Jesus é Deus ou foi enviado por Deus? (parte 1 de 2)
Descrição: A primeira parte de um artigo de duas partes discutindo o papel verdadeiro de Jesus. Parte 1: Discute se Jesus chamou a si mesmo de Deus ou de Senhor e a natureza de Jesus.
- Por onereason.org
- Publicado em 18 Jul 2016
- Última modificação em 18 Feb 2018
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Jesus é uma figura amada e reverenciada por bilhões de pessoas de todo o mundo. Ainda assim, há muita confusão envolvendo o status dessa personalidade colossal. Muçulmanos e cristãos têm Jesus em alta consideração, mas o veem de maneiras diferentes.
As perguntas levantadas nesse artigo têm como objetivo chegar ao âmago das questões envolvendo Jesus: Jesus é Deus? Ou foi enviado por Deus? Quem foi o Jesus histórico real?
Alguns versículos ambíguos da Bíblia podem ser aplicados erroneamente para mostrar que Jesus era divino, de alguma forma. Mas se olharmos para os versículos claros e diretos da Bíblia, vemos que constantemente Jesus é chamado de um ser humano extraordinário e nada mais. O que emerge, quando consideramos os fatos históricos e lógicos sobre a vida de Jesus, é prova conclusiva não só de que Jesus não pode ser Deus, mas também que ele nunca reivindicou ser.
O que vem a seguir são cinco linhas de raciocínio que esclarecem essa questão para nós por meio da própria Bíblia e, portanto, nos permite descobrir o Jesus real.
1. Jesus nunca chamou a si mesmo de Deus
A Bíblia (apesar de ter sido alterada e adulterada ao longo do tempo) contém muitos versículos nos quais Jesus fala de Deus como uma pessoa separada dele. Aqui estão apenas alguns deles:
Quando um homem se dirige a Jesus como "bom mestre", ele respondeu: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom, exceto Deus." [Marcos 10:18]
Em outra passagem, ele diz: " Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." [João 5:30]
Jesus fala de Deus como um ser
separado de si mesmo: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso
Deus. [João 20:17]
Nesse versículo ele afirma que foi enviado por Deus: E
a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem tu enviaste. [João 17:3]
Agora, se Jesus era Deus, ele teria dito às pessoas para adorá-lo, mas fez o oposto e desaprovou que o adorassem: Mas, em vão me adoram [Mateus 15:9]
Se Jesus reivindicasse ser Deus, haveria centenas de versículos na Bíblia em que isso teria sido mencionado. Mas não há um único versículo na Bíblia inteira no qual Jesus diz "Sou Deus, adorem-me."
2. Jesus como Filho e Senhor?
Jesus é às vezes chamado de "Senhor" na Bíblia e outras vezes como "Filho de Deus". Deus é chamado o "Pai" e colocando esses nomes juntos pode ser alegado que Jesus é o filho de Deus. Mas se olharmos a cada um desses títulos no contexto constataremos que são simbólicos e não devem ser entendidos literalmente.
Filho de Deus" é um termo usado no hebraico antigo para uma pessoa virtuosa. Deus chama Israel seu "filho": Isso é o que o SENHOR diz: Israel é meu filho, meu primogênito. [Êxodo 4:22]. Davi também é chamado o "Filho de Deus": O Senhor me disse: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei." [Salmos 2:7]. De fato, qualquer um que fosse virtuoso é chamado de "filho" de Deus: Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. [Romanos 8:14].
Da mesma forma, quando a palavra "Pai" é usada para se referir a Deus, não deve ser entendida literalmente. Ao contrário, é uma maneira de dizer que Deus é o criador, provedor, cuidador, etc. Existem muitos versículos para compreendermos esse significado simbólico da palavra "Pai". Por exemplo: Um só Deus e Pai de todos. [Efésios 4:6].
Jesus às vezes é chamado de "Senhor" pelos discípulos. "Senhor" é um termo usado para Deus e também para pessoas que são tidas em alta estima. Existem muitos exemplos da palavra "Senhor" sendo usada para pessoas na Bíblia: Então eles (irmãos de José) foram para o guardião de José e falaram com ele na entrada da casa. "Ai! senhor meu," disseram. [Gênesis 43:19-20] Em outras partes da Bíblia Jesus é até chamado de um "servo" de Deus pelos discípulos: o Deus de nossos pais, glorificou seu servo Jesus. [Atos 3:13]. Isso mostra claramente que quando "Senhor" é usado para se referir a Jesus é um título de respeito, não de divindade.
3. A Natureza de Jesus
A Natureza de Jesus era totalmente diferente da natureza de Deus. Existem muitas partes da Bíblia que destacam essa diferença em natureza:
Deus é Onisciente, mas o próprio Jesus admite que não é Onisciente. Isso pode ser visto na passagem a seguir, quando Jesus diz: "Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai." [Mateus 24:36]
Deus é independente e não precisa de sono alimento ou água. Jesus, entretanto, comia, bebia, dormia e dependia de Deus: Da mesma forma como o Pai que vive me enviou e eu vivo por causa do Pai. [João 6:57]. Outro sinal da dependência de Jesus em relação a Deus é que ele orou para Deus: Ele (Jesus) prostrou-se com o rosto em terra e orou. [Mateus 26:39] Isso mostra que o próprio Jesus buscava ajuda de Deus. Deus, sendo Aquele que responde às orações, não precisa orar para ninguém. Jesus também disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu. [João 14:28].
A Bíblia é clara que Deus é oculto e não é um homem: Você não poderá ver a minha face, porque ninguém poderá ver-me e continuar vivo. [Êxodo 33:20], Deus não é um homem [Números 23:19]. Jesus, por outro lado, era um homem que era visto por milhares de pessoas. Então, não podia ser Deus. Além disso, a Bíblia deixa claro que Deus é muito grande para estar dentro de Sua criação: Mas como Deus poderia viver na terra com as pessoas? Os céus, mesmo os mais altos céus, não podem conter-te. [2 Crônicas 6:18]. De acordo com esse versículo Jesus não pode ser Deus vivendo na terra.
A Bíblia também chama Jesus de um profeta [Mateus 21:10-11]. Então, como Jesus pode ser Deus e profeta de Deus ao mesmo tempo? Não faria sentido.
Adicionalmente, a Bíblia nos informa que Deus não muda: Porque eu, o Senhor, não mudo. [Malaquias 3:6]. Jesus, entretanto, passou por muitas mudanças em sua vida como idade, altura, peso, etc.
Essas são apenas algumas das provas dentro da Bíblia que deixam claro que as naturezas de Jesus e Deus são completamente diferentes. Algumas pessoas podem alegar que Jesus tem uma natureza humana e uma divina. Essa é uma reivindicação que Jesus nunca fez e está em clara contradição com a Bíblia, que mantém que Deus tem uma natureza.
Jesus é Deus ou foi enviado por Deus? (parte 2 de 2)
Descrição: A segunda parte de um artigo de duas partes discutindo o papel verdadeiro de Jesus. Parte 2: Discute a mensagem de Jesus, a crença dos cristãos primitivos e a visão do Islã sobre Jesus.
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- Última modificação em 18 Jul 2016
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4. A mensagem de Jesus
Os profetas do Velho Testamento, como Abraão, Noé e Jonas nunca pregaram que Deus é parte de uma Trindade e não acreditavam em Jesus como salvador. A mensagem deles era simples: só há um Deus e somente Ele merece sua adoração. Não faz sentido Deus ter enviado profetas por milhares de anos com a mesma mensagem essencial e, então, de repente dizer que está em uma Trindade e que você deve acreditar em Jesus para ser salvo.
A verdade é que Jesus pregou a mesma mensagem que os profetas do Velho Testamento. Existe uma passagem do Alcorão que realmente enfatiza sua mensagem central. Um homem foi até Jesus e perguntou: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?". Jesus respondeu: "O primeiro de todos os mandamentos é, Ouça, Ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor." [Marcos 12:28-29]. Assim, o maior mandamento, a crença mais importante de acordo com Jesus é que Deus é Único. Se Jesus fosse Deus, ele teria dito: "Sou Deus, me adorem", mas não o fez. Ele meramente repetiu um versículo do Velho Testamento confirmando que Deus é Único.
Algumas pessoas alegam que Jesus veio para morrer pelos pecados do mundo. Mas considere a afirmação a seguir de Jesus: E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem tu enviaste. Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. [João 17:3-4] Jesus disso isso antes de ser pego e levado para ser crucificado. Está claro a partir desse versículo que Jesus não veio para morrer pelos pecados do mundo, já que concluiu o trabalho que Deus lhe deu antes de ser levado para ser crucificado.
Jesus também disse: "salvação vem dos judeus." [João 4:22]. Então, de acordo com isso não precisamos acreditar na Trindade ou que Jesus morreu por nossos pecados para obter salvação, uma vez que os judeus não têm essas crenças.
5. Os cristãos primitivos
Historicamente havia muitas seitas no Cristianismo primitivo que tinham uma gama de crenças em relação a Jesus[1]. Algumas acreditavam que Jesus era Deus, outras que Jesus não era Deus, mas era parcialmente divino e outras ainda acreditavam que era um ser humano e nada mais. O Cristianismo trinitário, que é a crença de que Deus, Jesus e o Espírito Santo são um em três pessoas se tornou a seita dominante do Cristianismo quando foi formalizada como a religião de estado do Império Romano, no século 4. Os cristãos que negavam que Jesus era Deus eram perseguidos pelas autoridades romanas[2]. Desse ponto em diante a crença trinitária se tornou difundida entre os cristãos. Havia vários movimentos no Cristianismo primitivo que negavam a Trindade e os mais conhecidos entre eles eram o Adocionismo e o Arianismo.
O dr. Jerald Dirks, um especialista em Cristianismo primitivo, disse o seguinte a respeito do assunto: O Cristianismo primitivo estava em conflito sobre a questão da natureza de Jesus. As várias posições adocionistas dentro do Cristianismo primitivo eram numerosas e às vezes dominavam. Pode-se até especular que o Cristianismo ariano e nestoriano poderiam ser uma fonte muito grande dentro do Cristianismo hoje, se não fosse pelo fato de que esses dois ramos do Cristianismo, localizados principalmente no Oriente Médio e norte da África serem tão semelhantes ao ensinamento islâmico em relação à natureza de Jesus que, muito naturalmente, foram absorvidos no Islã no início do século 7."[3]
Como havia muitas seitas no Cristianismo primitivo, cada uma com crenças diferentes sobre Jesus e com suas próprias versões da Bíblia, qual delas podemos dizer que estava seguindo os verdadeiros ensinamentos de Jesus?
Não faz sentido Deus enviar incontáveis profetas como Noé, Abraão e Moisés para dizer as pessoas para acreditarem em um Deus e, de repente, enviar uma mensagem radicalmente diferente da Trindade, que contradiz os ensinamentos anteriores de Seus profetas. Está claro que a seita do Cristianismo que acreditava que Jesus era um profeta humano e nada mais estava seguindo os ensinamentos verdadeiros de Jesus. Isso porque o conceito deles de Deus era o mesmo do ensinado pelos profetas no Velho Testamento.
Jesus no Islã
A crença islâmica sobre Jesus desmistifica para nós quem foi o verdadeiro Jesus. Jesus no Islã era um indivíduo extraordinário, escolhido por Deus como um profeta e enviado para o povo judeu. Nunca pregou que ele próprio era Deus ou o filho real de Deus. Nasceu milagrosamente sem um pai e realizou muitos milagres surpreendentes, como curar o cego e os leprosos e ressuscitar os mortos - tudo pela permissão de Deus. Os muçulmanos acreditam que Jesus retornará antes do Dia do Juízo para trazer justiça e paz para o mundo. Essa crença islâmica sobre Jesus é semelhante à crença de alguns dos cristãos primitivos. No Alcorão Deus aborda os cristãos em relação a Jesus da seguinte forma:
Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito. Crede, pois, em Deus e em Seus mensageiros e não digais: Trindade! Abstende-vos disso, que será melhor para vós; sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho. A Ele pertence tudo quanto há nos céus e na terra, e Deus é mais do que suficiente Guardião. [4:171]
O Islã não é apenas outra religião. É a mesma mensagem pregada por Moisés, Jesus e Abraão. Islã literalmente significa "submissão a Deus" e nos ensina a ter uma relação direta com Deus. Lembra-nos que uma vez que Deus nos criou, ninguém mais deve ser adorado, exceto Deus. Também nos ensina que Deus não é como um ser humano ou qualquer coisa que possamos imaginar. O conceito de Deus é resumido no Alcorão:
"Ele é Deus, o Único. Deus, o Absoluto. E nada é semelhante a Ele." (Alcorão 112:1-4)[4]
Tornar-se muçulmano não é dar as costas para Jesus. É voltar aos ensinamentos originais de Jesus e obedecê-lo.
Notas de rodapé:
[1] John Evans, History of All Christian Sects and Denominations, ISBN: 0559228791
[2] C.N. Kolitsas, The Life and Times of Constantine the Great, ISBN: 1419660411
[3] Excerto de ‘Islamic Trajectories in Early Christianity’ do dr. Jerald Dirks
[4]Deus não é homem ou mulher, a palavra "Ele" quando usada para Deus não se refere a gênero.
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