Por que os muçulmanos amam o mês de Ramadã
Descrição: Como os muçulmanos passam o mês de Ramadã.
- Por Aisha Stacey (© 2013 IslamReligion.com)
- Publicado em 22 Jul 2013
- Última modificação em 20 Mar 2022
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O Islã usa um calendário lunar - ou seja, cada mês começa com a visão da lua nova. Portanto, como o calendário lunar é aproximadamente 11 dias mais curto que o calendário solar, os meses islâmicos "se movem" a cada ano. Esse ano (2008) o mês islâmico de Ramadã coincide quase exatamente com o mês de setembro. Para os muçulmanos a chegada do Ramadã é uma fonte de alegria e celebração; entretanto, celebramos de uma maneira que parece estranha para as pessoas que não estão familiarizadas com os princípios do Islã. O Ramadã não é um mês de festas e socialização. É um mês de adoração. Jejuar no mês de Ramadã é um dos pilares do Islã.
Os muçulmanos expressam gratidão e amor pelo Único e Verdadeiro Deus obedecendo-O e adorando-O. Adoramos de acordo com Sua orientação revelada no Alcorão e através das tradições autênticas do profeta Muhammad. O Ramadã é especial. É um mês de jejum, leitura e entendimento do Alcorão e orações extras especiais. As mesquitas ficam vivas à noite quando os muçulmanos se reúnem para quebrar o jejum e orar juntos. O som rico e suave da recitação do Alcorão é ouvido através das longas noites, à medida que os muçulmanos se colocam ombro a ombro orando e louvando a Deus.
Os muçulmanos em todo o mundo amam o mês de Ramadã e ficam ansiosos por ele com excitação crescente. Nas semanas que antecedem o Ramadã vidas são escrutinizadas e são feitos planos para um mês de adoração séria e súplicas. A contagem se inicia e as conversas começam com quantas semanas faltam até a chegada do mês abençoado. Talvez os não muçulmanos se perguntem por que ficamos ansiosos por dias de jejum e noites sem dormir. O Ramadã oferece a chance de redenção e grandes recompensas. É um mês sem igual. Um mês de reflexão espiritual e oração. Os corações se afastam de atividades muçulmanas e se voltam para Deus.
No mês de Ramadã todos os muçulmanos saudáveis e fisicamente maduros têm a obrigação de jejuar: abster-se de todo alimento, bebida, goma de mascar, uso de qualquer tipo de tabaco e qualquer tipo de contato sexual entre a alvorada e o por do sol. Entretanto, esse é apenas o aspecto físico, mas existem também as características espirituais, que incluem refrear-se de fazer fofocas, mentir, caluniar e todos os traços de mau caráter. Todas as visões e sons obscenos e ímpios são evitados como forma de purificar pensamentos e ações. Jejuar também é uma forma de experimentar a fome e desenvolver simpatia pelos menos afortunados, aprendendo a gratidão e apreciação por todas as graças de Deus.
Deus disse:
“Ó vós que credes! O jejum está prescrito para vós, como foi prescrito àqueles antes de vós, para serdes piedosos.” (Alcorão 2:183)
O profeta Muhammad também nos lembrou que o jejum não é apenas se abster de alimento e bebida, mas existe uma dimensão maior. Ele disse: "Aquele que não desiste de linguagem e atos obscenos (durante o período de jejum), Deus não precisa que deixe de comer ou beber."[1]
O Ramadã também é um mês em que os muçulmanos tentam estabelecer ou restabelecer uma relação com o Alcorão. Embora possa parecer uma coisa estranha de dizer, as palavras de Deus são uma luz orientadora e uma misericórdia. Ninguém lê o Alcorão sem que ele mude sua vida de alguma forma. O Alcorão foi enviado nesse mês de Ramadã. Os dois, o Ramadã e o Alcorão, estão inextricavelmente interligados. Estar com o Alcorão, lendo-o, memorizando-o, recitando-o ou refletindo sobre seus significados é confortante e espiritualmente edificante, além de uma fonte de força. A recitação à noite é particularmente benéfica, porque as distrações do dia desapareceram e a proximidade com Deus é palpável no silêncio da noite. São conduzidas orações noturnas especiais, durante as quais são recitadas partes do Alcorão. Essas orações são conhecidas como Tarawih. Uma trigésima parte do Alcorão é lida em noites sucessivas, de modo que até o final do mês o Alcorão inteiro tenha sido concluído.
Uma das últimas noites ímpares do mês é a Laylat ul-Qadr, a "Noite do Poder" ou "Noite do Decreto". É a noite mais sagrada do mês mais sagrado; acredita-se que seja a noite na qual Deus começou a revelar o Alcorão ao profeta Muhammad através do anjo Gabriel. Esse é um momento para orações especialmente fervorosas e devotadas e as recompensas e bênçãos associadas a ela são muitas. É dito aos muçulmanos no Alcorão que orar ao longo dessa noite é melhor que mil meses de oração. Ninguém sabe exatamente qual é a noite; é um dos mistérios de Deus.
O Ramadã também é o mês de boas ações e caridade. Os muçulmanos tentam doar generosamente e aumentar suas boas ações. A caridade pode ser tão simples quanto um sorriso; não há necessidade de extravagâncias. A caridade dada discretamente é melhor para quem a recebe e para quem a dá. O profeta Muhammad sempre foi uma pessoa generosa, nunca tendo mais do que apenas o suficiente para cobrir suas necessidades imediatas. Qualquer extra ele doava generosamente aqueles ao seu redor, mas era mais generoso no Ramadã.
Você pode estar se perguntando se essas não são qualidades e virtudes que um muçulmano verdadeiramente devoto a Deus deva manifestar em qualquer mês e está correto. Certamente são. Entretanto, como seres humanos todos ficamos aquém, cometemos pecados e erros. Às vezes a natureza da vida nos faz esquecer nosso verdadeiro propósito. Nosso propósito é adorar a Deus e Deus, em Sua infinita sabedoria misericórdia, nos deu o Ramadã. É um mês, que se usado sabiamente, pode recarregar nossas baterias espirituais e físicas. É um mês cheio de misericórdia e perdão, quando Deus facilita a superação de nossas falhas e nos recompensa em abundância. É nosso Criador, que compreende que estamos longe da perfeição. Quando andamos na direção de Deus, Ele vem correndo em nossa direção. Quando estendemos nossa mão Ele nos alcança e concede Seu perdão. Os muçulmanos amam o Ramadã. É uma fonte de vida. Ficam ombro a ombro e curvam suas cabeças em submissão. O Ramadã se espalha em todo o mundo quando os muçulmanos começam e terminam seu jejum juntos, um corpo, um povo, uma nação. O Ramadã chega suavemente e seus atos ascendem gentilmente até Deus. Longe de ser um teste de privações, o mês do Ramadã é uma alegria e uma dádiva acima de comparação. Mesmo antes do mês acabar os muçulmanos começam a lamentar o término desse mês abençoado e tentam prolongar o tempo estando com o Alcorão e adorando a Deus da melhor maneira possível.