso implica em distorção e interpolação humanas. Uma vez que o texto foi distorcido de alguma forma, isso os leva a acreditar que devem “corrigir” o texto Conseqüentemente, eles se dão autoridade suprema para decidir como a religião deve ser. Dessa forma, em outubro de 2005 os bispos da Inglaterra puderam aparecer com um documento afirmando que existem muitos aspectos da Bíblia que não devem ser considerados verdadeiros. Eles prosseguem delineando o que é verdadeiro e o que não é verdadeiro na Bíblia. Se os textos originais tivessem sido preservados minuciosamente, não haveria necessidade de qualquer correção ou autoridade nova para afirmar o que é aceitável e o que é recusável.

[2] O próprio Alcorão se refere à distorção dos livros primitivos pelos povos anteriores e também às suas tentativas de ocultar parte da revelação. Veja, por exemplo, Alcorão 5:14-15 e 4:46.

[3] Uma história detalhada do Alcorão e sua preservação pode ser encontrada em M. M. Al-Azami, The History of the Quranic Text from Revelation to Compilation: A Comparative Study with the Old and New Testaments (A História do Texto Corânico da Revelação à Compilação: Um Estudo Comparativo com o Velho e o Novo Testamentos, em tradução livre)(Leicester, Reino Unido: UK Islamic Academy, 2003), pp. 1-208

[4] As diferenças entre o árabe clássico (o idioma do Alcorão) e o árabe moderno padrão são insignificantes e sem importância. Quem não está familiarizado com o árabe pode folhear o livro a seguir, que aponta quando essas diferenças ocorrem: Elsaid Badawi, M. G. Carter e Adrian Gully, Modern Written Arabic: A Comprehensive Grammar (Árabe Escrito Moderno: Uma Gramática Abrangente, em tradução livre) (Londres: Routledge, 2004)

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O Milagroso Alcorão (parte 5 de 11): A Excelência de seus Ensinamentos I

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Descrição: O próprio Alcorão contém provas para sua verdade e seus ensinamentos são claros e fazem sentido.  Ele não requer uma “dose de fé” para acreditar.  E também um olhar na acusação de que Muhammad tomou emprestado ou roubou de outras religiões, em particular, os cristãos e os judeus.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
  • Última modificação em 18 Mar 2009
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The_Miraculous_Quran_(part_5_of_11)_001.jpgEu estava muito impressionado com os ensinamentos do Alcorão sobre Deus e o achei diferente de qualquer outra escritura que tinha estudado.  Isso mais uma vez me provou que essa escritura era livre de qualquer interpolação humana.  Eu também estava muito impressionado com a forma como ele tratava a crença em Deus em particular, e seu sistema de crenças como um todo.

Deixem-me explicar o que eu quero dizer com isso.

Sem Dose de Fé

Vindo de um histórico cristão, eu experimentei o que muitos experimentaram em relação a questões de crença e como entendê-las.  Era virtualmente impossível obter respostas diretas de pastores e sacerdotes com relação aos fundamentos das crenças cristãs.  A realidade é que os conceitos de crença foram destinados a serem um “mistério” e a crença no que não se pode verdadeiramente compreender era o que provava a fé de uma pessoa.

Essa abordagem simplesmente não se adequava a mim e eu a considerava, e continuo considerando, ilógica.  Não parece que a verdade como revelada pelo Deus Misericordioso e Sábio, que deu tantos sinais maravilhosos na criação, deveria levar alguém a dizer, como o sacerdote Tertuliano da Igreja Norte-Africana do século 2: credo quia absurdum est (creio porque é absurdo). A religião não deve ser simplesmente “baseada na fé” – uma dose de fé.  De fato, deve ser primeiro “baseada em conhecimento”, para que ambos, o coração e a mente, encontrem conforto nela e se submetam a ela com resolução firme.  E foi isso que encontrei no Islã.

Você deve se lembrar que o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, primeiro encontrou um povo que estava engajado em idolatria.  Além disso, eles, em geral, não acreditavam na Outra Vida.  Alguns deles, parece, não tinham uma percepção clara do Ser Supremo.

Foi nesse ambiente que o Alcorão foi revelado.  O Alcorão não deu a eles simplesmente uma ordem para acreditar.  Não, de fato!  O Alcorão deu a eles prova após prova, lição após lição, sinal após sinal que deveriam fazer qualquer um acreditar que há um Criador e que o Criador criou os humanos e tudo desse maravilhoso Universo em funcionamento com um propósito, já que Ele não é um Criador tolo ou ignorante.

Conseqüentemente, o Alcorão está repleto de passagens exigindo que os humanos pensem.  Em essência a mensagem foi essa: Allah sabe que se os humanos usarem suas capacidades mentais adequadamente, eles reconhecerão a verdade que Allah está dizendo no Alcorão.  De fato, o Islã ensina que o reconhecimento desses fatos é inato dentro das almas dos humanos.

O fato é que a crença de alguém em Allah, no Alcorão e no Profeta Muhammad não é baseada em mera emoção ou em uma dose cega de fé.  É baseada em razões e evidências reais.

Vindo de onde eu vim, essa audácia em propagar a crença e o desafio aos humanos para pensarem e ponderarem era milagroso.

Roubando de Cristãos e Judeus

Um conceito que muitos dos escritores não-muçulmanos alegavam era que o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, simplesmente roubou a maioria de seus ensinamentos dos judeus e cristãos.  Veja, por exemplo, o título do livro de Bell, The Origin of Islam in its Christian Environment (A Origem do Islã em seu Ambiente Cristão, em tradução livre) – que, a propósito, se você disser a qualquer árabe que o Islã se desenvolveu em um ambiente cristão, será realmente um choque para ele!

Eu reconheço que existem duas possibilidades:

(1)  o Profeta Muhammad roubou seu material ou  

(2)  a revelação recebida era do mesmo Deus que enviou Moisés, Jesus e os profetas anteriores, como o próprio Profeta Muhammad alegou.  Se for a última, explicaria por que existem tantas sobreposições nos ensinamentos e na mensagem.  O mesmo Deus enviou os profetas anteriores e está simplesmente recontando suas histórias novamente na nova revelação.

Entretanto, eu comecei imediatamente a notar algumas diferenças evidentes entre o Alcorão e a Bíblia, até com respeito aos ensinamentos sobre Deus.  Se o Profeta Muhammad estava “editando” o que ele ouvia da Bíblia – e a propósito, naquela época, não havia Bíblia disponível em árabe - então ele estava fazendo um excelente trabalho.

Eu descobri que os ensinamentos estranhos sobre Deus que se encontram ao longo da Bíblia estão completa e inequivocamente ausentes do Alcorão.

Em nome da brevidade, serão dados apenas um poucos exemplos para ilustrar esse ponto.

Na Nova Versão Internacional de Gênesis 3:8-11, se lê:

8 E o homem e sua mulher ouviram o som do SENHOR Deus, que passeava no jardim no frescor do dia; e esconderam-se da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim.  9 E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: “Onde estás?”  10 E ele disse: “ Te ouvi no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.” 11 E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu?  Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?”

Aqui, Deus é retratado como andando no jardim no frescor do dia.  O que é mais espantoso é que Adão e Eva foram capazes de se esconder de Deus e Ele teve que perguntar “Onde estás?”  Se um humano é capaz de se esconder Dele no jardim, como é que o Senhor terá conhecimento dos pecados que as pessoas cometem?  Seria difícil para qualquer humano desenvolver em seu coração o tipo de amor e temor de Deus que ele deve ter quando acredita que seu Deus é tão fraco e imperfeito que um evento como esse poderia acontecer.

Em Gênesis 32: 24-28,[1] existe a história e a descrição literal de Jacó lutando com e derrotando Deus.  No verso 28, ele diz: “Tu [Jacó] lutaste com Deus e com homens, e prevaleceste.” Em outras palavras, o criador do universo a quem a humanidade deve adorar e se submeter foi derrotado por um mero mortal em um jogo de luta.

O Velho Testamento até retrata Deus como aquele que teve a intenção de fazer o mal mas se arrepende.  Êxodo 32:14 afirma: “E o Senhor se arrependeu do mal que ele pensou em fazer às pessoas” (Versão do Rei James).  Não seria surpresa se alguém se afastasse de Deus e não O considerasse merecedor de adoração, se Ele próprio tem que se arrepender de Seu próprio mal.[2]



Footnotes:

[1] Na Nova Versão do Rei James se lê: 24 Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um Homem, até a aurora. 25 E vendo Este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com Ele. 26 E Ele disse, “Deixa-me ir, porque a aurora já chegou.”  Mas ele disse, “Não te deixarei ir, se não me abençoares!” 27 Então Ele disse, “Qual é o teu nome?” E ele disse, “Jacó.” 28 E Ele disse, “Teu nome não será mais Jacó, mas Israel; pois lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.”

[2] Claro, isso requer a pergunta de para quem Deus devia se arrepender.

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O Milagroso Alcorão (parte 6 de 11): A Excelência de seus Ensinamentos II

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Descrição: As descrições de Deus e dos Profetas no Alcorão vs. a Bíblia e o Talmude.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
  • Última modificação em 18 Mar 2009
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The_Miraculous_Quran_(part_6_of_11)_001.jpgAlém disso, no Talmude[1] - e alguns eruditos não-muçulmanos como Rodinson, alegaram que o material corânico veio do Talmude  – ele afirma que houve uma disputa entre Deus e os eruditos judeus.  Após um longo debate sem solução, eles decidiram referir a questão a um dos rabinos.  Após a decisão do rabino, Deus foi forçado a admitir que Ele estava errado.[2]  Portanto, Deus, de acordo com eles, não é perfeito nem com respeito ao Seu conhecimento. 

A concepção cristã de Deus e Deus tendo um filho é, claro, totalmente blasfema na perspectiva islâmica.  Eu com freqüência me pergunto como pode ter havido um filho semihumano de Deus ou como Jesus em particular poderia ser o filho de Deus.  Da forma que Jesus é retratado no Novo Testamento, além de realizar alguns milagres que profetas anteriores realizaram, não havia nada de especial sobre ele.  Ele viveu como um ser humano, comendo e bebendo.  Sofreu como um humano e até orou para Deus.  Os romanos e os judeus[3] derrotaram o suposto filho de Deus e ele não pôde se salvar, mesmo clamando por seu pai.  Além disso, existem as questões difíceis encontradas pelos cristãos: ele era parcialmente divino e parcialmente humano, era completamente divino, era completamente humano, era divino desde o nascimento, era divino em um momento e então a divindade o deixou? E assim por diante.  Na concepção islâmica de Deus, não existe nada dessa natureza.  De fato, o Alcorão até nega a crucificação – certamente se o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, estivesse simplesmente copiando da Bíblia, teria incluído essa história.

No Alcorão, por outro lado, Deus é retratado de uma forma que se percebe que Ele é merecedor de adoração.  Se é grato a Ele e se tem esperança Nele.  Deus se torna verdadeiramente amado para o indivíduo a medida que entende mais sobre Ele através do Alcorão.  Algumas passagens que descrevem Deus são dignas de nota:

“Ele é Deus, não há mais divindade além d’Ele, conhecedor do cognoscível e do incognoscível. Ele é o Clemente, o Misericordiosíssimo. Ele é Deus, não há mais divindade além d’Ele, Soberano, Augusto, Pacífico, Salvador, Zeloso, Poderoso, Compulsor, Supremo! Glorificado seja Deus, de tudo quanto (Lhe) associam! Ele é Deus, Criador, Onifeitor, Formador. Seus são os mais sublimes atributos. Tudo quanto existe nos céus e na terra glorifica-O, porque é o Poderoso, o Prudentíssimo.”(Alcorão 59:22-24)

“Deus! Não há mais divindade além d’Ele, Vivente, Subsistente, a Quem jamais alcança a inatividade ou o sono; d’Ele é tudo quanto existe nos céus e na terra. Quem poderá interceder junto a Ele, sem a Sua anuência? Ele conhece tanto o passado como o futuro, e eles (humanos) nada conhecem a Sua ciência, senão o que Ele permite. O Seu Trono abrange os céus e a terra, cuja preservação não O abate, porque é o Ingente, o Altíssimo.”  (Alcorão 2:255)

“Dize: Ele é Deus, o Único! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E ninguém é comparável a Ele!”  (Alcorão 112:1-4)

A propósito, mesmo ao descrever os Profetas, histórias muito importantes mas desprezíveis que são proeminentes na Bíblia foram completamente ignoradas no Alcorão.  Por exemplo, Êxodo 32:1-6 tem a história de Aarão, o irmão de Moisés e um dos líderes religiosos da tribo de Israel, fazendo um bezerro de ouro como um ídolo para adoração.[4] Em Samuel 2 capítulo 11, versos 1-17, o líder do povo judeu, Davi, que os muçulmanos consideram um profeta, é desavergonhadamente retratado como cometendo adultério, fazendo de tudo para ocultá-lo e então fazendo de tudo para ver o marido da mulher morto. [5] Salomão também é acusado de cometer idolatria simplesmente por amor às suas muitas esposas.[6]

Adicionalmente, a Bíblia também alega o seguinte: Jacó cometeu truques fraudulentos em relação ao seu pai, Isaque. O Profeta Lot, bêbado, cometeu incesto com suas filhas.  Judas cometeu incesto com sua nora.  Farez e Zarah que foram resultado daquele incesto são honrados como os tataravôs e tataravós de Jesus.  É relatado que Jesus repeliu sua própria mãe quando disse, “Mulher, que tenho eu contigo?” [7]

Todas essas histórias não são encontradas no Alcorão e um muçulmano não acredita nessas acusações ignóbeis aos nobres profetas selecionados por Deus para guiar a humanidade.



Footnotes:

[1] O Talmude é “Uma compilação autoritativa e influente de tradições e discussões rabínicas sobre a vida e a lei judaicas.”   Larousse Dictionary of Beliefs and Religions (Dicionário Larousse de Crenças e Religiões)  (Edimburgo: Larousse, 1995), p. 513.

[2] Cf., Anas Karzoon, Manhaj al-Islaam fi Tazkiyah al-Nafs (Jeddah: Daar Noor al-Maktabaat, 1997), vol. 1, p. 97.

[3] Para que esse autor não seja de alguma forma acusado perversamente de anti-semitismo, a seguinte citação deve ser mencionada. Israel Shahak escreve, “De acordo com o Talmude, Jesus foi executado por uma corte rabínica adequada para idolatria, por incitar outros judeus à idolatria e desrespeito à autoridade rabínica. Todas as fontes judaicas clássicas que mencionam sua execução estão muito felizes em assumirem responsabilidade por ela: no relato talmúdico os romanos nem são mencionados.” Israel Shahak, Jewish History, Jewish Religion: The Weight of Three Thousand Years (História Judaica, Religião Judaica: O Peso de Três Mil Anos, em tradução livre) (Londres: Pluto Press, 1997), pp. 97-98. Ele também escreveu (pp.20-21) sobre o destino de Jesus: “o Talmude afirma que sua punição no inferno é ser imerso em excremento fervente.”

[4] Na Versão do Rei James se lê: 1 MAS vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Aarão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu. 2 E Aarão lhes disse: Arrancai os pendentes de ouro, que estão nas orelhas de vossas mulheres, e de vossos filhos, e de vossas filhas, e trazei-mos. 3 Então todo o povo arrancou os pendentes de ouro, que estavam nas suas orelhas, e os trouxeram a Arão. 4 E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito. 5 E Aarão, vendo isto, edificou um altar diante dele; e apregoou Arão, e disse: Amanhã será festa ao SENHOR. 6 E no dia seguinte madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a beber; depois levantou-se a folgar.

[5] Na Nova Versão Internacional se lê: 1 Na primavera, no tempo em que os reis saem à guerra, enviou Davi a Joabe com os homens do rei e todo o exército de Israel.Eles destruíram os filhos de Amom, e cercaram a Rabá.Porém Davi ficou em Jerusalém. 2 E aconteceu que numa noite Davi se levantou do seu leito, e andava passeando no terraço da casa real.  Viu do terraço a uma mulher que se estava lavando.A mulher era mui formosa à vista 3 E mandou Davi indagar quem era aquela mulher;Disseram: “Porventura não é esta Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu?” 4 Então enviou Davi mensageiros, e mandou trazê-la;e ela veio, e ele se deitou com ela   (pois já estava purificada da sua imundícia).Então voltou ela para sua casa. 5 E a mulher concebeu; e mandou dizer a Davi: “Estou grávida.” 6 Então Davi mandou dizer a Joabe: “Envia-me Urias o heteu.”E Joabe enviou Urias a Davi. 7 Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como passava Joabe, e como estava o povo, e como ia a guerra. 8 Depois disse Davi a Urias: “Desce à tua casa, e lava os teus pés.” E, saindo Urias da casa real, logo lhe foi mandado um presente da mesa do rei.9 Porém Urias se deitou à porta da casa real, com todos os servos do seu senhor; e não desceu à sua casa.10 E fizeram saber isto a Davi, dizendo: “Urias não desceu a sua casa.” Então disse Davi a Urias: “Não vens tu duma jornada?  Por que não desceste à tua casa?” 11 E disse Urias a Davi: “A arca, e Israel, e Judá ficaram em tendas; e Joabe, meu senhor, e os servos de meu SENHOR estão acampados no campo;  e hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher?Pela tua vida, e pela vida da tua alma, não farei tal coisa!” 12 Então disse Davi a Urias: “Demora-te aqui ainda hoje, e amanhã te despedirei.”Urias, pois, ficou em Jerusalém aquele dia e o seguinte. 13 E Davi o convidou, e comeu e bebeu diante dele, e o embebedou;  Mas à noite saiu a deitar-se na sua cama com os servos de seu senhor; porém não desceu à sua casa. 14 E sucedeu que pela manhã Davi escreveu uma carta a Joabe; e mandou-lha por mão de Urias. 15 Escreveu na carta, dizendo: “Ponde a Urias na frente da maior força da peleja;e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra.” 16 Aconteceu, pois, que, tendo Joabe observado bem a cidade, pôs a Urias no lugar onde sabia que havia homens valentes. 17 E, saindo os homens da cidade, e pelejando com Joabe, caíram alguns do povo, dos servos de Davi; e morreu também Urias, o heteu.

[6] Em Reis 1, capítulo 11, versos 1-10 da Nova Versão Internacional se lê: 1 E O REI Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias. 2 Das nações de que o SENHOR tinha falado aos filhos de Israel: “Não chegareis a elas, e elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses.”  A estas se uniu Salomão com amor. 3 E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração. 4 No tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o SENHOR seu Deus, como o coração de Davi, seu pai. 5 Porque Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e Milcom, a abominação dos amonitas. 6 Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do SENHOR; e não perseverou em seguir ao SENHOR, como Davi, seu pai. 7 Então edificou Salomão um alto a Quemós, a abominação dos moabitas, sobre o monte que está diante de Jerusalém, e a Moloque, a abominação dos filhos de Amom. 8 E assim fez para com todas as suas mulheres estrangeiras; as quais queimavam incenso e sacrificavam a seus deuses. 9 Pelo que o SENHOR se indignou contra Salomão; porquanto desviara o seu coração do SENHOR Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera. 10 E acerca deste assunto lhe tinha dado ordem que não seguisse a outros deuses; porém não guardou o que o SENHOR lhe ordenara

[7] Para os relatos dessas acusações, ver, respectivamente, Gênesis 27:16, Gênesis 19:30-38, Mateus 1:3 e João 2:4

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O Milagroso Alcorão (parte 7 de 11): Vários Aspectos da Lei

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Descrição: A abrangência, integralidade, equilíbrio e praticalidade da lei em si.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
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The_Miraculous_Quran_(part_7_of_11)_001.jpgEu notei quase que imediatamente que os ensinamentos corânicos são muito abrangentes, completos, equilibrados e práticos. Em nome da brevidade eu não entrarei em detalhes nesse aspecto, mas foi algo que me impressionou bastante. A amplitude e flexibilidade das leis do Alcorão são impressionantes. Estava claro para mim que esse livro não foi revelado apenas para um povo em uma época específica, mas que era para todos os povos em diferentes épocas e lugares.

O Alcorão é muito abrangente naquilo que aborda e dá orientação clara com referência a assuntos diversos como atos rituais de adoração, transações comerciais, casamento, divórcio, as leis da guerra e assim por diante. Existe um equilíbrio definitivo que se sente ao ler o Alcorão.  As necessidades espirituais e mundanas dos homens são atendidas simultaneamente na mesma passagem. Mesmo as passagens mais detalhadas referentes à lei contêm advertência, lembrança de Allah e exortação ao melhor comportamento possível.

O escopo dos ensinamentos corânicos não é para o próprio indivíduo. Não é o caso de Allah ter dado algum tipo de orientação espiritual para, talvez, apenas guiar a sua moral e caráter. Ao invés disso, Allah também revelou uma lei que é voltada para a sociedade como um todo. Os humanos não têm que fazer tentativas para decidir o que é melhor para toda a comunidade. Isso foi dado por Allah para guiar a humanidade para o melhor modo de vida.

Cobre a prática e piedade pessoal do indivíduo e seu relacionamento com seus pais, cônjuge, filhos, vizinhos, comunidade e humanidade como um todo. Tudo isso com um equilíbrio adequado e dentro de uma estrutura geral para fazer da vida uma forma verdadeira e completa de adoração somente a Deus. Existe claramente apenas um único objetivo para os humanos – adorar a Deus – e todos os atos dessa vida terrena estão dentro do escopo desse objetivo. Não existe esquizofrenia na vida de uma pessoa. Ela não está tentando agradar a Deus e a César ao mesmo tempo ou mesmo em momentos diferentes. Ela nem precisa recorrer à perseguição de desejos vãos e comprometer a sua ética para viver uma vida gratificante nesse mundo. Ela precisa simplesmente viver sua vida nesse mundo de uma maneira geral sob a sombra da orientação abrangente do Alcorão.

Um Aspecto Particular da Lei Islâmica: Sua Praticalidade

A praticalidade da Lei Islâmica é um aspecto particular que verdadeiramente me impressionou naquela época, por conta de meu antecedente cristão.  É uma grande bênção que no Islã se encontre ensinamentos detalhados que resultam em objetivos desejados enquanto que, ao mesmo tempo, são extremamente práticos e consistentes com a natureza humana. A falta desses ensinamentos é um dos maiores dilemas enfrentados pelo Cristianismo. Por exemplo, com respeito à coesão e interação social, os maiores ensinamentos encontrados no Novo Testamento são os conhecidos como os “ditos difíceis” de Jesus. São eles:

“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:38-48)

Os próprios eruditos cristãos ficam perplexos. Como esses ensinamentos obviamente impossíveis ou impraticáveis podem ser aplicados? Apenas um exemplo de uma discussão dessas palavras será suficiente para mostrar o quão confusos eles são para aqueles que acreditam firmemente neles:

[Para interpretar essas palavras, o modelo proposto por Joaquim Jeremias é simples, representativo e de influência contínua. De acordo com esse modelo, o Sermão usualmente é visto em uma das três formas: (1) como um código perfeccionista, totalmente em acordo com o legalismo do Judaísmo rabínico; (2) como um ideal impossível, para direcionar o crente primeiro ao desespero e depois a confiar na misericórdia de Deus; ou (3) como uma ‘ética provisória’ idealizada para o que se esperava que fosse um breve período de espera do fim dos tempos, que agora é obsoleta. Jeremias acrescenta sua própria quarta tese: o Sermão é uma descrição indicativa da vida insipiente no reino de Deus, que pressupõe como sua condição de possibilidade a experiência da conversão. Esquemas mais complexos ou abrangentes foram oferecidos, mas a maioria dos intérpretes importantes podem ser entendidos em relação às opções apresentadas por Jeremias.[1]

No Islã, não existem esses dilemas. Os ensinamentos são fáceis, flexíveis, práticos e completamente adequados à vida diária, mesmo para um muçulmano recém-convertido em um ambiente completamente não-islâmico, como eu era. O famoso autor James A. Michener também mencionou e apreciou esse aspecto do Islã. Em um de seus primeiros escritos que eu li sobre o Islã, intitulado “Islam—the Misunderstood Religion,” (Islã  -  A Religião Mal-Compreendida, em tradução livre) Michener escreve:

O Alcorão é notavelmente prático em sua discussão da vida boa. Em uma passagem memorável ele orienta: “Quando lidarem em transações envolvendo obrigações futuras, coloquem-nas por escrito...e consigam duas testemunhas...’ É essa combinação de dedicação a um Deus, mais a instrução prática, que faz do Alcorão único.[2]



Footnotes:

[1] Lisa Sowle Cahill, Love Your Enemies: Discipleship, Pacifism, and Just War Theory (Ame Seus Inimigos: Discipulado, Pacifismo e Teoria da Guerra Justa, em tradução livre) (Mineápolis, MN: Fortress Press, 1994), p. 27.

[2] Citado em Islam—The First and Final Religion (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre) (Karachi, Paquistão: Begum Aisha Bawany Waqf, 1978), pp. 86-87.

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O Milagroso Alcorão (parte 8 de 11): De Selvagens a Santos

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  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
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The_Miraculous_Quran_(part_8_of_11)_001.jpgO próximo aspecto que chamou minha atenção – isso, mais uma vez, era algo que os não-muçulmanos mencionavam em seus trabalhos – foi o efeito que o Alcorão teve sobre a geração do Profeta. Que Deus o exalte.

Está claro que os árabes na época do Profeta eram habituados à bebida, diversão e engajados em batalhas tribais. Eles eram conhecidos por às vezes matarem seus bebês do sexo feminino. Entretanto, descobre-se que em um curto espaço de tempo de aproximadamente vinte anos um movimento que começou com um homem justo foi capaz, devido à graça de Deus e ao efeito milagroso do Alcorão, mudar quase todos os árabes e não-árabes na Península Arábica e uni-los em uma irmandade de fé e misericórdia que era tão forte que se alguma parte dessa irmandade estava em angústia, a irmandade como um todo era afetada negativamente. Naquela época, podia-se encontrar duas pessoas que eram de tribos previamente antagônicas compartilhando sua fortuna e dispostas a darem suas vidas uma pela outra. De fato, um estava disposto a dividir metade de sua fortuna e se divorciar de uma de suas esposas por seu novo irmão, que era de uma tribo “estrangeira”.

Talvez uma das melhores descrições da mudança que ocorreu entre os muçulmanos possa ser vista na famosa declaração do Companheiro Jafar ibn Abu Talib que foi perguntado pelo rei Negus da Abissínia sobre a missão do Mensageiro. Ele lhe disse:

Ó rei, nós éramos um povo ignorante, idólatras, que comia carniça e se entregava aos prazeres sexuais. Nós ridicularizávamos nossos vizinhos, um irmão oprimia seu irmão, e o forte devorava o fraco. Nesse momento um homem surgiu entre nós, que já era conhecido por ser confiável, nobre e honesto. Esse homem nos chamou para o Islã. E nos ensinou a abandonar a adoração de estátuas, a falar a verdade, a nos abstermos de matança e não defraudar os órfãos de suas propriedades. Ele nos ensinou a fornecer conforto aos nossos vizinhos e não caluniar as mulheres castas. Ele nos prescreveu oferecer orações, observar jejuns e fazer caridade. Nós o seguimos, abandonamos o politeísmo e a idolatria e nos abstemos de todos os maus atos. É por causa dessa nova maneira que o nosso povo se tornou hostil a nós e nos compeliu a retornar à nossa antiga vida desencaminhada.[1]

Aquela geração, por sua vez, levou a mensagem para o resto do mundo. Eles eram claramente um povo que foi tirado das trevas para a luz e para o caminho reto de Deus. Quando dois Companheiros diferentes foram questionados pelo imperador da Pérsia sobre o que havia trazido os muçulmanos às suas terras, ambos responderam em termos semelhantes: “Deus nos enviou para tirar quem quiser da servidão aos homens para a servidão a Deus, da limitação desse mundo para sua expansão e da injustiça dos estilos de vida [nesse mundo] para a justiça do Islã.” [2]

Durante a vida do Profeta, que Deus o exalte, pôde-se ver como essas pessoas foram transformadas em uma geração piedosa, temente a Deus e esperançosa da recompensa de Deus. Mesmo quando eles, como humanos, escorregavam e cometiam pecados, eles fervorosamente se arrependiam e se voltavam para Deus e para o Seu perdão. Eles preferiam enfrentar uma punição severa nessa vida, como a morte, do que enfrentar Deus com seus pecados em suas mãos. Isso pode ser visto nos casos de Maaiz ibn Maalik al-Aslami e a mulher chamada al-Ghaamidiyah. Ambos foram até o Profeta para admitir que tinham cometido adultério e cada um pediu ao Profeta pela punição terrena para apagar seus pecados. No caso de al-Ghaamidiyah, depois de sua confissão o Profeta pediu a ela que retornasse após dar à luz.  Ela voltou com sua criança nos braços e pediu ao Profeta para purificá-la de seus pecados. O Profeta então pediu a ela que retornasse após ter desmamado a criança. Então ela retornou após algum tempo e disse ao Profeta que a criança não precisava mais ser amamentada. Mais uma vez ela pediu expiação de seu pecado.  Então, finalmente, o Profeta implementou a punição legal como uma expiação pelo seu pecado de adultério. O Profeta então a louvou por seu ato de arrependimento.[3]

O efeito dessa mudança nos Companheiros continuou muito depois da morte do Profeta. Notem os seguintes relatos dos Companheiros enquanto buscavam propagar a mensagem do Islã para o resto do mundo:

O caráter e qualidades excelentes dos soldados muçulmanos foram louvados uma vez por um oficial romano com essas palavras: “À noite são encontrados em oração; durante o dia são encontrados em jejum. Eles mantêm suas promessas, ordenam bons atos, suprimem o mal e mantêm completa igualdade entre si.”

Um outro testemunhou: “Eles são cavaleiros de dia e ascéticos à noite. Pagam pelo que comem nos territórios sob sua ocupação. São os primeiros a saudar quando chegam em um local e são combatentes destemidos que varrem o inimigo.”

Um terceiro disse:  “Durante a noite parece que não pertencem a esse mundo e não têm outra ocupação além de orar, e durante o dia, quando os vemos montados em seus cavalos, têm-se a impressão de que não fizeram mais nada em suas vidas. São grandes arqueiros e lanceiros, e ainda assim são tão devotamente religiosos e lembram tanto de Deus que geralmente mal se ouve falar sobre qualquer outra coisa em sua companhia.”[4]

Os benefícios da civilização desenvolvida com base nos ensinamentos do Alcorão foram muito além das terras muçulmanas. Muitos estão familiarizados com a influência dos muçulmanos na Europa e como as influências islâmicas eventualmente levaram à Renascença. O autor de A History of the Intellectual Development of Europe (História do Desenvolvimento Intelectual na Europa, em tradução livre), John Draper escreveu: “Quatro anos após a morte de Justiniano, em 569 AD, nasceu em Meca, na Arábia, o homem que, de todos os homens, exerceu a maior influência sobre a raça humana.”[5]Esse trabalho me abriu os olhos na época de minha conversão ao Islã. Draper, escrevendo no século 19, estava muito desapontado e aparentemente zangado com o fato dos muçulmanos continuamente não receberem as honras adequadas por tudo que contribuíram para a sociedade e civilização européias. Por exemplo, ele escreve: “A esses sarracenos devemos muitos de nossos confortos pessoais. Religiosamente limpos, não era possível para eles, como era costume para os nativos da Europa, usarem uma vestimenta sem ser trocada até que caísse em pedaços, uma massa repugnante de insetos, mau cheiro e trapos... Eles nos ensinaram o uso da roupa de baixo de linho e algodão, freqüentemente trocada e lavada, que ainda é conhecida entre as senhoras por seu antigo nome árabe...”[6]

Muitos eruditos reconheceram a importância do Islã e dos ensinamentos do Alcorão para o aprimoramento da humanidade. O famoso intelectual George Bernard Shaw afirmou uma vez:

“Eu sempre tive a religião de Muhammad em alta estima por causa de sua maravilhosa vitalidade...Eu previ que a fé de Muhammad seria aceitável amanhã como está começando a ser aceitável para a Europa de hoje. Os eclesiásticos medievais, por ignorância ou intolerância, pintaram o Maometismo nas cores mais escuras. Eles foram, de fato, treinados para odiar o homem Muhammad e a sua religião. Para eles Muhammad era o Anticristo. Eu o estudei, o homem maravilhoso, e em minha opinião longe de ser um Anticristo ele deve ser chamado de salvador da Humanidade.[7]



Footnotes:

[1] A tradução dessa declaração foi retirada de Allama Shibli Numani, Sirat-un-Nabi (Lahore, Paquistão:[1] Kazi Publications, 1979), p.[1] 211. O incidente foi registrado por ibn Ishaq em al-Maghazi e Ahmad. E sua cadeia é sahih de acordo com al-Albaani. Veja as notas de rodapé de al-Albani para Muhammad al-Ghazaali, Fiqh al-Seera (Qatar: Idaarah Ihyaa al-Turaath al-Islaami, n.d.), p. 126.

[2]Ismaaeel ibn Katheer, Al-Bidaayah wa al-Nihaayah (Beirute: Dar al-Kutub al-Ilmiyya, n.d.), vol. 7, pp. 39-40.

[3]As histórias de Maaiz e al-Ghaamidiyah foram registradas por Muslim.

[4]Citado de Abul Hasan Ali Nadwi, Islam and the World (Islã e o Mundo, em tradução livre) (International Islamic Federation of Student Organizations, 1983), p. 81. Veja também ibn Katheer, al-Bidaayah, vol. 7, p. 53.

[5] Citado em Islam—The First and Final Religion, (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre) p. 39. Mais recentemente,  The 100: A Ranking of the Most Influential Persons in History (Os 100: Um Ranking das Pessoas Mais Influentes na História, em tradução livre) de Michael H. Hart colocou o Profeta Muhammad como o número um entre todos os líderes influentes do mundo.

[6] O trabalho de Draper não está disponível para mim no momento. Conseqüentemente, essa citação foi retirada de Aslam Munjee, The Crusades: Then and Now (As Cruzadas: Então e Agora, em tradução livre) (Arlington, VA: First Amendment Publishers, 2004), p 3.

[7] “A Collection of Writings of Some of the Eminent Scholars,”(Coletânea de Escritos de Alguns dos Eminentes Eruditos, em tradução livre) publicado pela Woking Muslim Mission, edição de 1935, p. 77.  Citado em Islam—The First and Final Religion (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre) (Karachi, Paquistão: Begum Aisha Bawany Waqf, 1978), pp. 57.Na realidade, muitos pensadores ocidentais não-muçulmanos têm tecido grandes elogios ao Islã, ao Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) ou ao Alcorão.  O trabalho citado compila várias dessas citações e é uma leitura interessante.

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O Milagroso Alcorão (parte 9 de 11): Uma Profecia Única

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Descrição: Uma profecia que lida com eventos completamente fora do controle do Profeta ou dos árabes, a conquista dos persas.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
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Vindo de uma perspectiva cristã, eu estava ansioso para ver que tipo de profecias foram relacionadas ao Alcorão e ao Profeta Muhammad. Que Deus o exalte. Ensinaram-me que se as profecias de um profeta não acontecessem, ele não era um profeta verdadeiro de Deus.

Existem várias dessas profecias no Alcorão mas eu destacarei apenas uma delas – na verdade eu já mencionei uma, a de que o Alcorão seria preservado. (De forma semelhante, Deus prometeu, apesar do Profeta ter vários adversários que queriam vê-lo morto, que Ele protegeria o Profeta Muhammad até que sua missão fosse concluída. De fato, o Profeta não morreu até Deus revelar o versículo, “Hoje completei a religião para vós...”)

Eu estou destacando essa profecia porque ela tem a ver com eventos que estavam completamente fora do controle do Profeta ou dos árabes.

Existe uma passagem do Alcorão na qual se lê:

“Os bizantinos foram derrotados. Em terra muito próxima; porém, depois de sua derrota, vencerão, dentro de alguns anos; porque é de Deus a decisão do passado e do futuro. E, nesse dia, os crentes se regozijarão, Com o socorro de Deus. Ele socorre quem Lhe apraz e Ele é o Poderoso, o Misericordiosíssimo.” (Alcorão 30:1-5)

Essa revelação chegou ao Profeta em uma época na qual os muçulmanos estavam sendo pesadamente perseguidos em Medina. De fato, foi mais ou menos na mesma época da primeira migração dos muçulmanos de Meca para a Abissínia - uma migração que ocorreu devido àquela perseguição. Foi no ano de 615 EC. Na mesma época, o Império Bizantino estava sendo completamente dominado pelos persas. Os idólatras de Meca se identificaram com os persas, que eram zoroastrinos e adoravam um deus da luz e um deus das trevas, enquanto que os muçulmanos se identificaram com os cristãos bizantinos, já que acreditavam em revelação de Deus, profetas e algo semelhante. De fato, a guerra entre o Império Bizantino e os persas foi descrita como um tipo de cruzada, já que muitos locais sagrados cristãos foram destruídos. Conseqüentemente, os descrentes de Meca estavam muito felizes com o que estava acontecendo. Foi nesse contexto que veio essa revelação de Deus.

Na verdade, mesmo após essa revelação vir, os bizantinos continuaram a perder terreno para os persas. A situação ficou tão ruim que o imperador bizantino foi forçado a mudar sua capital de Constantinopla para Tunis, no Norte da África. Entretanto, Deus afirmou que eles seriam vitoriosos dentro de três a nove anos.

Em resumo, o historiador britânico Gibbon escreveu: “Mesmo sete a oito anos após essa predição do Alcorão, as condições eram tais que ninguém poderia imaginar que o Império Bizantino jamais conseguiria superar o Irã.  Sem considerar obter o domínio, ninguém poderia esperar que o Império, sob as circunstâncias, pudesse sobreviver.” [1]

Entretanto, Heráclito começou seu contra-ataque em 623 EC a partir da Armênia e em 624 EC ele destruiu o principal templo do fogo do Irã e derrotou os persas. Foi no mesmo ano em que a Batalha de Badr aconteceu. Depois dos muçulmanos serem forçados a fugir para Medina e depois do próprio Profeta migrar e estabelecer um estado islâmico lá, os descrentes de Meca continuaram a perseguir os muçulmanos e a tentar dar um fim ao Islã. O primeiro conflito militar entre os dois lados aconteceu na Batalha de Badr. Mal armados e em número inferior, o pequeno grupo de muçulmanos foi capaz de alcançar uma vitória surpreendente sobre os politeístas de Meca. Maududi escreve: “Ibn 'Abbas, Abu Sa'id Khudri, Sufyan Thauri, Suddi e outros declararam que a vitória dos romanos contra os iranianos e a vitória dos muçulmanos em Badr contra os politeístas ocorreram quase ao mesmo tempo. Os muçulmanos, portanto, ficaram duplamente satisfeitos. O mesmo é apoiado pelas histórias de Bizâncio e do Irã. 624 AD foi o ano no qual a Batalha de Badr ocorreu e o mesmo ano no qual o imperador bizantino destruiu o lugar de nascimento de Zoroastro e destruiu o principal templo do fogo do Irã.”[2]



Footnotes:

[1]Gibbon, Decline and Fall of the Roman Empire (Declínio e Queda do Império Romano) (Nova Iorque: Modern Library), Vol. II, p. 788. Citado de S. Abul A’la Maududi, The Meaning of the Quran (O Significado do Alcorão, em tradução livre) (Lahore, Paquistão: Islamic Publications Ltd., 1981), vol. IX, p. 184.

[2] Ibid., vol. IX, p. 191.

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O Milagroso Alcorão (parte 10 de 11): Milagres Científicos

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Descrição: Um olhar sobre alguns dos fatos científicos mencionados no Alcorão que os cientistas modernos, muçulmanos e não-muçulmanos, afirmam como verdadeiros.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
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Milagres Científicos do Alcorão

Os “milagres científicos” do Alcorão é um tópico que muitas pessoas falam hoje em dia, uma vez que a pesquisa em muitos ramos continua.  A fonte para isso é provavelmente o fato de que existem literalmente centenas de versículos do Alcorão nos quais Deus aponta para diferentes aspectos de sua criação e encoraja os humanos a refletirem e aprenderem com o que estão vendo.

Pouco depois de eu me tornar muçulmano, tomei conhecimento do livro A Bíblia, o Alcorão e a Ciência, de Maurice Bucaille.  Em nome da brevidade, desejo compartilhar com vocês as conclusões importantes que ele chegou:

O Alcorão vem depois de duas Revelações que o precederam e não apenas está livre de contradições em suas narrativas, o sinal de várias manipulações humanas encontradas nos Evangelhos, mas fornece uma qualidade própria para aqueles que o examinam objetivamente e à luz da ciência, ou seja, está em completa concordância com dados científicos modernos.  O que é mais importante, essas afirmações estão em acordo com a ciência: e é impensável que um homem da época de Muhammad pudesse ter sido o autor delas.  O conhecimento científico moderno nos permite compreender certos versículos do Alcorão que, até agora, eram impossíveis de interpretar.

Em vista do nível de conhecimento na época de Muhammad, é inconcebível que muitas das afirmações no Alcorão que estão conectadas com a ciência sejam o trabalho de um homem.  É, além disso, perfeitamente legítimo, não apenas considerar o Alcorão como expressão de uma Revelação, mas também conceder-lhe uma posição muito especial, com base na garantia de autenticidade que fornece e a presença nele de afirmações científicas que, quando estudadas hoje, parecem um desafio à explicação em termos humanos.[1]

Em sua discussão do Alcorão, Bucaille enfatiza três pontos importantes:

a)Primeiro, não há nada no Alcorão que contradiga a ciência moderna;

b)segundo, não existe menção de algumas das falsas crenças que as pessoas tinham no tempo do Profeta Muhammad, que Deus o exalte, com relação à criação, o universo e a ciência em geral; e,

c)três, não existe modo do Profeta Muhammad conhecer em seu tempo muitos dos fatos aludidos no Alcorão.

Em nome da brevidade, entretanto, será possível discutir aqui apenas um versículo com alguns detalhes demonstrando os “milagres científicos” do Alcorão.[2]

Ao ler o Alcorão, um tópico que chama a atenção do leitor é a discussão da criação do homem dentro do útero da mãe.  Deus diz no Alcorão:

“Criamos o homem de essência de barro. Em seguida, fizemo-lo uma gota de esperma, que inserimos em um lugar seguro. Então, convertemos a gota de esperma em alaqah (sanguessuga, coisa suspensa e coágulo de sangue), então transformamos a alaqah em mudghah (semelhante à substância mastigada)...” (Alcorão 23:12-14)

Essa breve passagem é marcante em sua descrição precisa do processo real e também é livre de todas as teorias e opiniões incorretas que eram prevalentes na época de Muhammad.  Como mencionado na tradução, a palavra árabe alaqah pode significar sanguessuga, coisa suspensa ou coágulo de sangue.  Na realidade, todos esses termos descrevem o embrião.  De fato, em seu estágio inicial, o embrião não apenas se parece fisicamente com uma sanguessuga[3] como também “obtém sua nutrição do sangue da mãe, semelhante à sanguessuga, que se alimenta do sangue de outros.”[4] Alaqah,  pode igualmente significar “coisa suspensa,” que também é verdade em relação ao embrião nesse estágio, já que se encontra suspenso no útero da mãe.[5]  Finalmente, alaqah pode significar coágulo de sangue. Mais uma vez, a relação com o processo físico real é milagrosa.  Ibrahim escreve:

Encontramos que a aparência externa do embrião e seu saco durante o estágio alaqah é semelhante ao de um coágulo de sangue.  Isso é devido à presença de quantidades relativamente grandes de sangue presentes no embrião durante esse estágio... Além disso, durante esse estágio o sangue no embrião não circula até o fim da terceira semana.  Portanto, o embrião nesse estágio é como um coágulo de sangue.[6]

O versículo afirma que o próximo estágio é o de mudghah ou “substância mastigada.”  Também é uma descrição surpreendentemente precisa do próximo estágio embriônico.  Nesse estágio, o embrião desenvolve somitas em suas costas e eles “de alguma forma se assemelham a marcas de dentes em uma substância mastigada.”[7]

O tipo de informação descrita acima foi somente “descoberta” e vista pelos humanos depois do desenvolvimento de poderosos microscópios.  Ibrahim menciona que Hamm e Leeuwenhoek foram os primeiros a observarem as células do esperma humano, em 1677, devido a um microscópio aperfeiçoado.[8]  Isso aconteceu uns 1.000 anos depois da época do Profeta Muhammad, que Deus o exalte.

De fato, os detalhes e a análise dos versículos corânicos relacionados à embriologia são tão notáveis que Keith Moore, Professor Emérito de Anatomia e Biologia Celular da Universidade de Toronto, os incluiu em uma edição especial de seu livro The Developing Human: Clinically Oriented Embryology (O Humano em Desenvolvimento: Embriologia Clinicamente Orientada, em tradução livre).[9] Esse é um trabalho interessante que é composto do livro completo de Moore com inserções descrevendo alguns dos mesmos tópicos do ponto de vista do Alcorão e dos ditos do Profeta.  Após discutir tópicos avançados em embriologia – muitos dos quais são resultado de pesquisa nas décadas passadas – páginas foram inseridas descrevendo o que o Alcorão afirmou em relação aos mesmos assuntos.  Já imaginaram pegar o melhor livro médico de apenas 200 anos atrás e fazer algo dessa natureza? Seria absurdo e ridículo já que o material do antigo livro seria completamente irrelevante.  Entretanto, eles puderam fazer isso com o Alcorão, um livro que nem reivindica ser um livro médico.  Claro, ele faz uma reivindicação mais forte: reivindica ser de Deus.

Ao comentar sobre a consistência milagrosa entre as afirmações no Alcorão e o desenvolvimento histórico da embriologia, o Dr. Moore afirmou em 1981: “Foi um grande prazer ajudar a esclarecer afirmações no Alcorão sobre o desenvolvimento humano.  Está claro para mim que essas afirmações devem ter chegado a Muhammad vindas de Deus, porque quase todo esse conhecimento não havia sido descoberto até muitos séculos depois.  Isso me prova que Muhammad deve ter sido um mensageiro de Deus.”[10]

De fato, o Alcorão aborda muitas ciências além da embriologia, como astronomia, física, geografia, geologia, oceanografia, biologia, botânica, zoologia, medicina e fisiologia.[11]  Assim, vários outros cientistas de ramos diversos chegaram a conclusões semelhantes em relação ao Alcorão.[12]

Como esse homem iletrado de quatorze séculos atrás, o Profeta Muhammad, poderia produzir um livro dessa natureza contendo tantos fatos e detalhes científicos com perfeita precisão? Seria o caso de tudo ser uma coincidência e o Profeta ser um impostor? Pelo menos em minha opinião, as respostas a perguntas como essa estão muito claras.   De fato, a reivindicação de que o Alcorão não é uma revelação de Deus se tornou mais e mais difícil de se manter quando se aprende mais sobre o Alcorão.

Incidentalmente, existem outros aspectos milagrosos do Alcorão relacionados à história..  Por exemplo, ao contrário da Bíblia, o Alcorão se refere ao governante do tempo de José como um “rei” e nunca se refere a ele como Faraó, embora aquele termo seja usado na Bíblia na história de José, e o Alcorão use o termo na história de Moisés.  Parece, a partir do melhor que se pode determinar hoje, que José viveu entre os reis semitas Hicsos, do Egito, e que esse governante não era de fato um Faraó.[13]  O Alcorão deixa claro que o corpo do Faraó do Êxodo seria recuperado e preservado.[14] É considerado que todos os Faraós daquela época foram de fato preservados como múmias, algo que o Profeta não poderia saber naquela época.  Isso levou dois pesquisadores a afirmar:

Se o Alcorão Sagrado fosse derivado da Bíblia [como algumas pessoas falsamente alegam, então] os muitos erros bíblicos teriam sido passados para ele.  Por que, por exemplo, o Alcorão Sagrado descreve os israelitas como uma pequena nação quando a Bíblia alega que eles eram de 2 a 3 milhões, um número enormemente inflado que nenhum erudito aceitaria?...  Por que o Alcorão Sagrado não concorda com a crença bíblica até lógica de que o Faraó foi engolido pelo mar, para ao contrário declarar que o “corpo” do Faraó seria resgatado?  E por que o Alcorão Sagrado diria isso sobre o Faraó em particular e não sobre outras pessoas que também foram destruídas por Deus?...[15]

Finalmente, os eruditos muçulmanos mencionaram que o milagre particular dado a cada profeta foi relacionado a questões que mais fascinavam os seus povos.   Assim, por exemplo, durante o tempo de Moisés, a magia era muito popular, e um dos seus sinais estava diretamente relacionado à realização dos fracos truques dos humanos.  Durante o tempo de Jesus, a medicina era um assunto popular e alguns dos sinais de Jesus incluíram curar o doente, ressuscitar o morto e assim por diante.  Os árabes na época eram muito orgulhosos de suas habilidades literárias e o Alcorão é uma obra-prima que não puderam igualar.  Entretanto, o Profeta Muhammad não foi enviado apenas para os árabes ou apenas para as pessoas de seu século.  Em nossa época a ciência praticamente se tornou um “deus” para substituir o Deus tradicional da tradição judaico-cristã.  O milagre do Profeta Muhammad é completamente relevante para o ramo da ciência que cativa tantas pessoas hoje, indicando mais uma vez que o Profeta Muhammad foi verdadeiramente um profeta para toda a humanidade até o Dia do Juízo.



Footnotes:

[1] Maurice Bucaille, The Bible, the Quran and Science (A Bíblia, o Alcorão e a Ciência)  (Indianápolis, IN: American Trust Publications, 1978), pp. 251-252.

[2] Para mais detalhes referentes aos diferentes estágios do desenvolvimento humano, o leitor interessado também pode consultar Keith L. Moore, Abdul-Majeed A. Zindani e Mustafa A. Ahmed, Quran and Modern Science: Correlation Studies (Alcorão e Ciência Moderna: Estudos de Correlação, em tradução livre) (Bridgeview, IL: Islamic Academy for Scientific Research, 1990), pp. 15-47

[3] Ver I. A. Ibrahim, p. 7, Figura 1.

[4] I. A. Ibrahim, p. 6.

[5] Ver I. A. Ibrahim, p. 7, Figura 2.

[6] Ibrahim, p. 8.

[7] Citado por Ibrahim, p. 8, de Moore e Persaud, The Developing Human (O Humano em Desenvolvimento, em tradução livre) quinta edição, p. 8. Veja também as figuras de Ibrahim na página 9.

[8] Ibrahim, pp. 8-10.

[9] Veja Keith L. Moore [com Abdul-Majeed Azzindani], The Developing Human: Clinically Oriented Embryology [with Islamic Additions: Correlation Studies with Quran and Hadith] (O Humano em Desenvolvimento: Embriologia Clinicamente Orientada [com Adições Islâmicas: Estudos de Correlação com o Alcorão e Hadith] em tradução livre) Jeddah, Arábia Saudita: Dar al-Qiblah for Islamic Literature, 1983, em colaboração com W. B. Saunders Company.

[10] Citado em I. A. Ibrahim, A Brief Illustrated Guide to Understanding Islam (Um Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã, trad. Maria Christina da S. Moreira) (Houston: Darussalam, 1997), p. 10.

[11] Para exemplos com relação a esses ramos diferentes, veja Zakir Naik, “The Quran and Modern Science: Compatible or Incompatible?” (O Alcorão e a Ciência Moderna: Compatível ou Incompatível?”, em tradução livre) www.ahya.org.

[12] Ver I. A. Ibrahim, A Brief Illustrated Guide to Understanding Islam (Um Breve Guia Ilustrado para Compreender o Islã, trad. Maria Christina da S. Moreira) (Houston: Darussalam, 1997), p. 10ff. Esse trabalho, em sua integralidade, está disponível em www.islam-guide.com. Ibrahim analisa e resume as conclusões de Moore e de muitos outros.

[13] Para mais detalhes sobre esse ponto, veja Louay Fatoohi e Shetha al-Dargazelli, History Testifies to the Infallibility of the Quran: Early History of the Children of Israel (História Testemunha a Infalibilidade do Alcorão: História Primitiva dos Filhos de Israel, em tradução livre) (Delhi, Índia: Adam Publishers & Distributors, 1999), pp. 81-93

[14] Deus diz: “Porém, hoje salvamos apenas o teu corpo, para que sirvas de sinal à tua posteridade. Em verdade, há muitos humanos que estão negligenciando os Nossos versículos.” (Yunus 10:92). Para mais sobre esse ponto, veja Fatoohi e al-Dargazelli, pp. 141-145

[15] Fatoohi e al-Dargazelli, pp. 247-248.

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O Milagroso Alcorão (parte 11 de 11): Um Desafio para a Humanidade

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Descrição: O milagre lingüístico do Alcorão, o desafio do Alcorão e a decisão final.

  • Por Jamaal al-Din Zarabozo (IslamReligion.com)
  • Publicado em 09 Mar 2009
  • Última modificação em 18 Mar 2009
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O Milagre Lingüístico do Alcorão

The_Miraculous_Quran_(part_11_of_11)_001.jpgExiste um outro aspecto importante que os eruditos muçulmanos têm tradicionalmente considerado o maior aspecto milagroso do Alcorão, que é seu milagre lingüístico.  Infelizmente, entretanto, antes de me tornar um muçulmano (e mesmo depois), eu não tinha meios de apreciar esse tópico.  Eu só podia ler o que alguns eruditos haviam escrito sobre o idioma e beleza do Alcorão.  Por exemplo, John Naish escreveu:

O Alcorão em sua vestimenta árabe original tem uma beleza e charmes sedutores próprios.  Expresso em um estilo conciso e exaltado, suas frases breves e fecundas, com freqüência rimadas, apresentam uma força expressiva e energia explosiva que é extremamente difícil de transmitir em tradução literal palavra por palavra.[1]

Da mesma forma, Arberry tinha saudades dos dias em que ouvia o Alcorão ser recitado durante o Ramadã, no Egito.[2]  Eu de fato não tive acesso à audição do Alcorão sendo recitado e, portanto, não sabia que experiência emocionante era essa.  Além disso, sem conhecimento da língua árabe, a impressão das traduções em inglês não podiam ser como a do original em árabe.  Entretanto, devo discutir esse milagre aqui, embora de forma breve, porque é de fato um dos aspectos mais surpreendentes do Alcorão.

Tradicionalmente os eruditos muçulmanos têm considerado o milagre lingüístico do Alcorão como talvez o aspecto milagroso mais importante do Alcorão – e é definitivamente aquele que teve mais influência na época do Profeta Muhammad, que Deus o exalte.  Os árabes eram muito orgulhosos de sua língua.  A própria palavra que usavam para estrangeiro, ajami, basicamente significava alguém que é bárbaro na forma de falar e que carece de clareza em seu discurso.[3]  Entretanto, mesmo eles não estiveram à altura do Alcorão.  Antes do Alcorão, costumavam haver feiras e competições para ver quais deles podia produzir o mais belo trabalho em árabe.  Entretanto, de acordo com Draz:

Mas quando o Alcorão foi revelado todas essas feira terminaram, e os encontros literários acabaram.  De agora em diante, o Alcorão era o único trabalho a chamar a atenção das pessoas.  Nenhum deles pode desafiar ou competir com ele, ou até mesmo sugerir que uma única palavra foi mudada, movida, adicionada ou omitida de uma frase.  Ainda assim o Alcorão não fechou a porta para a competição.  De fato, ele a deixou bem aberta, conclamando-os, individualmente ou coletivamente, a enfrentar seu desafio e produzir algo semelhante a ele.  Ele repetiu o desafio em formas diferentes, repreendendo severamente sua inabilidade em enfrentá-lo, e reduzindo a tarefa de tempos em tempos.[4]

Os eruditos árabes identificaram muitos aspectos lingüísticos que distinguem o Alcorão de todos os outros trabalhos e o identifica como um milagre.  Aqui, apenas uns poucos serão mencionados brevemente[5]:

(1)  Cada palavra que é usada em seu lugar preciso e não pode ser movida ou trocada por um sinônimo próximo sem sua beleza ou significado serem perdidos.

(2)  O Alcorão tem uma estrutura de frases e ritmo únicos que se destaca da prosa e da poesia, algumas vezes lembrando uma mais do que a outra, mas nunca sendo completamente uma ou outra.

(3)  As frases usam um número pequeno de palavras sem perderem qualquer significado necessário.  Em outras palavras, elas são concisas, o que aumenta sua beleza, enquanto ao mesmo tempo transmitem tudo que é necessário ser transmitido.

(4)  Existe um equilíbrio perfeito e também uma consistência em estilo entre passagens emocionais e intelectuais do Alcorão.  Draz mencionou que essa beleza só pode ser verdadeiramente encontrada no Alcorão:

Duas forças estão sempre ativas dentro de um ser humano: a intelectual e a emocional.  Elas têm papéis e direções diferentes.  A primeira tem como objetivo saber a verdade e identificar o que é bom e benéfico a ser adotado.  A outra registra seus sentimentos de dor e prazer.  Um estilo perfeito é aquele que satisfaz ambas as necessidades ao mesmo tempo, dando a satisfação intelectual e o prazer emocional...Encontramos essa perfeição no estilo humano?  Vimos os escritos de cientistas e filósofos, e trabalhos de poetas e de fina prosa [e ainda assim eles não podem alcançar esse objetivo]...[6]

O Desafio do Próprio Alcorão

Os eruditos mencionaram muitos outros aspectos milagrosos do Alcorão, como sua consistência perfeita e ser livre de contradição mesmo tendo sido revelado em um período de vinte e três anos[7], o efeito que o Alcorão tem sobre os indivíduos que o ouvem[8] e assim por diante.  Entretanto, o que discutimos aqui é definitivamente suficiente para os nossos propósitos, uma vez que eu cobri as questões que mais me influenciaram no meu caminho para o Islã.  Além disso, eu acredito que o que já foi discutido é suficiente para demonstrar que o Alcorão é, de fato, milagroso.

De acordo com os muçulmanos, o Alcorão é o discurso e palavra de Deus.  Portanto, não é surpresa que seja inimitável.  Entretanto, Deus desejou deixar isso muito claro para a humanidade, não lhe deixando espaço para argumentação, dúvidas ou desculpas.  No Alcorão, Deus desafia a humanidade a produzir qualquer coisa semelhante ao Alcorão.  De fato, o desafio de Deus vai mais além: existe um desafio de produzir ao menos um capítulo como os capítulos do Alcorão.

Esse desafio continua válido para a humanidade hoje.  Qualquer um é livre para tentar refutar o Alcorão produzindo algo semelhante à uma porção do Alcorão.  Na realidade, Deus deixa claro que toda a humanidade nunca será capaz de produzir qualquer coisa comparável ao Alcorão - qualquer profecia surpreendente do Alcorão.

O desafio de Deus acontece em cinco lugares diferentes no Alcorão.  Aqui estão os versículos relevantes na ordem em que foram revelados por Deus:

“E se tendes dúvidas a respeito do que revelamos ao Nosso servo (Muhammad), componde uma surata semelhante à dele (o Alcorão), e apresentai as vossas testemunhas, independentemente de Deus, se estiverdes certos. Porém, se não o dizerdes - e certamente não podereis fazê-lo - temei, então, o fogo infernal cujo combustível serão os idólatras e os ídolos; fogo que está preparado para os incrédulos.” (Alcorão 2:23-24, ênfase adicionada)

“Dizem: Ele o forjou! Dize: ‘Componde, pois, uma surata semelhante às dele; e podeis recorrer, para isso, a quem quiserdes, em vez de Deus, se estiverdes certos.’” (Alcorão 10:38)

“Ou dizem: ‘Ele o forjou!’ Dize: ‘Pois bem, apresentais dez suratas forjadas, semelhantes às dele, e pedi (auxílio), para tanto, a quem possais, em vez de Deus, se estiverdes certos.’” (Alcorão 11:13)

“Dize-lhes: Mesmo que os humanos e os gênios se tivessem reunido para produzir coisa similar a este Alcorão, jamais teriam feito algo semelhante, ainda que se ajudassem mutuamente. ’” (Alcorão 17:88)

“Dirão ainda: ‘Porventura, ele o tem forjado (o Alcorão)?’ Qual! Não crêem! Que apresentem, pois, uma mensagem semelhante, se estiverem certos.” (Alcorão 52:33-34)

Em resumo, se alguém tiver alguma dúvida sobre o Alcorão, que se levante para esse desafio.

Uma Declaração Muito Importante do Profeta e Minha Decisão

Não foi uma reflexão tardia que declarou esse Alcorão milagroso.  Não foram os eruditos depois do tempo do Profeta, que Deus o exalte, que olharam para ele e declararam que era um milagre.  Não, de fato, esse Livro se destinava a ser o milagre do Profeta Muhammad e seu maior sinal.  Os descrentes no tempo do Profeta estavam buscando algum tipo de milagre – talvez mais tangível ou que exigisse menos esforço mental – mas Deus deixou claro que esse Alcorão seria suficiente como um sinal testemunhando a veracidade do Profeta.  Deus diz:

“E dizem: ‘Por que não lhe foram revelados uns sinais do seu Senhor?’ Responde-lhes: ‘Os sinais só estão com Deus, quanto a mim, sou somente um elucidativo admoestador’. Não lhes basta, acaso, que te tenhamos revelado o Livro, que lhes é recitado? Em verdade, nisto há mercês e mensagem para os crentes.” (Alcorão 29:50-51)

De fato, esse Livro deve ser suficiente para qualquer indivíduo sincero em busca da verdade.  Não existe necessidade para quaisquer outros sinais ou milagres depois desse Livro.  Essa é a essência do que Deus disse nessa passagem e é o que meu coração e mente concluíram quando estudei o Alcorão apesar de todos os escritores que alegavam que ele não era uma revelação de Deus.

O Profeta também fez uma declaração muito importante com relação a esse sinal e milagre que Deus deu a ele.  Uma vez que ele era o último profeta, a natureza de seu sinal e milagre tinha que ser diferente de todos os que o precederam.  Tinha que ser um milagre que pudesse ter um efeito duradouro até o Dia do Juízo.  De fato, é.  Além disso, é um tipo muito diferente de milagre.  É um sobre o qual os humanos podem refletir e estarem completamente convencidos de sua verdade.  Assim, o Profeta disse: “Não houve nenhum profeta que não recebeu milagres de Deus para que as pessoas acreditassem nele.  Eu recebi (como meu milagre) a revelação que Deus revelou para mim.  Eu espero, portanto, que terei o maior número de seguidores no Dia do Juízo.”  (Registrado por Al-Bukhari.)  Dada a natureza do sinal que o Profeta recebeu, não existe desculpa para as pessoas de outras épocas não seguirem o Profeta.  Portanto, se Deus quiser, ele terá o maior número de seguidores no Dia do Juízo.

O Alcorão exigiu uma decisão de minha parte – como na verdade exige uma decisão da parte de todo mundo.  Os sinais apontando sua natureza milagrosa e que devia ser uma revelação verdadeira de Deus foram simplesmente esmagadores para mim.  Nenhuma das teorias se opondo ao Alcorão ou negando a sinceridade do Profeta foram fortes ou lógicas o suficiente para me convencer do contrário.   Por essa razão, eu, através do Alcorão, abracei o Islã, e todos os louvores e agradecimentos são devidos a Deus.



Footnotes:

[1] John Naish, The Wisdom of the Quran (A Sabedoria do Alcorão, em tradução livre) (Oxford, 1937), p. viii.  Citado em Islam—The First and Final Religion (Islã – A Primeira e Última Religião, em tradução livre), pp. 87.

[2] Veja seus sentimentos expressos em A. J. Arberry, The Koran Interpreted (O Alcorão Interpretado, em tradução livre) (Nova Iorque: MacMillan Publishing Co., 1955), p 28.

[3] E. W. Lane, Arabic-English Lexicon (Léxico Árabe-Inglês) (Cambridge, Inglaterra: The Islamic Texts Society, 1984), vol. 2, pp. 1966-1967.

[4] Muhammad Abdullah Draz, The Quran: An Eternal Challenge (O Alcorão: Um Desafio Eterno, em tradução livre) (Markfield, Reino Unido: The Islamic Foundation, 2001), p. 69.

[5] Para mais detalhes, consulte Draz, passim.

[6] Draz., p. 97.

[7] Deus diz no Alcorão: “Não meditam, acaso, no Alcorão? Se fosse de outra origem, que não de Deus, haveria nele muitas discrepâncias.” (al-Nisaa 4:82).

[8] Crentes ou descrentes, o Alcorão tende a afetá-los.  Por exemplo, com relação aos crentes, Deus diz: “Deus revelou a mais bela Mensagem: um Livro homogêneo (com estilo e eloqüência), e reiterativo. Por ele, arrepiam-se as peles daqueles que temem seu Senhor; logo, suas peles e seus corações se apaziguam, ante a recordação de Deus. Tal é a orientação de Deus, com a qual encaminha quem Lhe apraz. Por outra, quem Deus desviar não terá orientador algum.” (al-Zumar 39:23).  Por outro lado, com relação aos descrentes, Deus diz: “Temos reiterado os Nossos conselhos neste Alcorão, para que se persuadam; porém, isso não logra fazer mais do que aumentar-lhes a aversão.” (al-Israa 17:41).

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