A Natureza Coesiva da Família (parte 2 de 4): O Papel do Marido e da Esposa
Descrição: As razões e propósito do casamento e a ênfase dada ao tratamento gentil e tranquilo com as esposas e como elas ajudam na manutenção da harmonia na família.
- Por Jamaal al-Din Zarabozo (© 2011 IslamReligion.com)
- Publicado em 09 Jan 2012
- Última modificação em 09 Oct 2019
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Cônjuge[1]
O casamento é uma instituição muito importante no Islã. O Alcorão mostra que existe um vínculo claro entre homens e mulheres. Em várias passagens no Alcorão Deus lembra os humanos de que vêm do mesmo ser humano original. É através desse vínculo que estão interligados e é através desses vínculos que alguns de seus direitos mútuos se estabelecem. Deus afirma na abertura do capítulo 4, intitulado “As Mulheres”:
“Ó humanos! Temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inumeráveis homens e mulheres. Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador.” (Alcorão 4:1)
Entretanto, além do início que os dois sexos têm em comum, Deus destaca que o amor e afeição mútuos que Ele criou nos corações dos cônjuges estão entre Seus grandes sinais, agindo como portento para aqueles que compreendem. Em outras palavras, essas pessoas podem olhar para esse aspecto e se lembrarem da grandeza do trabalho e poder de Deus, a perfeição de Sua criação e a magnificente misericórdia que Deus colocou nesse mundo. Deus diz:
“Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.” (Alcorão 30:21)
Deus também diz:
“Ele foi Quem vos criou de um só ser (Adão) e, do mesmo, plasmou a sua companheira (Eva), para que ele convivesse com ela...” (Alcorão 7:189)
Portanto, de acordo com o Alcorão, a relação entre um homem e sua esposa deve ser de amor, misericórdia e entendimento mútuo. Deus também ordena que os homens tratem suas esposas com gentileza no versículo:
“E harmonizai-vos entre elas, pois se as menosprezardes, podereis estar depreciando seres que Deus dotou de muitas virtudes.” (Alcorão 4:19)
Devem ser fornecidas umas poucas palavras sobre o propósito do casamento no Islã. Isso é necessário porque muitas vezes as pessoas entram no casamento ou desejam se casar sem perceber os papéis e propósito do casamento em si. Não percebem os tipos de responsabilidades que estarão sobre seus ombros quando se casarem. Entretanto, se os propósitos do casamento são conhecidos e as responsabilidades que o casamento trará são entendidos no começo, a probabilidade do casamento ser bem-sucedido aumentará. A pessoa saberá o que é esperado dela, tanto em relação às suas responsabilidades e deveres quanto em relação aos seus direitos.
Obviamente, o propósito do casamento não é simplesmente “diversão” ou a liberação de “ímpetos animais”. Existe muito mais que isso no casamento. Alguns dos objetivos por trás do casamento incluem[2]: procriação, experimentar prazer físico permissível, obtenção da maturidade completa, assistência mútua na construção da vida nesse mundo, obtenção de vários benefícios psicológicos e fisiológicos, formação do alicerce de uma sociedade moral, educar a próxima geração em um ambiente mais conducente para o crescimento moral e espiritual e unir pessoas e famílias.
Os Direitos de um Marido e uma Esposa
Para o casamento funcionar melhor, cada parceiro deve entender plenamente seus direitos, responsabilidades, papéis e obrigações. Por essa razão a lei islâmica traçou direitos e responsabilidades muito claros para marido e esposa muçulmanos. Ao mesmo tempo, entretanto, toda pessoa casada deve perceber que seu cônjuge é acima de tudo outro muçulmano. Ele/ela é irmão/irmã no Islã. Consequentemente, todos os direitos que recaem sobre um muçulmano devido à irmandade geral do Islã também são devidos ao cônjuge. Existem livros sobre o comportamento de um muçulmano e sobre irmandade, amor e lealdade entre muçulmanos e todos aqueles princípios se aplicam à pessoa casada e seu cônjuge, como parte daquela irmandade e comunidade islâmicas. Além disso, o Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, enfatizou esse ponto quando afirmou:
“Nenhum de vocês verdadeiramente crê até que ame para o seu irmão o que ama para si mesmo.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)
Entretanto, o cônjuge tem até mais direitos devido ao grande e importante contrato que foi feito entre eles.[3]
Assim, ao discutir os direitos dos maridos e esposas, essa questão não deve ser tratada de forma fria ou legal. A relação entre marido e esposa deve ser muito mais que uma questão de direitos declarados por lei que cada um deve estar sujeito. Ao invés disso, deve ser uma relação de amor, apoio e entendimento mútuos. Cada cônjuge deve levar em consideração as necessidades e habilidades do outro. Devem tentar fazer o outro feliz, mesmo se tiverem que ceder às vezes, e não simplesmente se assegurar de estar recebendo todos os direitos no casamento. Na verdade, geralmente nenhum dos cônjuges observa os direitos do outro e faz o outro feliz de forma completa. Assim, ambos têm que perceber e aceitar suas falhas.
O profeta, em particular, aconselhou os maridos a tratarem suas esposas da melhor maneira - talvez devido à sua maior autoridade ou devido à sua maior força, em geral. O Profeta disse:
“O melhor de vocês é o melhor para sua família (esposa) e eu sou o melhor para minha família.” (Al-Tirmidhi e ibn Majah)
Footnotes:
[1] Para mais detalhes sobre as leis islâmicas do casamento, ver “The Fiqh of the Family, Marriage and Divorce” (Fiqh da Família, Casamento e Divórcio, em tradução livre) (American Open University, 1997) do autor, passim. A discussão aqui é baseada nas seções daquele trabalho.
[2] Cf., Abdul Rahman Abdul Khaaliq, Al-Zawaaj fi Dhill al-Islaam (Kuwait: al-Daar al-Salafiyyah, 1988), pp. 21ff.
[3] Deus diz no Alcorão: “E como podeis tomá-lo de volta depois de haverdes convivido com elas íntima e mutuamente, se elas tiveram, de vós, um compromisso solene?” (Alcorão 4:21).
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