A população de muçulmanos (parte 2 de 2): Imigração e conversão
Descrição: A experiência global muçulmana.
- Por Aisha Stacey (© 2015 IslamReligion.com)
- Publicado em 02 Feb 2015
- Última modificação em 02 Feb 2015
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O Islã é uma religião global e como aprendemos no artigo anterior, não está mais confinada aqueles países que pensamos como árabes ou asiáticos. Próximo de 1,6 bilhões de pessoas em todo o mundo se identificam como muçulmanas. As projeções de crescimento pintam um quadro de crescimento sem precedentes, mais rápido que o crescimento da população mundial. As estatísticas de 2011 nos dizem que 74,1% dos muçulmanos do mundo vivem nos 49 países nos quais formam a maioria da população. Mais que um quinto de todos os muçulmanos (23,3%) vivem em países em que os muçulmanos não são maioria, no mundo em desenvolvimento e em torno de 3% dos muçulmanos do mundo vivem em regiões mais desenvolvidas, como Europa, América do Norte e Austrália. De onde vêm esses 3% de muçulmanos?
A imigração a conversão são responsáveis por uma grande porcentagem de muçulmanos vivendo predominantemente em países ocidentais. Os governos tendem a manter registros estritos de imigração, mas a filiação religiosa nem sempre é registrada. As estatísticas de conversão notoriamente não são confiáveis, mas revelam que o número de pessoas se convertendo ao Islã também está experimentando uma alta taxa de crescimento. De todo o mundo e de várias fontes, muçulmanas e não muçulmanas, governamentais e não governamentais, coletamos e comparamos dados estatísticos em um esforço para apresentar um quadro claro de como as taxas de crescimento muçulmanas estão se processando na segunda década do século 21.
Comecemos com a Austrália. De acordo com o censo de 2006, 1,7% da população australiana se identifica com o Islã. Isso representa um crescimento populacional de 20,9% sobre a contagem de 2001 - somente o Hinduísmo (55,1%) e "sem religião" (27,5%) tiveram saltos percentuais maiores no mesmo período de cinco anos. De onde veio essa taxa de crescimento de 20%? Aparentemente 36% nasceram na Austrália, a maioria afirmando ser libaneses, turcos ou definidos como tendo ancestrais árabes de maneira geral.[1] Outros países fonte de imigração incluem predominantemente o Iraque, Afeganistão, Paquistão, Indonésia e Bangladesh. Entretanto, aproximadamente dois quintos dos muçulmanos da Austrália moram em Melbourne e têm origem em mais de 70 países.[2] Não existem estatísticas confiáveis para conversões ao Islã, mas as mesquitas em toda a Austrália relatam que conversões ocorrem frequentemente.
Um relatório publicado em janeiro de 2011 pelo centro Pew Research com base em Washington[3] sugere que os números de muçulmanos na Austrália aumentarão em 80 por cento, comparados com 18 por cento para a população em geral, crescendo dos atuais 399.000 para 714.000. Isso é devido às taxas reprodutivas mais altas - as famílias muçulmanas tipicamente têm quatro ou mais filhos, enquanto que os australianos têm um ou dois - e, segundo, à imigração vinda de países de maioria muçulmana, como mencionado acima.
A estimativas de quantos muçulmanos vivem na Europa variam muito, dependendo da fonte das estatísticas. Fica ainda mais difícil pelo fato de que são as maiores minorias religiosas na Europa e o Islã é a religião que cresce mais rapidamente. Como esperado a população muçulmana na Europa é étnica e linguisticamente diversa e os imigrantes muçulmanos na Europa vêm de uma variedade de países do Oriente Médio, África e Ásia. Os convertidos são um subgrupo ínfimo da população muçulmana, mas seus números estão crescendo. Estudos na Alemanha e França estimaram em torno de 4.000 conversões por ano na Europa ou em seus respectivos países.
Na Alemanha, os 4.000 convertidos estimados a cada ano[4] podem ser comparados com a média anual de 300 na década de 1990. Ainda assim, menos de 1 por cento dos 3,3 milhões de muçulmanos da Alemanha são convertidos. Um relatório da agência de inteligência doméstica da França, publicado pelo Le Figaro, estimou ano passado[5] que havia de 30.000 a 50.000 convertidos na França. A maioria dos muçulmanos franceses são cidadãos franceses e o Islã é a segunda maior religião da França.
Os muçulmanos são minoria no Reino Unido, compondo 2,7 por cento da população total do país de aproximadamente 60 milhões de pessoas. O número de convertidos ao Islã é, como esperado, muito difícil de prever ou de encontrar dados concretos a respeito. Um jornal britânico, entretanto, o Independent, relata que o número de britânicos se convertendo ao Islã quase dobrou na última década, apesar de o Reino Unido ter testemunhado um crescimento na islamofobia. Isso está de acordo com um estudo abrangente feito pelo think-tank inter-religioso Faith Matters.
Estimativas anteriores têm colocado o número de muçulmanos convertidos no Reino Unido entre 14.000 e 25.000, mas esse estudo sugere que o número real pode ser tão alto quanto 100.000, com 5.000 novas conversões a cada ano. Usando dados do censo escocês de 2001 - a única pesquisa que pergunta aos respondentes a religião de nascimento e a religião na época da pesquisa - os pesquisadores identificaram a proporção de muçulmanos convertidos e extrapolaram os números para a Grã-Bretanha como um todo.[6]
Nos Estados Unidos, de acordo com o Pew Research Centre, aproximadamente dois terços (65%) dos muçulmanos adultos morando nos EUA nasceram em outro lugar e 39% vieram para os EUA desde 1990. Uma proporção relativamente grande de imigrantes muçulmanos são de países árabes, mas muitos também vêm do Paquistão e outros países do sul da Ásia. Entre os muçulmanos nascidos no país, pouco mais da metade são afro americanos (20% dos muçulmanos americanos no geral), muitos dos quais convertidos ao Islã.[7]
Como é o caso na Europa e Austrália, os pesquisadores dizem que obter estimativas precisas de convertidos ao Islã é o maior desafio. Dados sobre conversão de outra religião para o Islã são virtualmente não existentes e as estimativas que existem são baseadas em taxas de conversão de outras crenças que podem não se aplicar à experiência muçulmana.
Estatísticas sobre convertidos ao Islã são muito mais fáceis de encontrar nos países do golfo árabe, onde centros culturais islâmicos mantêm registros meticulosos. Por exemplo, em Dubai, Huda Khalfan Al Kaabi, chefe da seção de novos muçulmanos no Departamento de Assuntos Islâmicos e Atividades Caritativas (sigla em inglês IACAD) disse que 1.365 pessoas se converteram ao Islã de janeiro a junho de 2009, comparado com 878 pessoas no mesmo período, em 2008. Observando que 3.763 expatriados de 72 países tinham se convertido ao Islã em um período de 18 meses, Al Kaabi disse que a maioria deles eram das Filipinas, Rússia, China e Índia.
A globalização tem contribuído para a propagação do Islã em todo o mundo, por imigração ou conversão. As fronteiras estão mais fluidas do que jamais foram e muitas pessoas são capazes de tomar decisões claras sobre onde querem viver e qual religião querem seguir. Com ou sem dados estatísticos concretos, é possível ver claramente que em todo o mundo as pessoas estão se convertendo ao Islã em grandes números. O Islã é uma religião global, não mais baseada em etnia ou nacionalidade.
Notas de rodapé:
[1] Instantâneo estatístico dos australianos muçulmanos do informativo de uma Comissão de Direitos Humanos e Oportunidades Iguais (sigla HREOC, em inglês).
[2] http://museumvictoria.com.au/immigrationmuseum/discoverycentre/your-questions/muslim-australians/
[3] Pew Research Centre's Forum on Religion and Public Life, The Future of the Global Muslim Population: Projections for 2010-2030. Usando números do Bureau australiano de estatísticas.
[4] Um estudo financiado pelo Ministério do Interior e executado pelo instituto islâmico Islam Archive Germany, baseado em Soest. (2004-5)
[5] http://www.religionnewsblog.com/7916/europe-fears-threat-from-its-converts-to-islam
[6] http://faith-matters.org/resources/publicationsreports/218-report-on-converts-to-islam-in-the-uk-a-minority-within-a-minority
[7] http://pewresearch.org/assets/pdf/muslim-americans.pdf
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