Hinduísmo (parte 1 de 4): O que é Hinduísmo?
Descrição: Breve visão geral do Hinduísmo em uma série de artigos a partir da perspectiva de religiões comparadas.
- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
- Publicado em 26 May 2014
- Última modificação em 26 May 2014
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Esse é o primeiro artigo em uma série discutindo o Hinduísmo a partir da perspectiva de religiões comparadas. Embora como muçulmanos acreditemos de todo o coração que só existe um Deus Único, que Muhammad é Seu mensageiro e que o Islã é a religião daqueles que se submetem a Deus, esses artigos não têm a intenção de denegrir outras religiões ou seus seguidores. Nossa intenção é, como o título sugere, comparar religiões.
O Hinduísmo[1] é a religião da maioria das pessoas que residem na Índia e no Nepal. Também existem grandes números de adeptos espalhados pelo mundo. O Hinduísmo é a terceira maior religião no mundo, com aproximadamente 950 milhões de seguidores, depois do Cristianismo e do Islã. É às vezes considerada como a religião mais antiga da atualidade, com elementos que remontam há milhares de anos. Muitos estudiosos sugerem que começou há mais de 4.000 anos antes da Era Comum.
O Hinduísmo, que deriva seu nome da palavra persa para rio, se originou no vale do rio Indus. É uma coletânea de práticas e crenças sem um fundador único, sem uma única escritura e sem um conjunto único de crenças. O Hinduísmo também é próximo conceitualmente e associado historicamente com outras religiões indianas predominantes, como o Jainismo, o Budismo e o Sikhismo.
O centro da adoração hindu é a imagem, ou ícone, que é adorada em casa ou em um templo. Adorá-las é principalmente um ato individual, ao invés de comunal, já que envolve oferendas pessoais à deidade e o cântico ou repetição dos nomes dos deuses e deusas favoritos. São oferecidos água, frutas, flores e incenso e considera-se que a peregrinação a várias pedras, rios, montanhas e templos é vista pela deidade sendo adorada em particular.
O Hinduísmo é descrito frequentemente como uma religião politeísta devido a vasta gama de deuses e deidades, geralmente com base em necessidades ou regiões, e a adoração que quase sempre foca em esculturas e imagens. Entretanto, existem muitos que definem o Hinduísmo como monoteísta, por causa da crença no Deus supremo - Brahma, cujas qualidades e formas são representadas pela multitude de deidades que emanam dele. Brahma é a palavra em sânscrito que se refere a um poder transcendente além do universo geralmente traduzido como Deus que, diz-se, pode ter formas e expressões ilimitadas.
Existem também aqueles que veem o Hinduísmo como Trinitário, porque Brahma é simultaneamente visualizado como uma tríade. O triunvirato consiste de três deuses que são responsáveis pela criação, conservação e destruição do mundo. Eles são Brahma (que não deve ser confundido com Bramam, a energia suprema de deus), Vishnu e Shiva. Brahma é responsável pela criação e Vishnu é o preservador do universo, enquanto que o papel de Shiva é destruir para recriar.
O Hinduísmo tem muitas escrituras: os Vedas, os Upanishads e o Bhagavad-Gita são as consideradas mais importantes. A maioria dos hindus acredita que a alma, ou atman, é eterna e passa pelo ciclo do nascimento, morte e renascimento (samsara) determinado pelo karma positivo ou negativo ou em consequência das ações da pessoa. O objetivo da vida religiosa é aprender a agir de maneira a finalmente alcançar a liberação (moksha) da alma, escapando do ciclo de renascimento.
É difícil responder a pergunta: o Hinduísmo é politeísta, panteísta ou monoteísta? Chegamos a várias respostas a partir de várias fontes, todas igualmente corretas de acordo com cada entendimento do Hinduísmo. O Hinduísmo adora várias formas do Deus Único.[2] De acordo com os dogmas do Hinduísmo, Deus é Único e também muitos.[3] Os hindus acreditam em politeísmo monoteísta, ao invés de politeísmo.[4] Embora o Hinduísmo seja erroneamente considerado por muitos como uma religião que tem muitos deuses, ou seja, politeísta, verdadeiramente falando o Hinduísmo é uma religião monoteísta.[5]
A Religion Facts[6] tenta entender as definições diferentes ao dizer que “Embora o “monoteísmo” literalmente signifique crer na existência de um Deus, o termo passou a conotar crença em um Deus que criou e é distinto do universo”. O panteísmo é a visão de que Deus é essencialmente idêntico ao universo e totalmente imanente no mundo: Deus é o universo e o universo é Deus. Assim, o panteísmo parece ser o rótulo mais preciso para o Hinduísmo. O qualificador “com elementos politeístas” é acrescido porque o Ser Supremo do Hinduísmo é mais frequentemente adorado na forma de múltiplas deidades. Entretanto, deve ser notado que essa é uma generalização que não descreve as crenças de todos os hindus. Alguns consideram o universo como criado por Deus e essencialmente distinto Dele e são, portanto, “monoteístas” no sentido tradicional.”
Em apenas alguns parágrafos tentamos resumir milhares de anos de tradições que se desenvolveram via liberdade de crença e prática. Existem dez valores humanos básicos inerentes ao Hinduísmo. Entretanto, existem várias práticas enraizadas que são totalmente contrárias aos princípios do Islã. Essas incluem o sistema de castas e a desvalorização das mulheres. Como mencionado acima, o Hinduísmo envolve a crença na reencarnação e isso também não pode ser conciliado com os ensinamentos do Islã. Até recentemente o Hinduísmo era considerado a fé mais religiosamente tolerante do mundo. Entretanto, conversões em massa para outras crenças resultaram em incidentes de intolerância.
Na parte dois discutiremos o status das mulheres no Hinduísmo, o legado doloroso deixado pelo sistema de castas, oficialmente banido na Índia em 1949, e duas doutrinas gritantemente diferentes entre o Hinduísmo e o Islã, a adoração de algo além de Deus e a crença na reencarnação.
Notas de rodapé:
[1] Exceto as citações científicas, a maioria das informações sobre o Hinduísmo foi obtida dos websites a seguir: http://www.bbc.co.uk/religion/religions/hinduism/ataglance/glance.shtml & https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/2122.html & http://www.religioustolerance.org/hinduism4.htm
[2] OM, uma organização hindu americana
[3] HinduWebsite.com
[4] The Hindu Universe
[5] Sri Swami Chidanda
[6]http://www.religionfacts.com/about.htm
Hinduísmo (parte 2 de 4): Idolatria e reencarnação
Descrição: Duas grandes diferenças entre o Hinduísmo e o Islã.
- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
- Publicado em 02 Jun 2014
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O Hinduísmo é a terceira maior religião no mundo. Existem aproximadamente 950 milhões de seguidores, a maioria deles na Índia ou Nepal. O centro da adoração hindu é a imagem, ou ícone, e o centro da crença hindu é o conceito de renascimento ou reencarnação. Essas duas convicções fundamentais colocam, de certa forma, o Hinduísmo e o Islã em polos opostos.
Monoteísmo versus politeísmo
A crença mais fundamental no Islã é o conceito de Deus Único. Não tem parceiros, filhos, filhas ou intermediários. Não tem parceiros ou subalternos; portanto, não existem semideuses ou deidades menores inerentes no conceito de Deus. Ele não é parte de Sua criação e Deus não está em todos e em todas as coisas. Orar para imagens, ícones, estátuas, animais ou pedras é um pecado grave. Acreditar que alguém ou algo além de Deus é capaz de afetar sua vida ou futuro é um pecado grave. Adorar algo ou alguém junto com ou em substituição a Deus e não se arrepender sinceramente antes da morte é considerado o único pecado imperdoável no Islã. A crença em mais de um deus é chamada de politeísmo e o monoteísmo puro do Islã se opõe diretamente a ela.
O politeísmo é a adoração de muitos deuses, semideuses ou deidades e no mundo moderno é sintetizado nas religiões orientais, particularmente o Hinduísmo. Os hindus acreditam que tudo é deus ou contém a energia de deus e, portanto, é merecedor de adoração, seja ícones ou símbolos ou a própria natureza. As múltiplas cabeças ou membros geralmente vistos na iconografia hindu representam a onisciência ou onipotência divina e o uso de animais representam as qualidades associadas com aquele animal em particular, como sabedoria, agilidade ou poder. Não é difícil ver que a idolatria embutida em todos os ramos do Hinduísmo está muito distante das crenças do Islã.
Reencarnação
Centenas de milhões de pessoas em todo o mundo acreditam em reencarnação ou renascimentos cíclicos baseados na transmigração da alma humana de um corpo físico para outro. Uma das crenças no Hinduísmo e que a alma reencarna várias vezes até se tornar perfeita e reunir com a fonte - Bramam. A alma entra em muitos corpos, assume muitas formas, vive muitas vidas e tem muitas experiências.
Assim como um homem descarta roupas desgastadas e coloca novas, a alma descarta corpos e coloca novos. (2.22 Bhagavad gita.)
A reencarnação é refutada por todas as principais religiões monoteístas do mundo. A reencarnação é contra o ensinamento básico de que a alma habita um corpo humano, cuja vida é finita e que, no final, será julgada e punida ou recompensada de acordo. A religião do Islã inequivocamente rejeita o conceito de reencarnação.
(Quanto a eles, seguirão sendo idólatras) até que, quando a morte surpreender algum deles, este dirá:Ó Senhor meu, mande-me de volta (à terra), a fim de eu praticar o bem que negligenciei!Pois sim! Tal será a frase que dirá! E ante eles haverá uma barreira, que os deterá até ao dia em que forem ressuscitados.(Alcorão 23:99-100)
As palavras de Deus no Alcorão são claras. Quando uma pessoa morre, é incapaz de retornar para sua antiga vida. A alma fica no túmulo e a pessoa experimenta o tormento ou bênção com base em suas crenças e atos até o Dia do Juízo. O Islã ensina que o propósito da vida é adorar Deus, não importa o quão curta ou longa a vida possa ser. A alma é parte de cada indivíduo criado único, não se move de um corpo para outro e nunca se tornará parte de Deus, que é separado de Sua criação. As razões pelas quais seres humanos não são enviados ao mundo repetidamente também é explicada no Alcorão, quando Deus diz que se isso acontecesse fariam as mesmas coisas e cometeriam os mesmos pecados.
“No entanto, ainda que fossem devolvidos (à vida terrena), certamente reincidiriam em lançar mão de tudo quanto lhes foi vedado.” (Alcorão 6:28)
O Hinduwebsite[1] explica o processo de reencarnação da seguinte forma: “O Hinduísmo fala da existência de céus acima e infernos abaixo. Os primeiros são cheios de sol, habitados por deuses e inumeráveis almas divinas. Os últimos são mundos das trevas habitados por todas as forças demoníacas e das trevas. As almas individuais entram nesses mundos de acordo com suas ações. Mas não ficam lá permanentemente até o dia da destruição. Vão para lá basicamente como consequência de suas ações, seja para se divertir ou para sofrer. Em qualquer caso aprendem a lição e voltam para a terra para começar novamente uma nova vida terrena.”
O Islã, por outro lado, afirma categoricamente que a alma não pode se separar de um corpo especialmente projetado e se mudar para outro corpo, ou subir e descer em uma cadeia de mundos, céus e infernos. Para a nossa vida nessa terra a alma e o corpo se pertencem, não podem ser misturados e combinados. Há apenas uma alma para um corpo que será recompensada ou punida no Dia do Juízo, para habitar para sempre no Paraíso ou no Inferno. Isso está em contraste gritante com o Hinduísmo, onde o céu e o inferno são moradas temporárias e uma alma recupera a liberdade repetidamente até que alcance a autorrealização ou se una com a força eterna da vida.
O Hinduísmo é um grupo de tradições religiosas estabelecidas durante um longo período de tempo. Existem muitas formas diferentes de adoração, às vezes a deidades pessoais, às vezes em casa e outras vezes em um templo. Os hindus acreditam que existem muitos caminhos para muitos deuses diferentes, mas todos eles levam à força eterna da vida ou Bramam. O Islã, entretanto, ensina que não há verdadeira divindade, exceto Allah. E nada é semelhante a Ele, como diz Deus:
Nada é igual a Ele, e Ele é Ouniouvinte, Onividente.(Alcorão 42:11)
Hinduísmo (parte 3 de 4): O status das mulheres no Hinduísmo
Descrição: Uma comparação dos direitos das mulheres no Hinduísmo e no Islã.
- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
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- Última modificação em 02 Jun 2014
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O Hinduísmo[1] é a terceira maior religião no mundo, com mais de 950 milhões de adeptos. Embora os hindus vivam predominantemente na Índia e Nepal, estão espalhados em todo o mundo. Como discutimos nos dois artigos anteriores, em alguns aspectos o Hinduísmo e o Islã podem ser visto como polos opostos. Duas das crenças mais básicas do Hinduísmo conflitam completamente com as crenças mais básicas do Islã. No Islã a adoração é para o Deus Único. Os muçulmanos não adoram ídolos, estátuas ou representações de Deus. Os hindus, por outro lado, adoram muitos deuses e divindades.
Os muçulmanos creem que cada um de nós tem uma vida, sobre a qual seremos julgados e recompensados ou punidos de acordo, enquanto que os hindus acreditam em reencarnação, o processo de renascimento e transmigração de almas. Esses dois pontos foram cobertos no artigo dois. Nesse artigo falaremos sobre o status das mulheres no Hinduísmo e compararemos com os ensinamentos do Islã.
As mulheres na Índia sofrem uma ampla gama de injustiças sociais e o status das mulheres é geralmente discutido por todo o país. Entretanto, é importante notar que mais de 80% dos indianos são hindus e a maioria dos comportamentos negativos em relação às mulheres pode ser atribuída às práticas hindus. As mulheres indianas estão no topo das estatísticas mundiais em prostituição, assassinato e abuso de meninas, no número de mulheres vendidas como escravas, como vítimas da AIDS e por viverem abaixo da linha de pobreza.
O infanticídio, o assassinato de uma criança logo após o nascimento, tem sido predominante na Índia por séculos. Relatou-se em 1834 que “em algumas aldeias não se encontrou nenhum bebê do sexo feminino e, em um total de trinta outras, havia 343 meninos para 54 meninas.” Cento e cinquenta anos depois, a matança de bebês do sexo feminino foi reduzida. Em um artigo de 2007, a Reuters relatou um alto índice de feticídio feminino (a prática de abortar fetos do sexo feminino) na Índia. De acordo com a UNICEF, “Um relatório de Bombaim em 1984 sobre abortos após a determinação do sexo pré-natal afirmava que 7.999 de 8.000 dos fetos abortados eram femininos.”
A Reuters também relata que “Em torno de 10 milhões de meninas foram mortas pelos pais nos últimos 20 anos. O infanticídio e o feticídio feminino, embora ilegais, continuam predominantes com a preferência de meninos em relação às meninas.” Uma pesquisa do governo de 2006 constatou que 45% das meninas se casavam antes da idade legal de 18 anos. O índice de alfabetização de mulheres adultas em 2004 era de 47,8%, comparado om o índice de homens adultos de 73,4%. O que há no Hinduísmo que permite essa discriminação gritante contra todo um gênero?
Alguns argumentam que as escrituras hindus permitem essas práticas. Uma obsessão com filhos deriva do período de Atharva Veda, quando foi escrito “Deixe que a criança do sexo feminino nasça em outro lugar. Que aqui nasça um filho”. Entretanto, os hindus acreditam que toda vida é sagrada, para ser amada e reverenciada e, portanto, praticam ahimsa ou não violência. Embora isso pareça não fazer muito sentido, na verdade faz, já que o Hinduísmo é uma mistura de práticas religiosas e culturais. A religião hindu requer que sejam conduzidos rituais em honra às mulheres e, ao mesmo tempo, é negado às mulheres qualquer forma de últimos direitos na morte ou uma partilha justa na herança familiar. Em uma carta a um jornal indiano em 2002, uma mulher tentou explicar o aumento nos feticídios.
Na Índia casar uma filha é muito caro e os meninos trazem para casa uma noiva e um dote. As leis hindus também requerem que somente um FILHO possa acender a pira funerária da mãe e do pai. Todos nós sabemos que é muito caro casar uma menina, enquanto que o casamento de um filho recupera tudo que foi gasto com ele desde o nascimento. Isso é um fato e a menos que isso seja abordado, o feticídio feminino não poderá ser detido.
Meninos são desejados enquanto que as meninas são desprezadas. Na Península Árabe antes do advento do profeta Muhammad, que Deus o exalte, e o Islã, as meninas eram enterradas vivas. Era uma prática ignorante e o profeta Muhammad afirmou de forma inequívoca que as meninas eram uma bênção e que educá-las para serem crentes virtuosas é uma fonte de grande recompensa. No Alcorão, Deus declara que aqueles que desprezam suas filhas são maus.
“Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha, o seu semblante se entristece e fica angustiado. Se oculta do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixá-la-á viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Quem péssimo é o que julgam!”(Alcorão 16:58-59)
As tradições do profeta Muhammad mostram muito claramente que educar meninas é uma fonte de prazer tanto nessa vida quanto na vida futura. Sua amada esposa Aisha relata histórias que demonstram o desejo por meninas.
Uma mulher, junto com suas duas filhas, veio até mim pedir caridade, mas eu não tinha nada exceto uma tâmara, que dei a ela. Ela dividiu a tâmara entre suas duas filhas, não comeu nada, levantou e saiu. Então o profeta entrou e o informei sobre essa história. Ele disse: “Quem educa filhas e as trata generosamente (com benevolência), então essas filhas lhes servirão como um escudo contra o Inferno.” [2]
“Quando uma criança nascia, Aisha não perguntava se era menino ou menina. Ao invés disso, perguntava: “A criança é saudável (e sem deficiência)?” Se a resposta fosse “sim”, ela dizia Todos os louvores são para Deus, o Senhor de todos os Mundos.”
Um mal social comum entre os hindus é a prática da família da noiva pagar o dote à família do marido. Embora essa prática tenha sido banida em 1961, continua difundida.
O Islã reconhece as dificuldades causadas pelos dotes e, portanto, não tem esse costume ou requisito. Ao invés disso, o Islã tem o que é conhecido como o mahr. É um presente em dinheiro, bens ou propriedade feito pelo marido à esposa, que se torna propriedade exclusiva dela. É uma admissão da independência dela e tem a intenção de mostrar a aceitação e disposição do marido de ser responsável por todas as despesas necessárias de sua esposa.
Como se pode ver dos dois exemplos, o status das mulheres no Islã é muito diferente do status das mulheres no Hinduísmo. Enquanto uma religião, o Hinduísmo, alega honrar as mulheres, fica a critério do governo secular indiano faz leis proibindo o tratamento atroz que o Hinduísmo permite. Por outro lado, o respeito às mulheres está consagrado na lei islâmica.
Notas de rodapé:
[1] Exceto as citações científicas, a maioria das informações sobre o Hinduísmo foi obtida dos websites a seguir: (http://www.bbc.co.uk/religion/religions/hinduism/ataglance/glance.shtml) (https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/2122.html) (http://www.religioustolerance.org/hinduism4.htm). (www.religiousconsultation.org) (www.sanatana-dharma.tripod.com) (www.religionfacts.com)
[2] Saheeh Al-Bukhari
Hinduísmo (parte 4 de 4): Mais diferenças entre o Islã e o Hinduísmo
Descrição: Viúvas, sati e o sistema de castas.
- Por Aisha Stacey (© 2014 IslamReligion.com)
- Publicado em 09 Jun 2014
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Em nossa discussão sobre o status das mulheres no Hinduísmo, deve ser feita menção ao sati, a queima de mulheres na pira funerária do marido. O sati era predominante na antiga Índia, quando algumas mulheres consideravam uma grande honra morrer dessa forma. Por volta do século 10 o sati era conhecido em todo o subcontinente e continuou a ocorrer, com variações regionais, até o século 20. As esposas se auto imolavam para eliminar quaisquer pecados que o marido tivesse cometido. Esse é um ato voluntário. Entretanto, as viúvas ficavam sob grande pressão para fazê-lo e eram mal vistas se não seguissem o costume.
Ibn Batuta[1] (1333 A.D.) observou que o sati era considerado louvável pelos hindus, sem ser obrigatório. O Agni Purana[2] declara que a mulher que comete o sati vai para o paraíso. Entretanto, Medhatiti[3] pronunciou que o sati era como o suicídio e era contra os Shastras, o código hindu de conduta. Esse é outro exemplo de escrituras hindus aparentemente se contradizerem.
O império islâmico Mugal dos séculos 16 e 17 foi o primeiro a tentar banir oficialmente a prática de sati. A princípio as mulheres eram encorajadas a deixar a prática através da oferta de presentes e pensões para as viúvas. Foram colocados muitos obstáculos à prática, mas o sati continuou, particularmente fora das grandes cidades. Em 1663 foi emitida uma ordem que em todas as terras sob controle Mugal os governantes não deveriam, sob nenhuma circunstância, permitir que uma mulher fosse queimada. Apesar das tentativas de erradicá-la, a prática do sati continuou, especialmente durante os períodos de guerra e levantes. Infelizmente continuam a existir incidências isoladas do sati, apesar de ter sido oficialmente banido em 1829 e dos governos desde então terem continuado a considerar a prática como ilegal.
Mesmo sem a pressão do sati, geralmente as viúvas hindus enfrentam muitos tabus. Quanto mais alta for a casta, maiores são as restrições enfrentadas pela viúva. Quando um homem morre, espera-se que sua viúva renuncie a todos os prazeres terrenos. Ela não deve mais parecer atraente e espera-se que use um sari branco simples pelo resto da vida. Ao saber da morte do marido, espera-se que as viúvas quebrem seus braceletes e não podem mais usar joias ou sindhur - o pó vermelho usado pelas mulheres no cabelo a partir de suas testas para denotar seu status de casada. Espera-se que algumas cortem o cabelo ou até raspem a cabeça. Uma viúva do sul da Índia pode não ser capaz de usar uma blusa sob o sari.
Isso está em total contraste com o que o Islã diz sobre o tratamento de viúvas. O profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse que aqueles que cuidam das viúvas e dos pobres são como os que passam seus dias em jejum ou noites em oração.[4] As viúvas podem casar novamente e continuar a levar uma vida plena e completa após o período de luto de quatro meses e dez dias.
"Quanto àqueles, dentre vós, que falecerem e deixarem viúvas, estas deverão aguardar quatro meses e dez dias. Ao cumprirem o período prefixado, não sereis responsáveis por tudo quanto fizerem honestamente das suas pessoas, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis." (Alcorão 2:234)
O sistema de castas existe em toda a Índia, apesar de ter sido oficialmente banido pelo governo secular em 1949. Ainda permeia a sociedade indiana afetando as pessoas direta e indiretamente. O sistema de castas é responsável pelo baixo status das mulheres no Hinduísmo e o atual nível de violência entre hindus e outras religiões, particularmente o Islã.
No começo, talvez por volta de 1000AC, cada hindu pertencia a uma das milhares de comunidades ou subcomunidades (Jats) que existiam na Índia. Essas comunidades eram originalmente definidas pela profissão da pessoa e eram organizadas em quatro castas sociais (Varna). Um quinto grupo chamado os "intocáveis" (dalits) ficava fora do sistema de castas. A casta de uma pessoa determinava o tipo de trabalho ou profissões entre as quais podia escolher. Os casamentos normalmente ocorriam dentro da mesma casta ou subcasta. Tipicamente os pais passavam suas profissões para seus filhos.
Originalmente as pessoas podiam mudar de uma casta para outra. Entretanto, em algum momento no passado (estimativas variam de aproximadamente 500 antes da Era Comum a 500 da Era Comum) o sistema se tornou rígido, de modo que as pessoas viviam e morriam no mesmo grupo, sem possibilidade de ascensão. "O sistema de castas divide a sociedade em uma multitude de pequenas comunidades, porque cada casta e quase toda unidade local de uma casta, tem seus próprios costumes peculiares e regulamentações internas." [5]
O Rigveda, uma coletânea de hinos antigos vedas em sânscrito dedicada aos deuses, definiu quatro castas como, em ordem descendente: brâmanes (os sacerdotes e acadêmicos), kshatriyas (governantes, militares), Vaishyas (fazendeiros, agricultores e mercadores) e os sudras (camponeses, servos e trabalhadores em empregos não contaminantes). Os intocáveis, que não são nem considerados parte do sistema de castas, trabalham no que são considerados empregos contaminantes e são intocáveis pelas quatro castas. Em algumas áreas do país até um contato com a sombra de um intocável é considerado contaminante.
Hoje em dia praticar a intocabilidade ou discriminar uma pessoa por causa de sua casta é ilegal. Devido aos avisos repetidos impostos pelo governo e à educação, o sistema de castas perdeu muito de seu poder nas áreas urbanas. Entretanto, a tradição se mantém inalterada em algumas regiões rurais. O governo secular da Índia instituiu discriminação positiva para ajudar os intocáveis e as castas mais baixas.
Muitos intocáveis se converteram ao Islã recentemente. Isso geralmente foi motivado pelo desejo de escapar do sistema de castas. O Islã não é baseado em raça, nacionalidade, localidade, ocupação ou laços familiares. Os muçulmanos são unidos pela fé e irmandade. O Islã entende que tudo que acontece em uma parte da comunidade afetará a todos e, assim, a igualdade é nutrida e encorajada. Em seu sermão final, o profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse: "Saiba que todo muçulmano é o irmão de outro muçulmano. Todos vocês são iguais. Ninguém é superior ao outro, exceto pela piedade e boas ações."
De acordo com o Evangelho para a Ásia, os intocáveis sentem que: "A única maneira de o nosso povo se libertar de 3.000 anos de escravidão é deixar o Hinduísmo e (o sistema de castas) e abraçar outra fé." Isso gerou muita raiva e até casos de violência e morte, direcionadas a outras religiões, particularmente o Islã.
O Hinduísmo e o Islã diferem nos conceitos mais básicos. Discutimos algumas dessas diferenças óbvias, inclusive a crença no Deus Único em oposição à crença em uma variedade de deuses, e as diferenças entre o status das mulheres no Islã e no Hinduísmo.
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