Khadija Evans, Ex-Católica, EUA (parte 2 de 2)
Descrição: Khadija Evans, americana que experimentou inúmeras denominações cristãs, o ateísmo e até Wicca nos conta como suas investigações sobre o Islã pós 11 de setembro levaram primeiro a ela e depois ao marido dela ao seu lar espiritual final. Parte 2.
- Por Khadija Evans
- Publicado em 09 Nov 2015
- Última modificação em 15 Nov 2015
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Por semanas depois disso comecei a chorar sem razão aparente. Estava no ônibus e tinha que virar minha cabeça para a janela e fingir que estava olhando para fora, para que os outros passageiros não vissem as lágrimas caindo de meus olhos.
Quando estávamos em um restaurante tinha que usar meu guardanapo para secar as lágrimas brotando de meus olhos antes que as outras pessoas notassem e se perguntassem se eu era alguma maluca.
Era cristã na época e me importei. Fiquei devastada. Não conseguia entender como uma religião podia promover tal violência, como a mídia dizia que o Islã promovia. Não fazia sentido para mim. Então decidi saber mais por minha conta. De um jeito ou de outro queria saber a verdade.
Por causa de minha cegueira parcial estava limitada à informação da internet. Encontrar livros sobre o Islã em braile ou impressos com letras grandes o suficiente para que eu pudesse ler era impossível. Conseguia usar um computador porque tinha um software de ampliação instalado que podia aumentar a fonte na tela até um tamanho que eu pudesse ler.
Fiz pesquisas e comecei a ler sobre o Islã. Fui a sites que ensinavam o básico do Islã e me juntei a grupos de discussão online de mulheres muçulmanas, onde fui capaz de fazer perguntas e obter respostas que confirmava por meio de mais pesquisa.
Sempre fui cética. Sempre foi difícil para mim acreditar em algo que não compreendia. Nunca fui do tipo que acreditava em algo simplesmente porque alguém me dizia que era assim. Tinha que saber em minha mente e também em meu coração.
Enquanto estudava o Islã aprendi que o Deus que os muçulmanos adoram é o mesmo Deus dos cristãos e judeus. O Deus de Abraão e Moisés. Descobri que o Islã não promove ou admite o ódio aos não-muçulmanos, nem a matança de pessoas inocentes.
Ao estudar o Islã encontrei as respostas que a mídia não estava nos contando e vim a saber que o Islã é religião verdadeira. Alhumdulilah. Li muitas evidências convincentes, mas as coisas que me provaram que havia um Deus e que o Islã é a verdadeira religião e que o Alcorão é a Palavra de Deus, foram aquelas no próprio Alcorão. As coisas que são de natureza científica. Coisas que foram descobertas por cientistas somente nos últimos 100 anos. O único que poderia saber essas coisas há 1.400 anos era Deus.
Por exemplo, um dia estava em um site sobre as provas científicas no Alcorão. Um dos versículos no Alcorão conta sobre a morte de nosso próprio sistema solar.
Al-Rahman 37-38: "(Será) quando o céu se fender e derreter; e se avermelhar como um unguento. Assim, pois, quais das mercês de vosso Senhor desagradeceis?"
Havia um link que levava para o site da NASA[1].
Quando cliquei no link não tinha ideia do que estaria na próxima página, mas o que vi tirou meu fôlego. Lágrimas brotaram nos meus olhos. Soube - se ainda tivesse quaisquer dúvidas - soube naquele momento que o Islã é a verdadeira religião de Deus. Mash’Allah!
A página para onde o link me levou me mostrou o que parecia uma rosa vermelha. Era a nebulosa Olho de Gato. Que era uma estrela que explodiu há 3.000 anos luz de distância. Tinha sido fotografada com o telescópio espacial Hubble. Os cientistas dizem que é o mesmo destino que aguarda nosso próprio sistema solar. Os muçulmanos se referem a ela como "nebulosa Rosa." Foi descrita no Alcorão há 1.400 anos. As pessoas na época não tinham como saber sobre isso. Somente Deus podia ter sabido.
No dia 12 de setembro de 2002, dia do meu aniversário, os cientistas descobriram uma segunda nebulosa Rosa, usando o telescópio espacial Hubble. Uma dádiva de Deus para toda a humanidade. Dessa vez os cientistas a chamaram pelo nome correto, "a nebulosa Rosa". [2]
Depois de aceitar em minha mente e também em meu coração que o Islã é a religião verdadeira, sabia que já era uma muçulmana e que a única coisa que faltava era professar minha fé.
Procurei por mesquitas em minha comunidade em um diretório na internet. Liguei para uma na cidade mais próxima e disse à pessoa que atendeu ao telefone que queria me converter ao Islã e perguntei a ele quando podia fazer minha shahada (profissão de fé). Ele me disse para estar lá às 4 da tarde no sábado, quando o imame também estaria lá. Disse a ele que ia de ônibus para todos os lugares e que ficaria tarde para eu conseguir voltar para casa e perguntei se podia ir mais cedo. Ele me disse para não me preocupar que alguém me daria uma carona de volta para casa. Cheguei como programado, e como Deus havia programado, e comecei minha nova vida. Mash’Allah!
Desde então percebi que naquele dia aconteceu o maior evento de minha vida. Sempre tinha achado que a coisa mais maravilhosa que tinha acontecido comigo foi o dia em que me casei com meu marido. Mas agora sabia que não. O dia mais importante de minha vida foi o dia em que fiz minha Shahada e aceitei o Islã como o modo de vida que Deus intencionou que eu vivesse. Foi o dia em que reconheci que o Islã é o caminho para a salvação, para o paraíso e fiz uma escolha de praticá-lo.
Não posso dizer que minha conversão ao Islã empolgou meu marido. Ele acreditava no que a mídia estava dizendo sobre os muçulmanos e a religião. Não gostava que eu fosse para a masjid [mesquita] várias noites por semana, deixando-o em casa sozinho e entediado. Numa noite, depois que ele tinha acabado de reclamar mais uma vez de minha ida à masjid, sentei a pouca distância dele e calmamente disse: "Nunca pedirei que pratique uma religião na qual não acredite. Eu o amo demais para tentar e forçar isso a você. Mas eu quero aprender sobre o Islã e, então, você vai ao menos entender no que acredito." Então me levantei, fui para o quarto e terminei de me vestir para ir à masjid. Dei um beijo de despedida nele e saí.
Quando voltei para casa constatei que toda a atitude dele havia mudado. Ele estava alegre e animado. Naquela noite, antes de ir para a cama, ele começou a aprender sobre a bela religião do Islã.
Meu marido começou a ir para a masjid comigo. Enquanto eu estudava com as mulheres, ele conversava com um homem, a quem fazia perguntas. Em casa ele lia coisas na internet e livros que tinha pegado emprestado da masjid. Discutíamos as coisas diferentes que estávamos aprendendo e quando um repórter na televisão relatava a última mentira ou mito sobre o Islã, eu o apontava para ele e explicava a verdade.
Quando chegou o dia em que ele me disse sobre como algum aspecto do Islã devia ser praticado em um tom de voz "eu sei tudo", como se fosse um fato, algo que eu mesma não sabia, perguntei a ele: "Como você sabe disso???" e ele respondeu: "Porque está no Alcorão!!" Fiquei atordoada. Ele acreditava! Alhumdulilah! Ele sabia que o Islã era a verdade! Mash’Allah! Se estava no Alcorão, para ele era verdadeiro! Trinta e seis dias depois de eu professar publicamente minha fé em Deus e em Seu mensageiro, o profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, meu marido professou a dele. Mash’Allah! Fizemos uma cerimônia de casamento islâmico na mesma noite. Chorei quando meu marido fez a Shahada dele. Sabia que estaríamos juntos na Eternidade!
Um mês antes um homem na mesquita tinha me perguntado quais eram as chances de meu marido se converter. Não queria que esse homem tivesse muitas esperanças ou esperasse mais de mim do que eu pudesse fazer e francamente disse a ele: "Zero". Disse: "Não consigo imaginar alguém mudar suas crenças de maneira tão drástica depois de ter acreditado em algo por 70 anos." Mas 14 dias antes de seu 71º aniversário ele abraçou o Islã como sua religião e seu modo de vida. Alhumdulilah!
Na comunidade muçulmana encontramos outra família. Encontramos amizade, amor e aceitação que eram ensinados nas religiões cristãs que praticamos em pontos diferentes em nossas vidas, mas que nunca sentimos que existisse de fato entre a maioria dos membros das igrejas que frequentamos.
A maioria dos muçulmanos em nossa área são imigrantes, mas não encontramos intolerância em relação aos americanos, sejam muçulmanos ou não. Fomos ambos bem recebidos na família do Islã na primeira vez que fomos à masjid. Sempre nos sentimos bem vindos e aceitos.
Desde que abraçamos o Islã encontramos direção e propósito para nossas vidas. Encontramos o significado para nossa existência. Passamos a perceber que realmente estamos aqui somente por um curto período de tempo e que o que vem depois é muito melhor do os prazeres passageiros que esse mundo tem para nos oferecer.
Encontrei um sentido de segurança em relação à vida depois da morte que nunca tinha tido antes. Ambos passamos a ver os problemas que antes víamos como importantes, como de fato oportunidades de crescimento. Agradecemos a Deus pelo que temos e também pelo que não temos. Deus sabe o que é melhor.
Hoje somos muçulmanos. Ainda nos importamos com o 11 de setembro. Ainda choro quando penso um pouco mais sobre os eventos daquele dia. Meu marido ainda se lembra das pessoas pulando dos prédios. Queríamos que só o que tivéssemos a dizer sobre aquele dia fosse que tínhamos "ouvido" que o WTC tinha sido atacado. Mas vimos acontecer e foi a coisa mais devastadora a acontecer em nossas vidas. Mas da tragédia veio a vitória. Da morte veio o conhecimento de que teremos vida depois de nossa morte. E que a passaremos juntos.
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