Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 3 de 6)

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Descrição: Sua luta interior.

  • Por Stephanie
  • Publicado em 23 Mar 2015
  • Última modificação em 23 Mar 2015
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A LUTA INTERIOR.

Para ilustrar minhas lutas interiores, segue aqui excertos que coletei recentemente de vários e-mails para amigos nos últimos dois anos.

2 de julho de 2009 : Na realidade amo os muçulmanos por causa de suas opiniões rigorosas e às vezes assisto a um programa muçulmano na TV só para ter uma ideia de sua beleza.  A prática deles de modéstia se chama "hijab".  Eles têm muito que lembrar a nós cristãos!

1 de fevereiro de 2010 : Para ser honesta, estou passando por uma crise em minha fé, minha identidade e minha vocação.  Minha crise é que sou muçulmana por fora e católica por dentro! Não consigo suportar abrir mão de Jesus, mas não consigo deixar de gostar do modo de vida dos muçulmanos! Gosto de ambos e parece que isso me colocar na margem entre o Cristianismo e o Islã.

16 de fevereiro de 2010 :No último ano tenho tido uma atração cada vez maior pela cultura muçulmana/do Oriente Médio.  Posso dizer pessoalmente que se tivesse que escolher minha religião de acordo com meus sentimentos atuais, me converteria ao Islã!

2 de março de 2010: ...Estou um pouco zangada e desiludida com o mundanismo na igreja que obscurece sua luz... Às vezes olho para os muçulmanos e desejo muito poder ser uma, já que sou fascinada pelo Islã nos últimos um ou dois anos, mas sei que não posso porque sou muito apegada a Jesus. 

Assisto dois programas muçulmanos toda semana, só por interesse.  Em um dos programas havia um homem que se tornou muçulmano.  Ele disse que o que mais gostava na religião era sua simplicidade e que amava a maneira como os muçulmanos são dedicados, mostrando sua fé na forma como vivem e se vestem. Pode-se praticamente ver um muçulmano pela sua aparência.  Essas são as principais razões pelas quais também estou fascinada com a religião. Falei com uma senhora muçulmana de meia-idade em uma loja local que vou para adquirir materiais de costura.  A loja é administrada por muçulmanos e falei com essa senhora antes, porque ela me perguntou por que uso o véu.  Disse a ela que embora não fosse muçulmana, era uma "amiga dos muçulmanos".  O rapaz atrás do balcão disse uma vez no ano passado que eu ficava bem de lenço.  Fiquei muito feliz com o elogio.  Aqui estavam pessoas que me compreendiam! Isso me fez tão feliz!

Foi muito engraçado, mas uma vez há um bom tempo atrás quando estava fazendo compras...com minha mãe, estava com meu véu como uma muçulmana e minha mãe disse: "Você devia ter nascido muçulmana!" Disse a ela com um sorriso: "Eu sei!" Certamente não queria me converter, mas à medida que via meu interesse aumentando, me preocupava em perder minha fé cristã, apesar de tudo... Minhas crenças em relação ás mulheres (e mesmo algumas sobre o casamento) são as mesmas que as islâmicas e às vezes sinto que me encaixo melhor com eles do que entre católicos.  Não tenho tanta sensação de pertencimento, quanto entre muçulmanas. 

3 de março de 2010 :Ela disse que devo tentar e encontrar a causa de meu amor pelo véu e fiquei frustrada quando ela levantou esse assunto. Senti-me irritada quando ela disse que "o véu católico" não era suficiente para mim e que naturalmente adotei a "forma extrema do véu muçulmano." O que é o véu católico, afinal de contas?  Posso usar uma mantilha para a missa, sim, mas não posso sair com ele. É por isso que não a uso! Tenho que ser muçulmana para gostar do véu? 

5 de junho de 2010:Devo confessar outras coisas, tenho um forte interesse no Islã e vejo muitas opções no Cristianismo. O Islã parece tão imutável e atemporal e o Cristianismo parece ter mudado tanto que se tornou irreconhecível.

18 de janeiro de 2011: Disse a você antes que tenho tido uma fascinação pelo Islã, que cresceu até que coloquei um fim na fascinação, porque temia que me levasse para o caminho errado.  Logo depois disso, fui para o convento.  Quando retornei, o interesse voltou e, de fato, está me atraindo tanto que decidi investigar mais o Islã.

Essa religião me atrai muito, porque meu comportamento é mais a de uma muçulmana do que de uma cristã. É como se minhas opiniões pessoais sobre muitas coisas (especialmente sobre modéstia e o véu) estivessem refletidas no Islã. A situação na qual estou agora está na verdade seguindo o mesmo padrão de meu interesse no Catolicismo - estava com muito medo de contar à minha mãe, a princípio; estava com muito medo de explorar o Catolicismo por medo da danação e o estudei em segredo e o pratiquei antes de me decidir sobre qualquer possibilidade de conversão. 

Como cristã me sinto cada vez mais sozinha, porque estou sozinha em algumas de minhas convicções, enquanto que como muçulmana seria uma das muitas que acreditam e encontraria solidariedade e apoio.  De fato o Islã me atraiu pela mesma razão que o Catolicismo me atraiu a princípio - Unicidade que exibe mais visivelmente na prática.  Esse interesse no Islã me preocupa porque estou com medo (como estava antes de me decidir tornar-me católica) de que se mudar minha crença estarei condenada ao inferno.  Não consigo ver como Deus condenaria outras religiões ao inferno apenas porque não seguem diretamente a Cristo.  Entretanto, como cristã me dizem que se abandonar Jesus estarei perdida. Não consigo aceitar a conversão agora, mas do jeito que meu interesse está se desenvolvendo, parece se tornar cada vez mais viável.  Isso me assusta e, ainda assim, o que posso fazer?  Devo negar o Islã, que me atrai tanto?

11 de fevereiro de 2011: Estou passando por uma crise de fé novamente...  Voltou ainda mais que antes.  Estou me sentindo desiludida com o Cristianismo de novo.  Meu coração está vacilando. Estou apavorada de ir para o inferno e, ao mesmo tempo, exausta de ouvir que irei para o inferno se optar por mudar minha crença.

13 de fevereiro de 2011: [em resposta aos meus amigos que estavam muito preocupados comigo] É duro demais tentar me adequar com os cristãos quando me adequo mais com os muçulmanos.  E não é só por causa da maneira como me visto ou creio em relação à modéstia.  Também tem a ver com o quanto amo a maneira que eles adoram, usando reverências e prostrações, tirando seus sapatos, todos em uníssono, homens e mulheres separados, o estilo de vida deles simples e prático e sua surpreendente peregrinação, diferente de qualquer outra. Até a maneira como enterram seus mortos é a forma como quero ser enterrada. Até encontrei um nome islâmico que gosto! - Saadiqah (que significa amante da verdade, modéstia).  "O que está havendo comigo?Como ouso ir nessa direção?" Pergunto a mim mesma.

Quando vou à missa me sinto uma peculiaridade e anseio estar cercada de muçulmanos. Não consigo sentir uma conexão com muitos outros cristãos, particularmente as mulheres, e isso dói.

O que seria melhor?

Martirizar-me continuando nesse jeito solitário, sendo uma peculiaridade e não me encaixando, em nome de ser uma luz, ensinando modéstia - e ainda assim me sentir amarga, exclusivista e solitária?

Ou

Encontrar um nicho no qual encontrarei uma sensação de pertencimento a uma comunidade, não ajudando tanto aos outros (embora ainda continuando a costurar), mas sendo feliz e tendo paz interior?

O que seria mais importante do que evitar o caminho do pecado em minha própria alma?  Não posso abençoar outras almas se não estou feliz em minha própria alma primeiro.

Posso assegurar que estou orando a Deus. Estou certa que Ele quer que eu seja eu mesma e também sinta que pertenço a outros.  Não posso pensar em Deus zangado comigo só porque busco e exploro. Estou apenas especulando. Nada é definitivo, mas me sinto dividida entre dois caminhos. 

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