Stephen Schwartz, Jornalista, EUA

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Descrição: Ao encontrar conforto no jardim de paz, um jornalista e autor americano, nos conta por que abraçou o Islã.

  • Por Stephen Schwartz
  • Publicado em 21 Oct 2013
  • Última modificação em 21 Oct 2013
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Sou um jornalista e autor americano.  Em 1997, com a idade de 49 anos, depois de mais de 30 anos de estudo, pesquisa e experiência de vida, entrei no Islã.  Essa decisão refletiu muitas questões em minha vida. 

Cresci em um ambiente que seria extremamente estranho para a maioria dos americanos.  Meu pai era judeu; minha mãe era a filha de um famoso ministro fundamentalista protestante.  Meu pai era um estudante religioso, ou Yeshiva-bocher, quando jovem.  Minha mãe foi educada em uma atmosfera de leitura intensiva da Bíblia e conhecia o Velho e o Novo Testamentos muito bem. 

Em Sarajevo, não me sentia um turista.  Tive encontros diretos com os crentes e estudiosos muçulmanos.

As crenças de meus pais foram testadas pelos eventos dos anos 1930.  Minha mãe abandonou o Cristianismo em protesto contra os ataques nazistas contra os judeus, os quais ela tinha sido educada para ver como o “povo original de Deus.” Posteriormente, se converteu ao Judaísmo. 

Meus pais passaram um período longo sob a influência do Partido Comunista, mesmo enquanto continuavam a acreditar na fé judaica.  Esse era um paradoxo trágico de suas vidas; desapontados pelos fracassos das religiões nas quais nasceram.  Entretanto, enquanto hesitavam entre o liberal-radicalismo e Deus, nunca foram extremos sobre o Sionismo. 

De fato, sempre senti dor no conflito no Oriente Médio e sempre ansiei por justiça e amizade entre israelenses e árabes. 

Era um radical de extrema esquerda quando jovem.  Entretanto, também escrevia poesia e mesmo desencorajado pela confusão e amargura de meus pais sobre religião, acreditava em Deus.  Tentei resolver essas questões. 

Acredito que as contribuições mais importantes que serão feitas pelo Islã na América envolvem justiça racial e moralidade pública

Minha primeira busca pela verdade me levou à Igreja Católica.  Embora não tenha me convertido, estava profundamente impressionado pela literatura mística católica. 

Muito cedo aprendi que por trás daqueles trabalhos gloriosos dos místicos católicos espanhóis havia a história do Islã na Espanha e que uma bela inspiração islâmica tinha sobrevivido naquela tradição.  Por fim viajei para a Espanha repetidamente, buscando os traços da longa residência islâmica na Península Ibérica.  Como escritor, pesquisei esse fenômeno por muitos anos.  Estudei os poetas trovadores, que mostravam uma profunda influência islâmica. 

A partir de 1979 estudei Cabala, a tradição do misticismo judaico.  Ali também encontrei uma reflexão islâmica imensa, filtrada através do Judaísmo. 

Entretanto, o evento decisivo em minha jornada para o Islã veio em 1990, quando comecei a viajar para os Balcãs como jornalista.  Visitei Sarajevo fiz reportagens sobre a guerra da Bósnia. 

Em Sarajevo descobri algumas coisas surpreendentes.  Encontrei um posto avançado do Islã na Europa, em um ambiente no qual não me senti como turista, onde podia ter encontros simples e diretos com crentes e estudiosos muçulmanos.  Encontrei poesia e música belas que expressavam os valores da graça e amor islâmicos. 

Tinha descoberto “o jardim do velho imame”, para citar uma linha da famosa canção bósnia - o remanescente do grande período do governo otomano nos Balcãs e suas tremendas contribuições para a civilização islâmica. 

Li passagens do Alcorão e visitei monumentos islâmicos em minhas viagens para os Balcãs.  Continuei voltando ao jardim e finalmente o adentrei. 

Desde que aceitei o Islã tenho procedido de forma cuidadosa ao informar meus amigos, vizinhos, colegas de trabalho e outros.  Não quero provocar conflito ou controvérsia e não quero que essa experiência seja vista como algo superficial ou um capricho.  Não se trata de mim, trata-se de Allah.  Quero proceder de uma forma que fará o melhor para o bem-estar da Ummah e para as relações entre todos os crentes em la ilaha illallah. 

Até agora, não tenho tido problemas além dos comentários grosseiros ocasionais.  As pessoas em minha agência de notícias parecem estar satisfeitas em ter alguém por perto a quem possam se reportar com maior precisão sobre certas questões.  Outros estão surpresos, mas são respeitosos; parecem compreender que isso não se trata de política ou procura por publicidade, mas reflete uma longa busca pessoal. 

Também acho, para ser totalmente honesto, que os não muçulmanos me veem como alguém profundamente afetado por minha experiência nos Balcãs e essa escolha faz sentido naquele contexto. 

Entretanto, logo deixo claro que não sou muçulmano por razões políticas ou humanitárias, mas porque a mensagem do profeta Muhammad, que a paz esteja sobre ele, é a evidência mais clara dos desejos de Allah. 

Como afirmei no começo, vejo muito do que é positivo no Judaísmo e Cristianismo hoje como um reflexo da influência islâmica. 

Mencionei o catolicismo espanhol.  Há uma razão para os católicos espanhóis sentirem sua fé mais intensamente que outros católicos e isso é por causa do legado islâmico em sua cultura.  As Cruzadas e a Inquisição não extinguiram essa luz, por mais que para alguns ela pareça ter diminuído. 

Acredito sinceramente que sem a tolerância dos governantes árabes na Espanha e, particularmente, a proteção generosa estendida pelos califas otomanos, o Judaísmo podia ter desaparecido do mundo.  Certamente os historiadores religiosos judeus de hoje admitem que o Judaísmo atual seria muito diferente sem a contribuição positiva derivada de viver em um ambiente islâmico. 

O aspecto do Islã que mais me impressionou foi a ênfase na paz interior proporcionada pela submissão à vontade de Allah.  Vi isso na educação, cortesia, simplicidade e sinceridade (ikhlas) dos muçulmanos bósnios que tinham passado pelos piores tormentos e ainda sim nunca abriram mão de sua serenidade básica. 

Essa serenidade facilitou a minha vida.  Sempre que me sinto perturbado e testado pela vida cotidiana, ansioso e temeroso sobre o futuro ou frustrado em minhas ambições literárias, minha mente vai agora automaticamente para a lembrança dos muçulmanos que conheço na Bósnia, para a calma e unidade das orações congregacionais e, acima de tudo, para as palavras limpas e confortantes do Alcorão. 

Meu único problema tem sido superar meus temores sobre conflito com judeus e cristãos.  Busco conciliação, embora não concessões ao secularismo. 

Acredito que as contribuições mais importantes que serão feitas pelo Islã na América envolvem justiça racial e moralidade pública.  Todos reconhecemos a verdade da declaração do irmão Malcom X de que a solução para o problema racial da América é o Islã.  Acho que o Islã também oferece a solução para o problema moral da América. 

Antes de me tornar muçulmano, estava impressionado pelos valores dos muçulmanos que conhecia na América e a força moral dos muçulmanos dos Balcãs perante sua provação.  Hoje, devo dizer, estou de certa forma triste em constatar que a Ummah está dividida tão profundamente e ver como os muçulmanos discutem uns com os outros.  Também estou preocupado com o fracasso dos muçulmanos em fazer mais pelas vítimas do imperialismo cristão ortodoxo nos Balcãs.  O Islã trouxe paz e beleza para a minha vida.  Como disse a outros, o restante de meus anos serão dedicados ao serviço de Allah.  Comprometi-me pessoalmente a fazer tudo que puder para reconstruir a mesquita da Bósnia e Kosovo. 

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