Jason Cruz, ex-sacerdote, EUA
Descrição: Vagando por religiões, um sacerdote americano abraça o Islã.
- Por Jason Cruz
- Publicado em 11 Nov 2013
- Última modificação em 11 Nov 2013
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Alhamdulillah (Graças a Deus) tenho sido abençoado por Allah com a dádiva do Islã desde 2006. Quando me pediram para escrever sobre o caminho que tomei e como Allah me abençoou, fiquei hesitante. Tenho visto outros serem pegos pela fama pessoal ao contar como vieram para o Islã e sabia que não queria ter o mesmo desafio.
Peço a você para receber essa história como o trabalho de Allah e focar em Sua misericórdia e grandeza, em vez de em minha história particular, insh’Allah. Ninguém vem para o Islã sem a misericórdia de Allah e é o Seu trabalho e não o do revertido que realmente importa.
Nasci em uma família católica romana em Nova Iorque. Tive uma mãe católica romana e um pai presbiteriano que se converteu ao catolicismo para casar.
Frequentávamos a igreja aos domingos e passei pelo catecismo, primeira comunhão e, por fim, confirmação dentro da igreja católica romana. Quando era jovem comecei a sentir o chamado de Allah. Esse chamado interpretei como um chamado para o sacerdócio católico romano e disse isso à minha mãe. Ela, satisfeita com isso, me levou para encontrar o padre em sua paróquia local.
Feliz ou infelizmente, esse padre em particular não estava feliz com sua vocação e me aconselhou a ficar longe do sacerdócio. Isso me aborreceu e até hoje não sei como as coisas teriam sido diferentes se a resposta dele tivesse sido mais positiva.
A partir daquele afastamento inicial do chamado de Allah e por conta de minha tolice e na minha adolescência, fui para o lado oposto. Minha família se separou quando eu tinha sete anos e sofri com a perda de meu pai, que não esteve presente após o divórcio.
A partir da idade de 15 anos comecei a ficar mais interessado em boates e festas do que no Senhor do Universo. Sonhava em me tornar um advogado, depois um político com uma cobertura em Manhattan para poder participar de uma festa de alto nível com estilo.
Depois de me formar com honras no segundo grau, fui para a universidade por um curto período. Por conta de meu próprio foco distorcido deixei a universidade e fui para o Arizona (onde continuo a viver até agora), ao invés de obter meu diploma.
Isso é algo do qual me arrependo até hoje. Uma vez em Arizona, minha situação foi de mal a pior. Fiquei envolvido com um grupo muito pior do que o que tinha em casa e comecei a usar drogas. Devido à minha falta de instrução, trabalhava em empregos pouco qualificados e continuava a passar meu tempo nas drogas, promiscuidade e boates.
Durante esse tempo, tive meu primeiro encontro com um muçulmano. Era um homem gentil que frequentava a universidade local como estudante estrangeiro. Estava namorando uma de minhas amigas e com frequência nos acompanhava nas boates e outras festas que frequentávamos. Não discuti Islã com ele, mas o questionei sobre sua cultura, o que ele compartilhou livremente. O Islã não entrou na conversa. Mais uma vez, me pergunto como as coisas teriam sido diferentes se ele fosse um muçulmano praticamente.
Meu péssimo estilo de vida continuou por alguns anos e não vou explicar isso em detalhes. Tive muitos traumas, pessoas que conhecia morreram, fui esfaqueado e ferido, mas isso não é um conto sobre os perigos das drogas.
Só menciono isso para afirmar que não importa onde você esteja, Allah pode trazê-lo de volta, insh’Allah. Vou avançar para quando fiquei livre das drogas. Parte do processo de libertação das drogas e narcóticos é estabelecer uma relação com um “poder mais elevado”.
Para a maioria isso é Deus e ou outras expressões de divindade. Tinha há muito tempo perdido minha conexão com Allah e, assim, fui em busca de meu poder mais elevado. Infelizmente não encontrei a verdade a princípio. Ao invés disso fui para o Hinduísmo, que teve um apelo para mim por causa de sua explicação do sofrimento pelo qual tinha passado.
Envolvi-me completamente e até mudei meu nome para um nome hindu. Foi o suficiente para me manter longe das drogas e levar minha vida para uma direção mais positiva, pelo que sou grato. Finalmente, entretanto, comecei a sentir novamente o puxão de Allah. Isso começou para me mostrar que para mim o Hinduísmo não era o caminho verdadeiro.
Allah continuou a me alfinetar até que deixei o Hinduísmo e comecei a voltar para o Cristianismo. Aproximei-me da igreja católica romana para me tornar um padre, já que achava que era para isso que Allah estava me chamando, e me ofereceram educação e um posto em um monastério no Novo México. Nessa época minha família (mãe, irmão e irmã) tinham se mudado para o Arizona e eu tinha muitos amigos.
Desnecessário dizer que não estava pronto ainda. Em vez disso encontrei uma igreja católica independente em que pude estudar em seu programa de seminário a partir de casa, sendo ordenado e designado para onde já estava morando. Essa igreja católica independente também apelava aos meus ideais liberais que tinha desenvolvido ao longo de meus anos difíceis. Frequentei seu programa de seminário e em 2005 fui ordenado padre.
Meu primeiro ministério em minha nova função foi relações interreligiosas. Minha atribuição foi visitar e aprender sobre as diferentes tradições religiosas na região metropolitana de Phoenix e compartilhar com eles uma mensagem inter-religiosa de paz e compreensão de minha igreja.
A maioria das tradições cristãs eu já tinha estudado e conhecia. Aprimorei-me sobre o Judaísmo e outras religiões do Extremo Oriente. Era o que é conhecido como sacerdote obreiro, o que significa que tinha um emprego e, ao mesmo tempo, estava fazendo meu ministério. Tinha trocado do trabalho em uma corporação americana para uma agência de saúde comportamental.
Meu posto era na mesma rua de uma mesquita. Pensei que essa era minha chance de aprender sobre o Islã para minhas relações interreligiosas. Fui à mesquita e encontrei alguns irmãos muito agradáveis que me direcionaram para a mesquita em Tempe, Arizona.
Também comecei a ler sobre o Islã de forma independente e fiquei surpreso com o quanto fiquei tocado com o que estava lendo. Allah me tinha agora, mas eu ainda não sabia disso. Fui para a mesquita de Tempe e encontrei um professor maravilhoso na forma de Ahmad Al Akoum.
Irmão Al Akoum, que é o diretor regional da Sociedade Muçulmana Americana, tinha uma aula de introdução ao Islã aberta a pessoas de todas as crenças que comecei a frequentar. Enquanto frequentava essa aula, comecei a ver que o Islã era a verdade. Pouco tempo depois fiz minha shahada na mesquita de Tempe com o Sheikh Ahmed Shqeirat. Tanto o irmão Al Akoum quanto o sheikh Shqueirat são grandes homens e sem eles não teria me sentido tão confortável em vir para o Islã. Demiti-me da igreja e tenho sido muçulmano desde então, Alhamdulillah.
A minha vida mudou significativamente para melhor desde que abracei o Islã. A princípio minha família ficou triste por eu ter deixado o sacerdócio e não entendia, e até temia, o Islã. Mas como minha forma de interagir com eles mudou, baseada em minha crescente felicidade e meu empenho em aderir ao Alcorão e à Sunnah, viram isso como uma coisa boa.
Irmão Al Akoum sabia que o primeiro ano é sempre o mais difícil para o revertido. Para minimizar o estresse, assegurou-se de que eu fosse incluído em várias atividades da comunidade e encontrei muitos irmãos bons praticantes. Porque somente através do contato com outros muçulmanos um revertido pode ser bem-sucedido.
Ficar por conta própria pode ser muito intimidador e a crença pode falhar. Então, se você conhece um revertido, por favor visite-o pelo menos uma vez a cada três dias. Progredi em meu trabalho por causa de minha nova base como muçulmano. Tornei-me gerente de um programa que procura prevenir o abuso do álcool e drogas, o HIV e a hepatite para populações de risco.
Tornei-me voluntário não apenas na Sociedade Muçulmana Americana, mas também no Centro Islâmico de Jovens do Arizona e outras causas islâmicas. Fui recentemente nomeado para a diretoria da mesquita de Tempe, onde fiz minha shahada. Alhamdulillah isso também esclareceu quem são meus verdadeiros amigos e quem não é.
Tenho menos amigos não muçulmanos agora, já que não posso participar nas atividades que escolhidas por eles para se divertir, mas desenvolvi amizades valiosas com irmãos muçulmanos, melhores que qualquer coisa tida no passado. Insh’Allah, se Allah escolher, gostaria de estudar Fiqh para avançar a causa do Islã e beneficiar a Ummah que amo. Tudo isso foi através da graça de Allah e somente os erros são meus.
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