O Retorno de Jesus (parte 1 de 5)
Descrição: Semelhanças e diferenças sobre a segunda vinda de Jesus entre cristãos e muçulmanos. O Messias no fim dos tempos de acordo com o Judaísmo.
- Por Jeremy Boulter (© 2009 IslamReligion.com)
- Publicado em 11 May 2009
- Última modificação em 18 Dec 2023
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Tanto o Islã quanto o Cristianismo esperam o retorno de Jesus no fim dos tempos, e ambos esperam que testes e tribulações ocorram na época. Muitos dos temas desses testes são semelhantes, mas também são diferentes em detalhes e definição. Ambas as religiões esperam que a nação de crentes seja vitoriosa, mas os cristãos acreditam que seja definida como os crentes no Evangelho do Novo Testamento e em Cristo como ‘o Salvador’ e ‘a Encarnação’ de Deus, enquanto o muçulmano sabe que se refere àqueles que acreditam no monoteísmo puro vinculado à submissão ao Único e Verdadeiro Deus.
O retorno de Jesus é precedido em ambas as religiões por sinais, novamente semelhantes na descrição geral, mas sutilmente diferentes nos detalhes. Ambas as religiões ensinam que o retorno de Jesus será precedido por uma grande e poderosa figura de falsidade e tentação, chamada o Masih ad-Dajjal (O Falso Messias) pelos muçulmanos e o Anticristo pelos cristãos. Antes desse evento outros sinais que estão de acordo incluem um aumento geral na imoralidade e fornicação, assassinato e crimes, e ilegalidade generalizada, libertinagem e distanciamento da religião e conhecimento verdadeiro. Acompanhando esses sinais de mal-estar civil existirão guerras[1] destrutivas e desastres naturais que se sucederão. Os detalhes e períodos, entretanto, são substancialmente diferentes, mesmo dentro de crenças particulares. Como a crença cristã vê a segunda vinda depende da interpretação doutrinária adotada. Quatro opiniões são predominantes: pré-milenismo histórico e dispensacionalista, pós-milenismo preterista e amilenismo.[2]
O pré-milenismo[3] tem dois ramos de interpretação. Ambas postulam que Jesus virá e então, após derrotar o Anticristo, governará a terra com os ‘eleitos’ por 1.000 anos antes das almas maléficas serem ressuscitadas e Satanás ser libertado no Anticristo ressuscitado[4]. Elas diferem de forma significativa com relação aos eventos que cercam a segunda vinda.
Embora ambas concordem que isso ocorrerá durante o período de Tribulação de sete anos durante o reinado do Anticristo, uma determina o retorno dos judeus para Israel e a reconstrução do templo durante esse período de sete anos, enquanto que a outra mantém que Jesus restabelecerá Jerusalém como sua capital, reconstruindo o templo durante seu reinado. A primeira determina que os eleitos anteriores da Igreja sejam ressuscitados antes da tribulação começar, e então escolhidos para governar com Jesus, enquanto que os judeus virtuosos serão ressuscitados junto com heróis que se mantiveram firme contra o Anticristo e morreram no fim da tribulação, anunciando seu reino de paz e fartura. A segunda mantém que o ‘arrebatamento’ de todos os eleitos, no caso todos os santos mortos do Cristianismo e os virtuosos do Judaísmo antes do advento de Cristo, acontecerá na segunda vinda de Jesus e dessa forma constituirão, com sua descendência, os cidadãos merecedores do governo do milênio. Quando Satanás for finalmente libertado no Anticristo ressuscitado, uma grande batalha ocorrerá com os seguidores de Satanás e Satanás, o falso profeta, será derrotado e lançado no Inferno, anunciando o fim do mundo. Aqui, mais uma vez, dois ramos diferem. O Histórico vê Gog e Magog como nações que Satanás lidera em rebelião quando é libertado, enquanto que o Dispensacionalista, embora concorde que Satanás liderará um exército de nações iludidas, não coloca Gog e Magog entre elas.[5]
Após a derrota das forças do mal, as montanhas se desintegrarão, a terra se tornará uma planície e o Julgamento será instituído para as pessoas da terra. Os verdadeiros crentes em Cristo serão recompensados com o paraíso e a comunhão eterna com Deus e os descrentes e pecadores que não se arrependeram serão consignados ao inferno e à separação eterna de Deus.
O Preterismo é o nome genérico para o ponto de vista encontrado em ambas as opiniões que se opõem ao pré-milenismo. Vê o retorno de Jesus como já tendo acontecido na época da destruição do templo de Jerusalém, pelo menos em termos de julgamento. Ou seja, vêem as pessoas julgadas quando morrem. Dessa forma, a terra em si é eterna, e o aperfeiçoamento de nossa fé e a verdade sobre Deus é uma tarefa interminável que nos foi determinada por Deus.[6] Entre os preteristas parciais, o momento de perfeição é a segunda vinda física de Jesus, que reinará para sempre sobre aqueles que alcançaram salvação.
O pós-milenismo vê o reinado de 1.000 anos de Jesus de uma forma mais figurativa do que literal, e considera que ele já começou. Jesus é literalmente o rei da terra agora, julgando o morto no momento de sua morte, e a igreja cristã está em processo de aperfeiçoar sua crença nele e a derrota de Satanás. Então Jesus retornará para derrotar o Anticristo, anunciando o fim do mundo e estabelecer a Igreja para governar com ele.
O Amilenismo[7] também vê o reinado de 1.000 anos como figurativo e já estabelecido, mas como o pré-milenismo, entende o Dia do Juízo como o dia de separar os bons dos maus e consigná-los eternamente aos seus respectivos destinos.
Esses pontos-de-vista com frequência se sobrepõem então, não se tem certeza quando uma doutrina termina e a outra começa. Nenhuma delas, entretanto, está em conformidade com a visão islâmica do reino de Jesus e seu papel na segunda vinda.
O Islã vê o retorno de Jesus como uma conclusão de sua vida e missão, que ele deixou incompletos.[8] Como o verdadeiro Messias, apenas ele tem o poder que lhe foi concedido por Deus de derrotar o falso Messias no final dos tempos. Seu governo testemunhará a invasão de Gog e Magog, a quem nem ele será capaz de derrotar. Ao contrário, ele orará a Deus que então os destruirá. O fim de Gog e Magog anunciará o começo de um mundo hegemônico no qual todos serão crentes, ou pelo menos submissos, ao seu reino como representante de Deus. Ele governará pela Lei de Deus como ensinada por Muhammad (ou seja, Islã) (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele), até morrer com uma idade de 70 ou 75 anos. Nesse período haverá fartura para todos, e paz em todo o mundo. Então, algum tempo depois dele morrer e ser enterrado, todos os muçulmanos serão pegos por uma brisa e levados para a vida futura. As pessoas remanescentes na terra serão descrentes, e apenas elas testemunharão o capítulo final da terra.
Muitos desses eventos descritos no Islã ecoam o conceito do Messias no final dos tempos concebido no Judaísmo, embora eles acreditem que a Lei com a qual ele reinará será a Lei de Moisés, ao invés da de Muhammad, que Deus louve a ambos. O Islã e o Judaísmo consideram a vinda do Messias como essencialmente aglomeradora, reunindo crentes dos confins da terra. Ambas vêem seu governo como o retorno aos fundamentos da fé e da Lei. Ambas vêem seu papel como de um líder que lutará a guerra de Deus contra as forças do mal, e que essa guerra será seguida de uma hegemonia pacífica na qual a Lei de Deus prevalecerá em todo o mundo.
Onde eles diferem é quem essa figura do final dos tempos representa. Para os judeus, o Messias necessariamente será um líder judeu que restabelece Israel e o templo e todos os rituais em Jerusalém. Para os muçulmanos, ele representa a vitória do Islã puro, separando hipócritas de verdadeiros crentes.
Todas as três visões do Messias no final dos tempos têm algo em comum. Nos próximos quatro artigos, entretanto, exporemos a descrição islâmica do futuro, que é considerada como estando próxima. Essa visão é muito clara e sujeita à pouca variação doutrinal, ao contrário das opiniões judaica e cristã. Depende de você traçar os paralelos aparentes e rejeitar o que não reflete a verdade.
Footnotes:
[1]De destruição e assassinato mútuos
[2]As quatro opiniões estão representadas na maioria das diferentes denominações do Cristianismo. Entretanto, pode-se dividir de forma ampla a opinião pré-milenista no Dispensacionalismo Católico versus Historicismo Protestante, e a opinião preterista no Pós-milenismo Católico versus Amilenismo Protestante.
[3] Os quatro diagramas foram tirados de (http://www.blueletterbible.org/faq)
[4]O Falso Profeta é geralmente concebido como o Anticristo ressuscitado, possuído ou influenciado por Satanás, mas nem sempre. Outras interpretações o vêem como essencialmente independente, nem possuído ou ressuscitado e nem o Anticristo.
[5]Não é claro em qualquer caso como as ‘nações maléficas’ sobreviveram ao Milênio, se estão ou não constituídas de Gog e Magog.
[6]THE PAROUSIA: A Careful Look At The New Testament Doctrine Of The Lord’s Second Coming (A PARÚSIA: Um Olhar Cuidadoso na Doutrina do Novo Testamento da Segunda Vinda do Senhor, em tradução livre), de James Stuart Russell, (1878)
[7]Ver: AMILLENNIALISM, or The truth of the Return of the Lord Jesus (AMILENISMO, ou A verdade do Retorno do Senhor Jesus, em tradução livre), do Rev. D. H. Kuiper
[8]Não se refere à missão dada a ele por Deus até sua ascensão. Como Jesus não morreu, e eventualmente deve morrer, sua vida não acabou, nem foram executados os trabalhos que constituem o complemento de sua vida. Em João 16:12, Jesus pode ter aludido a isso quando disse: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora,” logo antes de seu retiro para Getsêmani.
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