Craig Robertson, Ex-Católico, Canadá (parte 1 de 2): De Mal a Pior

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Descrição: Depois de crescer em uma residência católica e passar boa parte de sua infância freqüentando a igreja, Craig rejeita a fé e passa a viver perigosamente.

  • Por Craig Robertson
  • Publicado em 04 Jan 2009
  • Última modificação em 07 Jan 2009
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Craig_Robertson__Ex-Catholic__Canada_(part_1_of_2)_001.jpgMeu nome é Abdullah Al-Kanadi.  Nasci em Vancouver, Canadá.  Minha família, que era católica romana, educou-me como um católico romano até eu ter 12 anos de idade.  Sou muçulmano por aproximadamente seis anos, e gostaria de compartilhar a história de minha jornada ao Islã com vocês.

Suponho que em qualquer história seja melhor começar do começo.  Durante minha infância freqüentei a escola religiosa católica e aprendi sobre a fé católica, junto com outros assuntos.  Religião sempre foi minha melhor matéria; eu me destaquei academicamente nos ensinamentos da Igreja.  Fui pressionado a prestar serviço como coroinha por meus pais desde muito pequeno, algo que agradava muito aos meus avós; mas quanto mais eu aprendia sobre minha religião, mais a questionava!  Tenho essa lembrança de minha infância, quando perguntei minha mãe na missa: “A nossa religião é a certa?”  A resposta de minha mãe ainda ressoa em meus ouvidos até hoje: “Craig, elas são todas iguais, todas são boas!”  Bem, para mim isso não parecia certo.  Qual o sentido em aprender minha religião se eram todas igualmente boas?!

Quando eu tinha doze anos, minha avó materna foi diagnosticada com câncer de cólon e morreu poucos meses depois, após uma batalha dolorosa com a doença.  Eu só me dei conta do quanto sua morte me afetou um pouco mais tarde.  Com a idade de doze anos decidi que seria ateu para punir Deus (se você puder sequer imaginar tal coisa!)Era um menininho zangado; estava zangado com o mundo, comigo mesmo e o pior de tudo, com Deus.  Tropecei durante meus primeiros anos de adolescente tentando fazer de tudo que podia para impressionar meus novos “amigos” do segundo grau na escola pública.  Rapidamente percebi que tinha muito a aprender, porque protegido em uma escola religiosa você não aprende o que deveria em uma escola pública.  Pressionei em particular todos os meus amigos para que me ensinassem sobre todas as coisas que não aprendi, e logo adquiri o hábito de xingar e debochar de pessoas mais fracas que eu.   Embora tentasse ao máximo me adaptar, nunca consegui, de fato.  Era intimidado; as meninas debochavam de mim e assim por diante.  Para uma criança da minha idade, isso era devastador.  Eu me fechei, naquilo que chamava de ‘carapaça emocional’.

Minha adolescência foi cheia de miséria e solidão.  Meus pobres pais tentavam falar comigo, mas eu era beligerante com eles e muito desrespeitoso.  Concluí o segundo grau no verão de 1996 e senti que as coisas mudariam para melhor, já que acreditava que não poderiam ficar piores!  Fui aceito em uma escola técnica local e decidi que devia prosseguir com minha educação e talvez fazer um bom dinheiro, para poder ser feliz.  Aceitei um emprego em um restaurante fast-food perto de minha casa para ajudar a pagar a escola.

Poucas semanas antes de começar as aulas, fui convidado para morar com alguns amigos do trabalho.  Para mim, essa era a resposta para meus problemas!  Esqueceria minha família e estaria com meus amigos o tempo todo.  Uma noite eu disse a meus pais que estava me mudando.  Eles disseram que eu não podia, que não estava pronto para isso e que não permitiriam!  Eu tinha 17 anos e era muito obstinado; xinguei meus pais e disse a eles todo tipo de coisas ruins, das quais continuo a me arrepender até hoje.  Senti-me encorajado por minha nova liberdade, senti-me liberto, e podia seguir meus desejos do jeito que quisesse.  Fui morar com meus amigos e não falei com meus pais por um longo tempo depois disso.

Estava trabalhando e indo à escola quando meus colegas de quarto me introduziram à marijuana.  Fiquei apaixonado depois do primeiro ‘puff’!  Fumava um pouco depois de ir para casa, vindo do trabalho, para relaxar e desanuviar.  Logo comecei a fumar mais e mais, até que durante um final de semana eu tinha fumado tanto que era segunda de manhã antes que me desse conta, e hora de ir para escola.  Pensei, bem, tirarei um dia de folga na escola e irei no dia seguinte, porque não darão falta de mim.  Nunca voltei à escola depois disso.  Finalmente percebi o quanto isso era bom.  Com toda a comida de fast-food que se pode roubar e todas as drogas que se pode fumar, quem precisa de escola?

Estava vivendo uma ótima vida, ou assim pensava eu; tornei-me o bad boy ‘residente’ no trabalho e conseqüentemente as garotas começaram a prestar atenção em mim como não tinham feito no segundo grau.  Tentei drogas mais pesadas mas, alhamdulillah, fui salvo das realmente terríveis.  O estranho é que quando não estava alto ou bêbado eu estava miserável.  Sentia-me inútil e completamente sem valor.  Estava roubando do trabalho e de amigos para ajudar a manter o ‘nevoeiro químico’.  Fiquei paranóico em relação às pessoas a minha volta e imaginei que policiais me perseguiam em todas as esquinas.  Estava à beira de um colapso e precisava de uma solução. Então, pensei que a religião poderia me ajudar.

Lembrei-me de ter visto um filme sobre bruxaria e pensei que seria perfeito para mim.  Comprei alguns livros sobre Wicca e Adoração à Natureza, descobri que encorajavam o uso de drogas naturais e assim, continuei.  As pessoas me perguntavam se acreditava em Deus e eu tinha as conversas mais estranhas quando estava sob a ‘influência’, mas lembro-me distintamente de dizer que não, de fato não acreditava em Deus, acreditava em muitos deuses tão imperfeitos quanto eu.

Durante tudo isso, um amigo ficou do meu lado.  Era um cristão ‘renascido’ e estava sempre pregando para mim, apesar de eu debochar de sua fé em todas as oportunidades.  Era o único amigo que eu tinha na época que não me julgava e, então, quando ele me convidou para ir a um acampamento jovem no final de semana eu decidi ir.  Eu não tinha expectativas.  Pensei que riria muito debochando de todos os “fanáticos da Bíblia”.  Durante a segunda noite eles fizeram um enorme serviço religioso em um auditório.  Tocaram todos os tipos de música que louvavam Deus.  Eu observava enquanto jovens e velhos, e homens e mulheres gritavam por perdão e derramavam lágrimas por qualquer coisa.  Estava realmente comovido e fiz uma oração silenciosa durante as frases “Deus, sei que tenho sido uma pessoa horrível, por favor, me ajude, me perdoe e me deixe começar de novo.”  Senti uma onda de emoção se apoderar de mim e lágrimas rolando em minhas bochechas.  Decidi naquele momento abraçar Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador pessoal.  Levantei minhas mãos para o ar e comecei a dançar (sim, dançar!)Todos os cristãos ao meu redor começaram a me fitar em um silêncio atordoado; o cara que debochava deles e dizia o quanto eles eram estúpidos por acreditarem em Deus, estava dançando e louvando Deus!

Retornei para minha casa festiva e evitei todas as drogas, intoxicantes e garotas.  Imediatamente disse aos meus amigos como precisavam ser cristãos para que pudessem ser salvos.  Estava chocado por terem me rejeitado, porque sempre prestavam atenção em mim antes.  Acabei me mudando de volta para a casa dos meus pais depois de uma longa ausência, e costumava atormentá-los persistentemente com as razões pelas quais deviam se tornar cristãos.  Sendo católicos eles sentiam que já eram cristãos, mas eu sentia que não eram, porque adoravam santos.  Decidi me mudar de novo, mas dessa vez em termos melhores, e meu avô me deu um emprego porque queria me ajudar com minha “recuperação”.

Comecei a participar em uma “casa da juventude” cristã que basicamente era uma casa onde os adolescentes podiam ir, para se afastar das pressões familiares e discutir o Cristianismo.  Era mais velho que a maioria dos garotos e tornei-me um daqueles que mais falavam e tentavam fazer os meninos se sentirem bem vindos.  Apesar disso eu me sentia uma fraude, porque comecei a beber e namorar de novo.  Dizia aos meninos sobre o amor de Jesus por eles, e durante as noites bebia.  Durante tudo isso, meu amigo cristão tentava aconselhar-me e manter-me na trilha certa.

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Craig Robertson, Ex-Católico, Canadá (parte 2 de 2): Aprendendo a Aceitar

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Descrição: Depois de dar as costas ao Cristianismo, Craig é traído por seus amigos e mais uma vez fica perdido, até seu encontro com um muçulmano no trabalho.

  • Por Craig Robertson
  • Publicado em 04 Jan 2009
  • Última modificação em 07 Jan 2009
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Lembro-me até hoje de meu primeiro encontro com um muçulmano.  Um dos rapazes trouxe seu amigo para a casa da juventude.  Era um garoto muçulmano cujo nome eu esqueci.  O que me lembro é do garoto dizendo “trouxe meu amigo ‘fulano’, ele é muçulmano e quero ajudá-lo se tornar cristão”.  Estava absolutamente assombrado com este garoto de 14 anos, ele era calmo e amigável!  Acreditem ou não, ele se defendeu E ao Islã contra uma dúzia de cristãos que lançavam abusos contra ele e o Islã!  Enquanto manuseávamos nossas Bíblias em vão e ficávamos cada vez mais zangados, ele simplesmente sentava lá, sorrindo de forma quieta e nos dizendo sobre adorar outros além de Deus e como, sim, há amor no Islã.  Era como uma gazela cercada por uma dúzia de hienas, e ainda assim, o tempo todo, se manteve calmo, amigável e respeitoso.  Isso confundiu minha mente!

O garoto muçulmano deixou uma cópia do Alcorão na prateleira, a esqueceu ou a deixou de propósito, não sei, mas comecei a lê-la.  Logo fiquei enfurecido com esse livro quando vi que fazia mais sentido do que a Bíblia.  O joguei no sofá e andei sobre ele, fervendo de raiva, e ainda assim, depois de lê-lo, tinha uma pequena dúvida no meu âmago.  Fiz o que pude para esquecer sobre o garoto muçulmano e simplesmente passar meu tempo com meus amigos na casa da juventude.  O grupo de jovens costumava ir a várias igrejas nos finais de semana para eventos de oração e as noites de sábado eram passadas em grandes igrejas ao invés de no bar.  Lembro-me de estar em um evento chamado ‘A Fonte’ e de sentir-me tão próximo de Deus que queria me humilhar e mostrar ao meu Criador meu amor por Ele.  Fiz o que me pareceu natural e me prostrei.  Prostrei-me como os muçulmanos fazem em suas orações diárias, embora não soubesse o que estava fazendo. Tudo que sabia é que me sentia realmente bem...parecia o certo, mais do que qualquer outra coisa que já tinha feito.  Senti-me muito religioso e espiritual e continuei em meu caminho mas, como de costume, comecei a sentir as coisas saindo de controle.

O Pastor sempre nos ensinou que devíamos submeter nossa vontade a de Deus e eu não queria nada além disso; mas não sabia como!  Sempre supliquei “Por favor, Deus, faça da Sua Vontade a minha, faça-me seguir Sua Vontade” e assim por diante, mas nada acontecia.   Sentia que lentamente me afastava da igreja na medida em que minha fé declinava.  Foi nessa época que meu melhor amigo, o cristão que tinha me ajudado a vir para Cristo, junto com outro amigo meu muito chegado, estupraram a namorada com quem eu estava há dois anos.  Eu estava no outro quarto bêbado demais para saber o que estava acontecendo e incapaz de impedir qualquer coisa.  Algumas semanas depois foi revelado que o homem que dirigia a cada da juventude tinha molestado um dos garotos com quem eu tinha amizade.

Meu mundo estava despedaçado!  Tinha sido traído por tantos dos meus amigos, pessoas que supostamente eram próximas de Deus e trabalhavam pelo Paraíso.  Não tinha nada para dar, estava vazio de novo.  Andei em círculos como antes, cego e sem direção, apenas trabalhando, dormindo e indo a festas.  Minha namorada e eu terminamos em seguida.  Minha culpa, ódio e tristeza envolveram todo o meu ser.  Como o Criador podia permitir que tal coisa acontecesse comigo?  Quão egoísta era eu!

Um pouco depois meu gerente no trabalho me disse que um “muçulmano” viria trabalhar conosco, que era realmente religioso e devíamos tentar ser decentes quando estivéssemos à sua volta.  No minuto em que esse “muçulmano” chegou, ele começou a fazer dawah.  Não perdeu tempo nos dizendo tudo sobre o Islã e todos disseram a ele que não queriam ouvir nada sobre o Islã, exceto eu!  Minha alma chorava e minha teimosia não podia silenciar os lamentos.  Começamos a trabalhar juntos e a discutir nossas respectivas crenças.  Eu tinha desistido completamente do Cristianismo, mas quando me faziam perguntas minha fé ressurgia e me sentia um ‘cruzado’ defendendo a Fé do “muçulmano” mau.

O que importava é que esse “muçulmano” em particular não era mau como haviam me dito.  De fato, era melhor do que eu.  Não xingava, nunca se zangava e era sempre calmo, gentil e respeitoso.  Estava verdadeiramente impressionado e decidi que ele daria um excelente cristão.  Continuamos fazendo perguntas sobre nossas religiões, mas depois de um tempo me senti cada vez mais na defensiva.  Em um determinado ponto, fiquei muito zangado...aqui estava eu tentando convencê-lo da verdade do Cristianismo, e sentia que ele estava com a verdade!  Comecei a me sentir cada vez mais confuso, e não sabia o que fazer.   Tudo que sabia foi que tinha que aumentar minha fé, então entrei no carro e corri para ‘A Fonte’.  Estava convencido que se pudesse orar lá novamente, teria de volta aquele sentimento e a fé fortalecida, e então poderia converter o muçulmano.  Cheguei lá, depois de correr ao longo de todo o caminho, e a encontrei fechada!  Não havia ninguém a vista e procurei freneticamente por outro evento semelhante para que pudesse me ‘recarregar’, mas não encontrei nada.  Desanimado, voltei para casa.

Comecei a perceber que estava sendo empurrado em uma determinada direção e então supliquei ao meu Criador para submeter minha vontade à Dele.  Senti que minha súplica estava sendo atendida; fui para casa, deitei na cama e naquele momento percebi que precisava orar como nunca antes.  Sentei na cama e clamei, ‘Jesus, Deus, Buda, quem quer que Você seja, por favor, por favor, me oriente, preciso de Você!  Já fiz muito mal em minha vida e preciso de Sua ajuda.  Se o Cristianismo for o caminho correto então me fortaleça e se for o Islã, então traga-o para mim!’  Parei de orar e as lágrimas secaram e no fundo de minha alma me senti calmo. Sabia qual era a resposta.  Fui para o trabalho no dia seguinte e disse ao irmão muçulmano “como eu digo ‘olá’ a você?”  Ele perguntou o que eu queria dizer e eu disse, “Eu queria me tornar muçulmano”.  Ele me olhou e disse “Allahu Akbar!”  Nos abraçamos por um bom minuto, mais ou menos, agradeci a ele por tudo e comecei minha jornada no Islã.

Quando olho para todos os eventos que aconteceram em minha vida, percebo que tudo estava sendo preparado para que eu me tornasse um muçulmano.  Deus teve muita misericórdia comigo.  Em tudo que aconteceu em minha vida, havia algo a aprender.  Aprendi a beleza da proibição islâmica aos intoxicantes, a proibição do sexo ilícito, e a necessidade do Hijab.  Finalmente estou em uma trilha equilibrada, não estou mais seguindo em uma única direção; vivo uma vida moderada e faço o melhor para ser um muçulmano decente.

Sempre existem desafios como estou certo que muitos de vocês tiveram.  Mas através desses desafios, através dessas dores emocionais, ficamos mais fortes; aprendemos e, espero, nos voltamos para Deus.  Aqueles de nós que aceitaram o Islã em algum ponto da vida, são verdadeiramente abençoados e afortunados.  Foi-nos dada uma chance, uma chance para a maior misericórdia!  Misericórdia que não merecemos, mas que ainda assim Deus estará disposto a conceder no Dia da Ressurreição.  Reconciliei-me com minha família e estou pensando em começar a minha própria família, se Deus quiser.  O Islã é de fato um estilo de vida, e mesmo se recebemos um tratamento inadequado de nossos companheiros muçulmanos ou não-muçulmanos, devemos sempre lembrar de sermos pacientes e nos voltarmos somente para Deus.

Se eu disse algo incorreto veio de mim, e se algo que disse é correto, vem de Deus. Todos os louvores são para Deus, e que Deus conceda Sua misericórdia e bênçãos sobre seu nobre Profeta Muhammad, Amém.

Que Deus aumente nossa fé e a faça de acordo com o que O agrada e nos conceda Seu Paraíso, Amém!

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