Equívocos sobre os Direitos dos Animais: Crueldade com animais impuros.
Descrição: O Islã não encoraja a crueldade com porcos e cães.
- Por Aisha Stacey (© 2012 IslamReligion.com)
- Publicado em 19 Nov 2012
- Última modificação em 19 Nov 2012
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O Islã é uma religião devotada ao conceito de misericórdia. Os muçulmanos são encorajados a serem misericordiosos uns com os outros, em relação a toda a humanidade, aos animais e até em relação ao meio ambiente. Deus é o Misericordioso e toda a misericórdia se origina Nele. Quando o profeta Muhammad explicava a qualidade da misericórdia de Deus, costumava usar a metáfora de uma mãe animal demonstrando misericórdia com a sua cria[1].
“E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade, gênios e tudo que existe.” (Alcorão 21:107)
O Islã também se preocupa com dar e assegurar direitos. A Charia, ou leis de Deus inseridas no Alcorão e nas tradições autênticas do profeta Muhammad, empenha-se em proteger direitos. Os seres humanos têm direitos e responsabilidades. Uma dessas responsabilidades é assegurar os direitos que os animais têm à segurança e ao tratamento gentil. Somos responsáveis perante Deus por garantir que os direitos dos animais sejam mantidos e respeitados. A crueldade com os animais é um pecado grave e pode resultar em punição severa.
“Uma mulher foi torturada e colocada no Inferno por causa de um gato que ela trancou até que morresse de fome." O profeta Muhammad, que Deus o louve, disse: “Ela não o alimentou ou deixou que bebesse água enquanto estava preso, nem o libertou para que comesse dos insetos da terra.”
É verdade que Deus decretou que certos animais são impuros, especificamente o cão e o porco. Isso, entretanto, não é uma licença para crueldade. A impureza indica simplesmente que existem certas precauções a serem adotadas e regulamentações particulares a serem seguidas ao lidar com esses animais. Tratar os animais com gentileza, incluindo cães, pode resultar em grande recompensa; assim com tratar os animais com crueldade pode levar uma pessoa ao inferno.
O profeta, que Deus o louve, disse: “Enquanto um homem caminhava, sentiu sede e desceu em um poço para beber água. Quando saía, viu um cão arfando e comendo a lama por causa da sede excessiva. O homem disse: “Esse cão está sofrendo do mesmo problema que eu.” Então ele desceu no poço, encheu seu sapato com água, segurou-o com seus dentes, escalou o poço e deu água ao cão. Deus o agradeceu por sua (boa) ação e perdoou seus pecados.” As pessoas perguntaram: “Ó mensageiro de Deus! Existe uma recompensa para nós por servirmos aos animais?” Ele respondeu: “Sim, existe uma recompensa por servir a toda criatura viva.”[2]
Deus deixou abundantemente claro que a carne do porco é impura[3] e que o cão é um animal impuro. Sem dúvida existe uma sabedoria divina por trás disso; entretanto, um muçulmano se submete aos comandos de Deus voluntariamente, sem precisar saber a razão por trás da norma divina. Além disso, Deus afirmou expressamente que um crente ouve as palavras de seu Senhor e as obedece.
“’Escutamos e obedecemos!’ E serão venturosos.” (Alcorão 24:51)
Ouvir e obedecer a regras estipuladas por Deus não pode ser interpretado como uma licença para ser cruel com qualquer criatura viva. Embora porcos e cães possam causar danos óbvios aos seres humanos, como a carne do porco que abriga doenças e bactérias prejudiciais ao homem ou matilhas de cães que causam doenças, não existe justificativa para a crueldade com eles.
O profeta Muhammad ordenou o abate dos cães de Medina[4] e a razão foi que os cães na época estavam infectados com raiva.A raiva, como se sabe, é uma doença aguda e fatal que causa convulsões no homem e leva à morte. Não havia abrigos para animais ou vacinas para os cães doentes; portanto, matar os cães era o único caminho viável para proteger as pessoas do perigo.
“Meu pai (um dos companheiros do profeta Muhammad) disse: Durante a vida do mensageiro de Deus os cães costumavam urinar e passar por dentro das mesquitas.”[5]
O Islã é claro sobre os direitos dos animais de serem tratados com misericórdia e gentileza; entretanto, é importante lembrar que os animais foram criados para o benefício da humanidade. Não nos é permitido maltratar os animais, nem sobrecarregá-los além de suas capacidades. Por outro lado, não é aceitável colocar a vida dos animais em condições iguais ou superiores às vidas dos humanos. Assim, é permissível abater certos animais para alimento ou necessidade; também é permissível usar os animais para o avanço da ciência médica. Em ambos os casos, a crueldade é proibida.
A humanidade tem permissão de usar os animais para satisfazer suas necessidades legítimas, mas não para satisfazer seus desejos baixos. Qualquer experimento feito em nome do luxo é proibido. Um crente deve estar certo de que a carne que consome foi abatida de forma humana.
Umar ibn Al Khattab, o segundo líder dos muçulmanos após a morte do profeta Muhammad, viu uma pessoa arrastando uma cabra pela perna para abatê-la. Disse-lhe: “Que a ruína tome conta de você; abata-a em uma maneira apropriada.”[6] Umar disse às pessoas que os animais não deviam ser tratados de forma cruel. Expressou sua preocupação com os animais e seu temor de que Deus o questionasse sobre seu tratamento aos animais, dizendo: “Se um camelo tropeçar no vale do Eufrates, temo que Deus me questionará sobre isso.”[7]
A humanidade foi colocada na terra para ser a guardiã da criação de Deus. Tratar os animais com bondade e misericórdia é apenas uma dessas responsabilidades embutidas nessa custódia. O status impuro de alguns animais não tem influência sobre seus direitos à vida livre de dor e sofrimento.
Footnotes:
[1] Saheeh Muslim
[2] Saheeh Al-Bukhari
[3] Para mais informação ver Why Pork is forbidden (Por que o porco é proibido), partes 1 e 2 em (http://www.islamreligion.com/articles/2513/viewall/)
[4] Saheeh Muslim
[5] Saheeh Al-Bukhari
[6]Dr. Mustafa Al-Sabai. Some Glittering Aspects of Islamic Civilization (Alguns Aspectos Brilhantes da Civilização Islâmica), Sharif Ahmad Khan, trad. (Delhi: Hindustan Publication, 1983) p. 138
[7] Sheik Muhammed Karakkunnu, Farooq Umar (Malayalam), Calicute, Índia: IPH, 1984) p. 516.
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