Yvonne Ridley, Jornalista, Reino Unido
Descrição: Uma ex-jornalista aprisionada pelo Talebã, no Afeganistão, Yvonne Ridley explica à BBC seu encontro com o Islã e o que a fez se converter.
- Por Hannah Bayman
- Publicado em 20 Aug 2012
- Última modificação em 20 Aug 2012
- Impresso: 70
- 'Visualizado: 6,490 (média diária: 1)
- Classificado por: 0
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 0
Se estivesse sendo interrogada pelo Talebã como suspeita de ser uma espiã americana, seria difícil imaginar um final feliz.
Mas para a jornalista Yvonne Ridley, a provação no Afeganistão levou-a a converter-se a uma religião que ela diz ser "a maior e melhor família no mundo."
A ex-professora da escola dominical que bebia muito, se tornou muçulmana após ler o Alcorão ao ser libertada.
Ela agora descreve o clérigo radical Abu Hamza al-Masri como "muito doce" e diz que o Talebã foi sujeito a uma propaganda injusta.
Trabalhando como repórter para o Sunday Express em setembro de 2001, Ridley passou clandestinamente pela fronteira afegã, a partir do Paquistão.
Mas seu disfarce foi descoberto quando caiu de sua mula na frente de um soldado talebã próximo a Jalalabad, revelando uma câmera banida sob sua túnica.
Seu primeiro pensamento, enquanto o jovem furioso corria em sua direção?
"Uau - você é deslumbrante," diz ela.
"Ele tinha os maravilhosos olhos verdes que são peculiares àquela região do Afeganistão e uma longa barba.
Mas o medo rapidamente tomou conta. Eu o vi novamente a caminho do Paquistão, depois de minha libertação, e ele acenou para mim de seu carro."
Ridley foi interrogada por 10 dias sem permissão para um telefonema e perdeu o nono aniversário de sua filha Daisy.
Do Talebã, Ridley diz: "Não podia apoiar o que faziam ou acreditavam, mas foram extremamente demonizados porque não se pode jogar bombas em pessoas boas."
Sugeriu-se que a jornalista de 46 anos seja vítima da Síndrome de Estocolmo, na qual os reféns ficam do lado dos sequestradores.
Mas ela diz: “Fui horrível para os meus captores. Cuspi neles, fui rude e recusei-me a comer. Só quando fui libertada interessei-me pelo Islã.”
"Calçolas"
O ministro do exterior do Talebã foi chamado quando Ridley recusou-se a retirar sua calcinha do varal da prisão, que ficava na linha de visão dos alojamentos dos soldados.
Ele disse: "Olhe, se eles virem essas coisas terão pensamentos impuros."
"O Afeganistão estava prestes a ser bombardeado pelo país mais rico no mundo e tudo que os preocupava eram minhas calçolas grandes e pretas.
Percebi que os EUA não precisavam bombardear o Talebã - apenas mandar um regimento de mulheres acenando suas calcinhas e todos sairiam correndo."
Quando retornou ao Reino Unido Ridley voltou-se para o Alcorão, como parte da tentativa de entender sua experiência.
"Estava absolutamente estarrecida pelo que estava lendo - nem um ponto ou til foi mudado em 1.400 anos.
Juntei-me ao que considero a maior e melhor família no mundo. Quando nos unimos, somos absolutamente invencíveis."
O que seus pais que frequentam a igreja da Inglaterra e moram no Condado de Durham pensam de sua nova família?
"Inicialmente a reação de minha família e amigos foi de horror, mas agora todos podem ver o quanto estou mais feliz, saudável e realizada.
E minha mãe está feliz porque parei de beber."
O que Ridley pensa sobre o lugar das mulheres no Islã?
"Existem mulheres oprimidas em países muçulmanos, mas posso levá-la para as ruelas de Tyneside e mostrar-lhe mulheres oprimidas lá.
A opressão é cultural, não é islâmica. O Alcorão deixa claro que as mulheres são iguais."
E sua nova vestimenta islâmica lhe dá poder, diz ela.
"Como é libertador ser julgada pela sua mente e não pelo tamanho do seu busto ou comprimento de suas pernas."
Mãe solteira que foi casada três vezes, diz que o Islã a libertou da preocupação com sua vida amorosa.
"Não me sento mais ao lado do telefone esperando que um homem me ligue e não recebo um "bolo" há meses.
"Não tenho estresse com homem. Pela primeira vez desde minha adolescência não sou pressionada para ter um namorado ou marido."
Mas houve um telefonema de pelo menos um admirador - o pregador do norte de Londres, Abu Hamza al-Masri.
Ele disse: "Irmã Yvonne, seja bem-vinda ao Islã."
Expliquei que ainda não tinha feito meus votos finais e ele disse: "Não se sinta pressionada porque a comunidade inteira está ao seu lado. Se precisar de qualquer ajuda, chame uma das irmãs."
“Direto para o inferno”
Pensei: “Não posso acreditar. É o clérigo inflamado da mesquita de Finsbury Park e ele é muito doce.”
Estava prestes a desligar, quando ele disse: "Mas quero lembrá-la apenas de uma coisa: amanhã, se sofrer um acidente e morrer, irá direto para o inferno."
Estava tão assustada que levava uma cópia dos meus votos em minha bolsa, até minha conversão final em junho passado.
E qual é a parte mais difícil de sua nova vida?
"Orar cinco vezes ao dia. E ainda luto para deixar o cigarro."[1]
Footnotes:
[1] Yvonne Ridley: De cativa a convertida. BBC News Online. 21/09/2004 (http://news.bbc.co.uk/go/pr/fr/-/2/hi/uk_news/england/3673730.stm)
Adicione um comentário