Walter Gomez, ex-cristão, EUA

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Descrição: Imigrante latino encontra paz no Islã depois de uma adolescência em clubes, com bebidas, drogas, promiscuidade e violência de gangue em Washington D.C.

  • Por Walter Gomez
  • Publicado em 18 May 2015
  • Última modificação em 18 May 2015
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Minha conversão ao Islã alarmou muitos amigos e membros da família.  Parece estranho para eles que um latino como eu se torne muçulmano.  O catolicismo e o protestantismo são as principais religiões na América Latina e são religiões razoáveis para qualquer latino-americano se converter, mas se minha família segue as denominações católica ou protestante, por que o Islã? Bem, minha conversão ao Islã não foi por meio de qualquer membro da família como a maioria, cujas ideias dos pais sobre a vida lhes foram passadas e eles aceitam como verdade, sem buscar.  A jornada para Deus é uma bela estrada que foi dada aos profetas por Deus, para nós humanos.  Os profetas são nossos caminhos e é esse caminho que sigo.

Minha história começa em meu local de nascimento, El Salvador, um país tropical bonito localizado na América Central, cheio de frutas exóticas e deliciosas.  As pessoas são calorosas e recebem bem as outras e têm uma cultura muito íntima.  Nossa cultura é um encontro da mistura de muitas culturas ricas.  Se misturar espanhol, dialeto árabe com o sabor africano dos ritmos e o amor pela terra dos índios nativos, você tem o belo povo de El Salvador.

Nasci em 1975, da classe média dos pobres. Sim, éramos pobres, mas tínhamos uma abundância de alimentos.  Meu pai era um fazendeiro cuja família havia comprado muita terra barata e eram bem de vida. Minha mãe era de uma família pobre e muito humilde que vivia da pesca e de fazer trabalhos para outros para sobreviver.  As famílias se opuseram ao casamento porque um era pobre e o outro muito pobre.  Então meu pai fez o que a maioria faz e fugiu com minha mãe para a casa do meu avô, mesmo que meu avô não gostasse.  Depois ambas as famílias aceitaram e meu avô deu ao meu pai uma casa, na qual nasci.  A casa era de antiga e de tijolo cru.

Meu pai veio para a América em 1978 para fazer dinheiro rápido e ficou indo e voltando por um período de 4 anos, até que comprou um caminhão com o irmão e trabalhou por um tempo.  Então ele sentiu novamente a necessidade de voltar e desde que a guerra começou, teve medo por si mesmo e por mim.  Em 1983 ele deixou novamente El Salvador, mas com a intenção de trazer a família e ficar de vez.  Então, depois que meu pai partiu, passei muito tempo com meu avô que era protestante. Costumava ouvir as leituras bíblicas e gostava de olhar as fotos na Bíblia.  Costumava perguntar "alguém ainda se veste como as pessoas desenhadas na Bíblia, com túnicas longas, turbantes e barbas?" e respondia "não, isso foi há muito tempo".  Era fascinado com Noé, Moisés, Abraão e, em particular, com Jesus.  Tinha uma vontade imensa de encontrar pessoas como Jesus, a forma como ele falava na Bíblia e como se vestia, sua bela barba proporcionava um mistério e ele parecia muito sábio.  Nunca vi isso em minha família que era muito religiosa ou nas duas denominações cristãs.

Em 1984 meu pai enviou uma carta para minha mãe dizendo a ela para ir para a América e me levar também.  Quando minha mãe me contou, fiquei enjoado e destruído.  Porque sentia que estava no paraíso e não queria partir.  Chorei o dia quase todo implorando minha mãe para me deixar com meu avô, mas minhas palavras não foram ouvidas.

Deixamos El Salvador em agosto e gostei da viagem para a América, mas foi muito difícil para minha mãe.  Minhas duas irmãs ficaram com minha tia em San Salvador, a capital de El Salvador.  Chegamos ao aeroporto nacional de Washington D.C três semanas depois de sairmos de El Salvador.

Depois de passar um tempo aqui na América constatei que as religiões são desprezadas pela sociedade e consideradas algo privado, não um modo de vida.  Não sentia o amor de Deus como em El Salvador, mas ainda tentei mantê-Lo em meu coração.  A maioria dos meus desejos por Deus em minha vida se foram na América. Fui para escolas comuns até o segundo grau, mas minha sede por religião começou no segundo grau.

Em 1990, meu primeiro ano no segundo grau, que alegria!!! Estava muito feliz no primeiro dia. Minha prima Ana me avisou para ter cuidado porque os veteranos prendiam os calouros em armários, mas não me importei porque estava feliz.  Logo descobri que não eram os veteranos que batiam nos calouros e os prendiam em armários, mas o time de futebol.  Eles não estavam interessados só em calouros, mas em latinos em geral.  Éramos tão aterrorizados que costumávamos nos esconder nos banheiros quando víamos um deles vindo! Eles eram muito altos, enquanto que a maioria dos latinos era baixa!  No meio do ano formamos uma gangue para nos proteger do time de futebol e fomos ficando realmente loucos. Em um determinado ponto o time de futebol tentou se desculpar conosco, mas estávamos nos divertindo e não queríamos parar.

Começamos a ir a clubes, beber, usar drogas e, claro, as mulheres não estavam de fora.  Esse período foi o mais perigoso em minha vida.  Costumávamos brigar por coisas estúpidas.  Quase levei um tiro no metrô de Washington D.C por causa de uma discussão estúpida entre meu amigo e alguns garotos.  Os garotos começaram a atirar em mim como se eu fosse o que estava discutindo com eles e uma bala passou por minha cabeça, mal tocando meu cabelo.  Isso foi louco, fomos atrás dos garotos que atiraram em nós e eles apanharam muito.  Vinte minutos depois senti uma adrenalina em todo o meu corpo e como se fosse o super-homem! Parecia um sonho e pensei que se meus amigos soubessem me respeitariam! Quando contei a eles sobre o incidente, nenhum deles acreditou.  Em outro incidente em um clube noturno, nos envolvemos em uma briga muito grande.  A briga ficou tão séria que muitos dos meus amigos deixaram a gangue a qual pertencíamos.  Três dos meus amigos foram esfaqueados dentro do clube e um grupo de nós saiu para procurar por eles. Os policiais nos separaram em subgrupos. Os policiais apareceram na hora certa, porque senti a morte em minha garganta.  Podiam ter facilmente me esfaqueado ou matado e olhei para o céu e disse: "Meu Senhor, salve-me e eu O servirei." Um dos meus amigos foi jogado de uma ponte e quebrou a mão enquanto outros escaparam.

Esse mesmo amigo que estava comigo no tiroteio do metrô e no clube noturno começou a ficar mais consciente da vida.  Depois desse incidente ele começou a aprender sobre doutrinas diferentes.  O filósofo dele era Carl Marx, sua sociologia era o comunismo e sua teologia era o Islã.  Para mim ele estava se desligando da vida e eu mesmo comecei a busca, mas na igreja protestante.  Fiquei religioso novamente, orando de novo a Deus por orientação.  Entretanto, não queria ficar muito religioso porque sabia que minha família ia me ridicularizar.  Sempre tinha sido uma pessoa que parecia desinteressado na vida.  Meu amigo começou a pregar sobre seus pensamentos e crenças e disse a ele que meu amor pela igreja protestante estava crescendo, para que ele me deixasse em paz.  Disse a ele que Jesus era meu professor, não um homem negro chamado Elijah Muhammad ou Farrakhan.

Meu amigo na época estava confuso sobre qual era o Islã verdadeiro. O Islã dele parecia muito estranho para mim.  Acreditava que a Nação do Islã era o verdadeiro Islã. Não conhecia as diferenças, que o Islã real não é racista como a Nação do Islã.

Aceitei sua crença socialista no comunismo e Che Guevara e Fidel Castro se tornaram nossos líderes para a modernização do mundo.  Ao mesmo tempo eu não estava muito feliz, porque o comunismo negava a existência de Deus.  Ele insistiu sobre o Islã me dizendo para ler o Alcorão, e assim o fiz.  Fiquei maravilhado em ver Jesus, Moisés, Abraão e muitos profetas da Bíblia nesse Alcorão.  Ele me disse "acreditamos em Jesus como profeta de Deus, não o filho de Deus ou o próprio Deus" e imediatamente respondi que acreditava na mesma coisa.  Ele disse "sua igreja acredita que Jesus é Deus e o filho de Deus e inventaram a Trindade", mas respondi que essa não era minha crença em Jesus e Deus.  Aquilo me fez pensar muito sobre o Cristianismo e a igreja protestante do deus trino, porque nunca soube que Jesus era considerado dessa forma, apesar de ir à igreja.  Fiquei confuso, mas feliz de que houvesse uma religião que tinha o que eu acreditava.

Em 1995 fui trabalhar em uma cafeteria em uma universidade, um ano depois de terminar o segundo grau.  No trabalho vi muitas culturas e pessoas religiosas diferentes.  Eu ainda sentia ódio em relação aos não latinos, mas em minha primeira semana no trabalho um grupo de estudantes veio comprar algumas coisas na loja em que trabalhava e ficaram brigando entre si, porque todos queriam pagar.  Esse incidente foi muito tocante para mim, porque eu era uma pessoa que gostava de dar e meus amigos tiravam vantagem dessa qualidade.  Todas as pessoas no grupo queriam pagar para as outras.  Perguntei a um deles depois naquela semana por que as pessoas do Oriente Médio eram tão generosas entre elas. Ele respondeu: "Devemos isso ao Islã, porque o Islã nos ensina a ser generosos. Alguns de nós não praticamos muito, mas as maneiras islâmicas estão embebidas em nossos corações." Essa declaração me emocionou.  Disse a ele que costumava estudar o Islã por razões políticas.  Ele perguntou: "Por que parou?" Disse a ele que não sabia onde obter mais informação sobre o Islã.  Ele me olhou com alegria e disse que tinha um amigo americano muçulmano que tinha se convertido seis meses atrás.  No dia seguinte vieram me visitar e eu vi esse homem branco vestido como as pessoas na Bíblia e que parecia Jesus.  Meu coração sentiu esse sentimento de calma que ainda sinto.  Ele começou a me perguntar sobre minha saúde, minha família e meu trabalho.  Não mencionou nada sobre religião.  Estava tão feliz que disse a ele para vir toda vez que pudesse, para me ensinar. Por dois meses os muçulmanos vieram com livros, panfletos e apenas para conversar.  Prosseguiu por dois meses e meio e o local ficou fechado durante o verão.  Então por dois meses apenas relaxei e me diverti o verão todo. Entretanto, comecei a me sentir culpado quando bebia.  Quando me sentia dessa forma, costumava me prostrar pedindo perdão.  Em setembro fui a uma festa com meus amigos, fiquei bêbado e quase me envolvi em uma briga, mas meu amigo me lembrou de que estava estudando o Islã. Então parei e perguntei a ele se podíamos ir para casa.  No dia seguinte, às 9 da manhã, acordei com esse sentimento repugnante e o telefone tocou.  Era meu amigo da universidade.  Disse a ele para por favor me pegar e me levar para a mesquita.  Ele veio como um raio para minha casa.  Eu estava nervoso e feliz ao mesmo tempo.  Chegamos a essa bela mesquita, Darul-Al-Hijra, no norte da Virgínia, a dez minutos da minha casa.  Às 10 horas o professor veio, muito calmo e sem forçar me perguntou se eu acreditava que Deus é Único e eu disse "sim". Perguntou se eu acreditava que Jesus era um profeta e o filho de Maria. Eu disse: "Sim." Perguntou se eu acreditava que Muhammad é o último profeta de Deus e respondi, em dúvida, "sim". Naquele momento em dúvida de Muhammad, disse para mim mesmo: "Se acredito nos ensinamentos do Islã, devo ser um tolo para não aceitar quem os trouxe". Disse ao professor que estava pronto para me tornar muçulmano (em submissão a Deus) e ele me disse para repetir:

"Ashadu anla ilaha ilallah Wa ashadu ana Muhammadan Rasululah"

"Testemunho que não há divindade exceto Allah e que Muhammad é o mensageiro de Allah."

" Yo atestiguo que no hay nada digno de adoraci que Alah y Atestiguo que Mujammad es el Profeta de Alah"

Nesse ponto pude sentir o perfume da misericórdia e a doçura do paraíso, a presença de Deus em meu coração devastado e doente.  Senti o brilho de meu novo modo de vida.  Minha vida estava pronta para a próxima jornada na terra, a jornada para o paraíso.

Todos os louvores são para Allah, Senhor dos Mundos que me convidou para o Islã, dentre bilhões de pessoas na terra, para ser muçulmano.  Sou muito grato a Allah por me dar a chance de realizar a Umrah em 1997.

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