Vidência (parte 1 de 3)
Descrição: Um olhar sobre como a prática de vidência difere do Islã.
- Por Dr. Bilal Philips
- Publicado em 18 Mar 2013
- Última modificação em 16 Jun 2013
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Existe na humanidade pessoas que alegam conhecimento do oculto e do futuro. São conhecidas por vários nomes, entre eles: videntes, adivinhos, mágicos, oráculos, astrólogos, quiromantes, etc. Os videntes usam vários métodos e meios com os quais alegam extrair suas informações, entre eles: ler folhas de chá, traçar linhas, escrever números, ler a mão, ver horóscopos, bolas de cristal, uso de ossos e varetas, etc.
Os praticantes das artes ocultas que alegam revelar o oculto e prever o futuro podem ser divididos em duas categorias principais:
1. Os que não têm conhecimentos ou segredos reais, mas dependem de dizer a seus clientes sobre incidentes genéricos que acontecem com a maioria das pessoas. Geralmente passam por uma série de rituais sem sentido e então fazem suposições gerais de forma calculada. Algumas de suas suposições, devido à sua generalidade, geralmente tornam-se verdade. A maioria das pessoas tende a lembrar das poucas previsões que se realizaram e rapidamente esquecem as muitas que não se realizaram. Essa tendência é resultado do fato de que após algum tempo todas as predições tendem a tornarem-se pensamentos meio-esquecidos no subconsciente até que algo aconteça para ativar sua lembrança. Por exemplo, tornou-se prática comum na América do Norte publicar no início de cada ano várias predições de videntes famosos. Quando foi feita uma pesquisa das várias predições para o ano de 1980, descobriu-se o vidente mais preciso entre eles foi preciso em apenas 24% de suas previsões!
2. O segundo grupo é o daqueles que fizeram contato com os Jinns (gênios). Esse grupo é o mais importante porque geralmente envolve o pecado grave de Shirk[1]e os envolvidos geralmente tendem a ser altamente precisos em sua informação e, assim, apresentam uma Fitnah (tentação) real tanto para muçulmanos quanto para não muçulmanos.
Mundo dos Gênios
Algumas pessoas tentaram negar a realidade dos gênios sobre os quais o Alcorão devotou um capítulo inteiro, a Surata dos Gênios (capítulo 72). Ao apoiarem-se no significado literal da palavra Jinn que vem do verbo Janna, Yajunnu “cobrir, esconder ou ocultar”, alegam que a palavra Jinn de fato refere-se a “estrangeiros espertos”. Outros afirmaram que um Jinn é um humano que não tem uma mente verdadeira em sua cabeça e tem uma natureza ígnea. Mas a realidade é que o Jinn representa outra criação de Deus, que coexiste com o homem na terra. Deus criou os Jinns antes de criar a humanidade e também usou um conjunto diferente de elementos que os usados para o homem. Deus disse:
“Criamos o homem de argila, de barro modelável. Antes dele, havíamos criado os gênios de fogo puríssimo.” (Alcorão 15:26-27)
Foram chamados de Jinn porque estão ocultos dos olhos da humanidade. Iblis (Satanás) estava em companhia dos anjos que foram comandados por Deus para prostrarem-se para Adão. Quando se recusou e lhe foi perguntado por que, ele respondeu:
“ Sou superior a ele. A mim me criaste do fogo, e a ele do barro.” (Alcorão 38:76)
Aisha relatou que o profeta, que Deus o louve, disse: “Os anjos foram criados da luz e os jinns do fogo sem fumaça.” (Saheeh Muslim)
Deus também disse:
“ E (lembra-te) de quando dissemos aos anjos: Prostrai-vos ante Adão! Prostraram-se todos, menos Lúcifer, que era um dos gênios.” (Alcorão 18:50)
Portanto, é incorreto considerá-lo um anjo caído ou algo parecido.
Os jinns podem ser primeiro divididos em três categorias gerais em relação aos modos de existência. O Profeta disse:
“Existem três tipos de Jinn: Um tipo voa no ar o tempo todo, outro tipo existe na forma de cobras e cães e um tipo terrestre, que reside em um lugar ou é andarilho.” (At-Tabaree e al-Hakim).
Os jinns podem ser depois divididos em duas categorias gerais em relação à sua crença: Muçulmanos (crentes) e kaafirs (descrentes). Deus refere-se aos jinns crentes na Surata dos Gênios como se segue:
“Dize: Foi-me revelado que um grupo de gênios escutou (a recitação do Alcorão). Disseram: Em verdade, ouvimos um Alcorão admirável, que guia para a verdade, pelo que nele cremos, e jamais atribuiremos parceiro alguém ao nosso Senhor. Cremos em que - exaltada seja a Majestade do nosso Senhor - Ele jamais teve cônjuge ou prole, E o insensato, entre nós, proferiu extravagâncias a respeito de Deus.” (Alcorão 72:1-4)
“E, entre nós, há muçulmanos, como também há os desencaminhados. Quanto àqueles que se submetem (à vontade de Deus), buscam a verdadeira conduta. Quanto aos desencaminhados, esses serão combustíveis do inferno.” (Alcorão 72:14)
Os descrentes entre os Jinns são chamados por vários nomes em português e árabe: Ifrit, Shaytan, Qarin, demônios, diabos, espíritos, fantasmas, etc. Tentam desorientar o homem de várias maneiras. Quem lhes dá ouvidos e trabalha para eles é chamado de demônio humano.
Deus disse:
“Pela mesmo razão, temos apontado a cada profeta adversários sedutores, tanto entre os humanos como entre os gênios.” (Alcorão 6:112)
Todo humano tem um jinn individual que o acompanha chamado Qarin (ou seja, companheiro). Essa é uma parte do teste do homem nessa vida. O jinn o encoraja os desejos mais básicos e constantemente tenta desviá-lo da retidão. O profeta referiu-se a essa relação da seguinte forma:
“Cada um de vós teve um jinn nomeado como companheiro.” Os Sahabah (Companheiros do Profeta) perguntaram: “Ó Mensageiro de Deus, até tu?” E o profeta respondeu: “Até eu, exceto que Deus me ajudou contra ele e ele tornou-se submisso. Agora ele só me diz para fazer o bem.” (Saheeh Muslim)
O profeta Sulayman (Salomão) recebeu o controle milagroso sobre os jinns, como sinal de sua missão profética. Deus disse: “ E foram consagrados ante Salomão, com os seus exércitos de gênios, de homens e de pássaros.” (Alcorão 27:17) e foram todos mantidos em ordem e fileiras.
Mas esse poder não foi concedido a mais ninguém. Ninguém mais tem permissão para controlar os jinns e ninguém pode fazê-lo. O profeta disse: “Em verdade um Ifrit de entre os Jinns cuspiu em mim noite passada, tentando interromper minha oração. Entretanto, Deus permitiu que eu o subjugasse e queria amarrá-lo a uma das colunas na mesquita para que todos vocês pudessem vê-lo pela manhã. Então, lembrei-me da súplica de meu irmão Sulayman: “ Ó Senhor meu, perdoa-me e concede-me um império que ninguém, além de mim, possa possuir.” (Alcorão 38:35)[2]
Vidência (parte 2 de 3)
Descrição: Um olhar sobre como a prática de vidência difere do Islã. Parte 2: Papel dos Gênios.
- Por Dr. Bilal Philips
- Publicado em 18 Mar 2013
- Última modificação em 18 Mar 2013
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O homem não pode obter o controle sobre os gênios, já que isso foi um milagre especial concedido somente ao profeta Sulayman. De fato, o contato com os gênios em circunstâncias que não sejam de possessão ou acidente é na maioria das vezes feito através da execução de atos sacrílegos desprezados e proibidos na religião. O gênio maléfico convocado dessa forma pode auxiliar seus parceiros no pecado e descrença em Deus. Seu objetivo é levar tantos quanto possível para o maior dos pecados, a adoração de outros ao lado de Deus.
Uma vez que contato e contrato com o gênio são feitos por videntes, os gênios podem informá-los de certos eventos no futuro. O profeta descreveu como o gênio coleta informação sobre o futuro. Relatou que os gênios eram capazes de viajar aos níveis mais baixos dos céus e ouvir alguma informação sobre o futuro que os anjos passavam entre si. Então retornava para a terra e transmitia a informação para seus contatos humanos.[1] Isso costumava acontecer muito antes da missão profética de Muhammad e os videntes eram muito precisos em sua informação. Eram capazes de conquistar posições nas cortes reais e desfrutavam de muita popularidade e eram até adorados em algumas regiões do mundo.
Depois que o profeta Muhammad iniciou sua missão a situação mudou. Deus fez os anjos guardarem os níveis mais baixos dos céus cuidadosamente e a maioria dos gênios era expulsa com meteoros e estrelas cadentes. Deus descreveu esse fenômeno na seguinte afirmação corânica feita por um dos gênios: “Nós (os gênios) quisemos inteirar-nos acerca do céu e o achamos pleno de severos guardiães e flamígeros meteoros. E costumávamos nos sentar lá, em locais (ocultos), para ouvir; e quem se dispusesse a ouvir agora, defrontar-se-ia com um flamígero meteoro, de guarda.”
Deus também disse:
“E o protegemos de todo o demônio maldito. E aquele que tentar espreitar persegui-lo-á um meteoro flamejante.” (Alcorão 15:17-18)
Ibn Abbas disse: “Quando o profeta e um grupo de seus companheiros partiram para o mercado de Ukad, os demônios foram bloqueados de ouvir informação nos céus. Os meteoros foram lançados sobre eles, para que retornassem para seu povo. Quando seu povo perguntou o que aconteceu, eles contaram. Alguns sugeriram que algo deve ter acontecido, para que se espalhassem sobre a terra procurando a causa. Alguns deles vieram ao profeta e seus companheiros enquanto estavam fazendo oração e ouviram o Alcorão. Disseram para si mesmos que devia ter sido que os impediu de ouvir. Quando retornaram para seu povo, contaram. “Em verdade, ouvimos um Alcorão admirável. Que guia para a verdade, pelo que nele cremos, E jamais atribuiremos parceiro alguém ao nosso Senhor.”[2]
Assim, os gênios não puderam mais coletar informação sobre o futuro tão facilmente quanto antes da missão do profeta. Por causa disso, agora misturam sua informação com muitas mentiras. O Profeta disse: “Eles (os gênios) passavam a informação adiante até que alcançasse os lábios de um vidente. Às vezes um meteoro os ultrapassava antes que pudessem passá-la adiante. Se a passassem adiante antes de serem atingidos, adicionavam a ela centenas de mentiras.” (Saheeh Al-Bukhari, At-Tirmidhi)
Aisha relatou que quando perguntou ao mensageiro de Deus sobre videntes, ele respondeu que não eram nada. Ela então mencionou que os videntes às vezes diziam coisas que eram verdadeiras. O Profeta disse: “É um pedaço de verdade que o gênio rouba e cacareja no ouvido de seu amigo, mas ele mistura com ela centenas de mentiras.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)
Uma vez Umar ibn al-Khatab estava sentado e um belo homem, Sawad Ibn Qarib passou por ele. Umar disse: “Se não estiver errado, essa pessoa continua seguindo sua religião dos tempos pré-islâmicos ou talvez seja um dos videntes.” Ordenou que o homem fosse trazido até ele e perguntou sobre o que suspeitava. O homem respondeu: “Nunca vi um dia como esse em que um muçulmano enfrenta tais acusações.” Umar disse: “Em verdade, estou determinado que me informe.” O homem então disse: “Eu era um vidente no tempo da ignorância.” Ao ouvir isso Umar perguntou: “Conte-me sobre a coisa mais estranha que sua gênia contou a você.” O homem então disse: “Um dia, enquanto estava no mercado, ela veio até mim toda preocupada e disse: ‘Não viu os gênios em desespero após a desgraça que lhes abateu? E o fato de seguirem camelas e seus montadores.” Umar interpôs: “É verdade.” (Saheeh Al-Bukhari)
Os gênios também são capazes de informar seus contatos humanos do futuro relativo. Por exemplo, quando alguém vai a um vidente, o gênio do vidente obtém a informação do Qarin do homem (o gênio designado para cada ser humano) de quais planos ele havia feito antes de sua vinda. Então o vidente é capaz de dizer que ele fará isso ou aquilo ou irá aqui ou acolá. Através desse método, o vidente real também é capaz de aprender sobre o passado do estranho em detalhes vívidos. Ele é capaz de contar a um completo estranho sobre os nomes de seus pais, onde nasceu, os atos de sua infância, etc. A habilidade de descrever vividamente o passado é uma das marcas de um verdadeiro vidente que fez contato com o gênio. Como o gênio é capaz de cobrir grandes distâncias instantaneamente, também são capazes de coletar enormes quantidades de informação sobre coisas ocultas, artigos perdidos ou eventos não observados. A prova dessa habilidade pode ser encontrada no Alcorão, na história sobre o profeta Sulayman e Bilqis, a rainha de Sabá. Quando a rainha Bilqis foi vê-lo, ele pediu ao gênio que trouxesse o trono da rainha da terra dela. “Um Ifrit de entre os gênios disse “eu o trarei antes que possa levantar-se de seu lugar. Em verdade, sou forte e confiável para a missão.”[3]
Vidência (parte 3 de 3)
Descrição: Um olhar sobre como a prática de vidência difere do Islã. Parte 3: A crença islâmica nos videntes.
- Por Dr. Bilal Philips
- Publicado em 25 Mar 2013
- Última modificação em 25 Mar 2013
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O Parecer Islâmico sobre a Vidência
Como o sacrilégio e heresia envolvidos em vidência, o Islã adotou uma posição muito forte em relação a isso. O Islã se opõe a qualquer forma de associação com quem pratica vidência, exceto para aconselhá-los a abandonar suas práticas proibidas.
Visita a Videntes
O Profeta, que Deus o exalte, estabeleceu princípio que proíbem claramente qualquer forma de visita a videntes. Safiyyah relatou de Hafsa (esposa do profeta) que o profeta disse: “A oração de quem se aproxima de um vidente e pergunta a ele sobre qualquer coisa não será aceita por 40 dias e noites.” (Saheeh Muslim) A punição nesse hadith é por simplesmente aproximar-se de um vidente e fazer-lhe perguntas por curiosidade. Essa proibição é mais enfatizada pelo hadith de Mu’aawiyah Ibn al-Hakam asSolamee no qual ele disse: “Ó mensageiro de Deus, verdadeiramente existem algumas pessoas entre nós que visitam oráculos”. O Profeta respondeu: “Não vá com elas.” Uma punição tão severa foi determinada por apenas visitar porque é o primeiro passo para acreditar em vidência. Se alguém for em dúvida sobre sua realidade e algumas das predições do vidente se concretizarem, certamente se tornará um verdadeiro devoto do vidente e um crente ardoroso em vidência. O indivíduo que se aproxima de um vidente é ainda obrigado a fazer sua oração compulsória ao longo do período de 40 dias, mesmo que não receba recompensa por suas orações. Se abandona a oração também, cometeu outro grande pecado.
Crença em Videntes
O parecer islâmico em relação a qualquer um que visite um vidente acreditando que ele conhece o oculto e o futuro é de Kufr (descrença). Abu Hurayrah e al-Hasan relataram do profeta, que Deus o louve, que ele disse: “Quem aborda um vidente e acredita no que ele diz, desacreditou no que foi revelado a Muhammad.” Tal crença atribui à criação alguns dos atributos de Deus em relação ao conhecimento do oculto e do futuro. Consequentemente, destrói o Tawheed alAsmaa was-Sifaat e representa uma forma de Shirk nesse aspecto do Tawhid.
O parecer de Kufr inclui por analogia (Qiyas), aqueles que leem os livros e escritos de videntes, os ouvem no rádio ou os assistem na TV, já que esses são os meios mais comuns usados pelos videntes do século 20 para propagar suas predições.
Deus claramente afirma no Alcorão que ninguém conhece o oculto além Dele. Nem mesmo o profeta Muhammad. Deus diz: “Com Ele estão as chaves do oculto e ninguém o conhece exceto Ele.”
Então Ele disse ao profeta Muhammad: “Dize! Não tenho poder para trazer o bem para mim mesmo e nem evitar o mal, mas somente o que Allah deseja. Se tivesse conhecimento do oculto, teria multiplicado o bem e nenhum mal teria me tocado.”
Ele também diz: “Dize: Ninguém nos céus e na terra tem conhecimento do oculto, exceto Allah”.
Portanto, todos os vários métodos usados ao redor do mundo por oráculos, videntes e similares, são proibidos para os muçulmanos.
Leitura de mão, I-Ching, biscoitos da sorte, folhas de chá e também signos do zodíaco e programas de computador de bio ritmo, todos alegam informar aos que sobre o futuro aos que acreditam neles. Entretanto, Deus afirmou em termos inequívocos que somente Ele sabe o futuro: “Em verdade, Deus possui o conhecimento da Hora. Ele é Quem envia a água do céu e conhece o que encerram os ventres maternos. Nenhum ser sabe o que ganhará amanhã, tampouco nenhum ser saberá em que terra morrerá, porque (só) Deus é Sapiente, Inteiradíssimo!” (Surata Luqman 31:34)
Portanto, os muçulmanos devem tomar o máximo cuidado ao lidar com livros, revistas, jornais e também indivíduos que, de uma forma ou de outra, reivindicam conhecimento do futuro ou do oculto. Por exemplo, quando um homem do tempo prediz chuva, neve ou outras condições climáticas para amanhã, ele deve acrescentar a frase “Insh’Allah (Se Deus assim desejar)”. Da mesma forma, quando a médica muçulmana informa à sua paciente que ela terá um bebê em 9 meses ou em determinado dia, deve ter cuidado para acrescentar a frase “Insh’Allah”, já que essas afirmações são apenas estimativas baseadas em informação estatística.
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