Uma Breve Introdução ao Islã (parte 1 de 2)
Descrição: Uma breve introdução ao significado de Islã, a noção de Deus no Islã e Sua mensagem básica para a humanidade através dos profetas.
- Por Daniel Masters, AbdurRahman Squires, e I. Kaka
- Publicado em 12 Jul 2010
- Última modificação em 12 Jul 2010
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Islã e Muçulmanos
A palavra “Islã” é uma palavra árabe que significa “submissão à vontade de Deus.” Essa palavra vem da mesma raiz que a palavra árabe “salam”, que significa “paz”. Como tal, a religião do Islã ensina que para alcançar verdadeira paz de espírito e certeza de coração, devemos nos submeter a Deus e viver de acordo com Sua Lei divinamente revelada. A verdade mais importante que Deus revelou para a humanidade é que não há nenhuma divindade merecedora de adoração exceto Deus Todo-Poderoso e, dessa forma, todos os seres humanos devem se submeter a Ele.
A palavra “muçulmano” significa aquele que se submete a vontade de Deus, independente de sua raça, nacionalidade ou origem étnica. Ser um muçulmano implica em submissão voluntária e obediência ativa a Deus e em viver de acordo com Sua mensagem. Algumas pessoas acreditam equivocadamente que o Islã é apenas uma religião para árabes, mas nada poderia estar mais distante da verdade. Além de existirem convertidos ao Islã em todos os cantos do mundo, especialmente Inglaterra e América, ao dar uma olhada no mundo muçulmano da Bósnia a Nigéria e da Indonésia ao Marrocos, pode-se ver claramente que os muçulmanos vêm de várias raças, grupos étnicos e nacionalidades. Também é interessante notar que na verdade, mais de 80% de todos os muçulmanos não são árabes - existem mais muçulmanos na Indonésia do que em todo o mundo árabe! Então, embora seja verdade que quase todos os árabes são muçulmanos, a grande maioria dos muçulmanos não é árabe. Entretanto, quem quer que se submeta completamente a Deus e adore somente a Ele é um muçulmano.
Continuidade da Mensagem
O Islã não é uma religião nova porque “submissão a vontade de Deus”, ou seja, Islã, sempre foi a única religião aceitável aos olhos de Deus. Por essa razão o Islã é a “religião natural” verdadeira e é a mesma mensagem eterna revelada através dos tempos para todos os profetas e mensageiros de Deus. Os muçulmanos acreditam que os profetas de Deus, que incluem Abraão, Noé, Moisés, Jesus e Muhammad, trouxeram a mesma mensagem de Monoteísmo Puro. Por essa razão o Profeta Muhammad não foi o fundador de uma nova religião, como muitas pessoas equivocadamente pensam, mas foi o Profeta final do Islã. Ao revelar Sua mensagem final a Muhammad, que é uma mensagem eterna e universal para toda a humanidade, Deus finalmente cumpriu a promessa que fez a Abraão, que foi um dos primeiros e maiores profetas.
É suficiente dizer que o caminho do Islã é o mesmo do profeta Abraão, porque tanto a Bíblia quanto o Alcorão retratam Abraão como um exemplo proeminente de alguém que se submeteu completamente a Deus e O adorou sem intermediários. Quando isso é entendido, fica claro que o Islã tem a mensagem mais contínua e universal do que qualquer outra religião, porque todos os profetas e mensageiros foram “muçulmanos”, ou seja, aqueles que se submeteram à vontade de Deus, e eles pregaram o “Islã”, ou seja, a submissão a vontade de Deus Todo-Poderoso.
A Unicidade de Deus
A base da fé islâmica é a crença na Unicidade de Deus Todo-Poderoso – o Deus de Abraão, Noé, Moisés e Jesus. O Islã ensina que a crença pura em Um Deus é intuitiva nos seres humanos e atende a uma inclinação natural da alma. Como tal, o conceito de Deus do Islã é direto, sem ambiguidades e fácil de compreender. O Islã ensina que os corações, mentes e almas dos seres humanos são receptáculos adequados para a revelação divina clara que as revelações de Deus ao homem não são encobertos por mistérios contraditórios e idéias irracionais. Dessa forma, o Islã ensina que mesmo que Deus não seja plenamente compreendido por nossas mentes humanas finitas, Ele também não espera que aceitemos absurdos ou crenças demonstravelmente falsas sobre Ele.
De acordo com os ensinamentos do Islã, Deus Todo-Poderoso é absolutamente Um e Sua Unicidade não deve nunca ser comprometida pela associação de parceiros a Ele - nem na adoração e nem na crença. Devido a isso, é exigido que os muçulmanos mantenham uma relação direta com Deus e, consequentemente, todos os intermediários são absolutamente proibidos. Do ponto de vista islâmico, acreditar na Unicidade de Deus significa perceber que todas as orações e adoração devem ser exclusivamente para Deus e que somente Ele merece títulos como “Senhor” e “Salvador”. Algumas religiões, embora acreditem em “Um Deus”, não fazem todas as orações e adoração somente para Ele. Também dão título de “Senhor” a seres que não são Oniscientes, Todo-Poderosos e Imutáveis - mesmo de acordo com suas próprias escrituras. É suficiente dizer que de acordo com o Islã, não basta que as pessoas acreditem que “Deus é Um”, mas elas devem por em prática essa crença através de conduta adequada.
Em resumo, o conceito islâmico de Deus, que é completamente baseado em revelação divina, não existe ambiguidade na divindade – Deus é Deus e homem é homem. Uma vez que Deus é o único Criador e contínuo Sustentador do Universo, Ele transcende Sua criação – o Criador e a criatura nunca se misturam. O Islã ensina que Deus tem uma natureza única e que Ele é livre de gênero, fraquezas humanas e além de qualquer coisa que os seres humanos possam imaginar. O Alcorão ensina que os sinais e provas da sabedoria, poder e existência de Deus são evidentes no mundo ao nosso redor. Assim, Deus conclama o homem a ponderar sobre a criação para construir um melhor entendimento de seu Criador. Os muçulmanos acreditam que Deus é Amoroso, Compassivo e Misericordioso e que Se preocupa com os assuntos diários dos seres humanos. Nesse ponto o Islã alcança um equilíbrio único entre falsos extremos religiosos e filosóficos. Algumas religiões e filosofias retratam Deus como um “Poder Maior” impessoal que está desinteressado, ou ignora, a vida de cada indivíduo. Outras religiões tendem a dar a Deus qualidades humanas e ensinam que Ele está presente em Sua criação, encarnado em alguém, algo ou em tudo. No Islã, entretanto, Deus Todo-Poderoso esclareceu a verdade ao deixar a humanidade saber que Ele é “Compassivo”, “Misericordioso”, “Amoroso” e “Aquele que Atende as Orações”. Mas Ele também enfatiza fortemente que “nada é como Ele” e que Ele está acima de tempo, espaço e Sua criação. Finalmente, deve ser mencionado que o Deus que os muçulmanos adoram é o mesmo Deus que os judeus e cristãos adoram – porque só existe um Deus. É desastroso que algumas pessoas erroneamente acreditem que os muçulmanos adorem um Deus diferente dos judeus e cristãos e que “Allah” seja apenas o “deus dos árabes”. Esse mito, que tem sido propagado pelos inimigos do Islã, é completamente falso já que a palavra “Allah” é simplesmente o nome árabe para Deus Todo-Poderoso. É a mesma palavra para Deus usada pelos judeus e cristãos que falam árabe. Entretanto, deve ser esclarecido que embora os muçulmanos adorem o mesmo Deus dos judeus e cristãos, seu conceito Dele difere um pouco das crenças de outras religiões – principalmente porque é completamente baseada em revelação divina. Por exemplo, os muçulmanos rejeitam a crença cristã de que Deus é uma Trindade, não somente porque o Alcorão a rejeita, mas também porque se essa fosse a verdadeira natureza de Deus, Ele a teria revelado claramente para Abraão, Noé, Jesus e todos os outros profetas.
Uma Breve Introdução ao Islã (parte 2 de 2)
Descrição: O papel do Alcorão e do profeta Muhammad na transmissão da mensagem pura e inalterada de Deus a humanidade, e uma descrição de como viver da maneira islâmica é o caminho para uma vida melhor.
- Por Daniel Masters, AbdurRahman Squires, e I. Kaka
- Publicado em 19 Jul 2010
- Última modificação em 19 Jul 2010
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O Alcorão
A palavra árabe “Al-Quran” (Alcorão, em português) literalmente significa “a recitação.” Quando usada em relação ao Islã, a palavra Alcorão significa a mensagem final de Deus para a humanidade, que foi revelada ao profeta. O Alcorão é a palavra literal de Deus – como ele diz claramente em várias de suas passagens. Ao contrário de outras escrituras sagradas, o Alcorão foi perfeitamente preservado tanto em palavras quanto em significado em uma língua viva. O Alcorão é um milagre vivo na língua árabe; é conhecido como inimitável em seu estilo, forma e impacto espiritual. A revelação final de Deus para a humanidade, o Alcorão, foi revelado ao profeta Muhammad ao longo de 23 anos.
O Alcorão, em contraste com muitos outros livros religiosos, sempre foi ensinado como sendo a Palavra de Deus por aqueles que acreditavam nele, ou seja, não foi algo decretado por um concílio religioso anos após ter sido escrito. O Alcorão também foi recitado publicamente perante comunidades muçulmanas e não-muçulmanas durante a vida do profeta Muhammad. O Alcorão inteiro também foi completamente registrado durante a vida do profeta e vários companheiros dele memorizaram o Alcorão palavra por palavra como foi revelado. Assim, ao contrário de outras escrituras, o Alcorão sempre esteve nas mãos de crentes comuns; sempre foi considerado a palavra de Deus e devido a memorização propagada, foi perfeitamente preservado.
Em relação aos ensinamentos do Alcorão – é uma escritura universal dirigida para toda a humanidade e não para uma tribo ou “povo escolhido” em particular. A mensagem que ele traz não é nova e sim a mesma de todos os profetas – submeter-se a Deus Todo-Poderoso e adorar somente a Ele. Dessa forma, a revelação de Deus no Alcorão foca em ensinar aos seres humanos a importância de acreditar na Unicidade de Deus e de enquadrar suas vidas com base na orientação que Ele enviou. Adicionalmente, o Alcorão contém histórias dos profetas anteriores, como Abraão, Noé, Moisés e Jesus e também muitos mandamentos e proibições de Deus. Nos dias atuais, em que tantas pessoas são presas da dúvida, desespero espiritual e “correção política”, os ensinamentos corânicos oferecem soluções para o vazio de nossas vidas e a desordem que domina o mundo hoje. Em resumo, o Alcorão é o livro de orientação por excelência.
O Profeta Muhammad
Ao contrário dos fundadores de muitas religiões, o profeta final do Islã é uma figura real histórica e documentada. Viveu à luz da história e os mínimos detalhes de sua vida são conhecidos. Além de terem o texto completo das palavras de Deus que foram reveladas a Muhammad, os muçulmano também preservaram seus ditos e ensinamentos no que é chamado de literatura “hadith”. Dito isso, deve ser entendido que os muçulmanos acreditam que o profeta Muhammad foi apenas um homem escolhido por Deus, que não era divino em qualquer aspecto. Para evitar o desejo mal orientado de deificá-lo, o profeta Muhammad ensinou aos muçulmanos a se referirem a ele como “Mensageiro de Deus e Seu Servo”. A missão do último e final profeta de Deus foi simplesmente ensinar que “não há nenhuma divindade merecedora de adoração exceto Deus Todo-Poderoso” e ser um exemplo vivo da revelação de Deus. Em termos simples, Deus enviou a revelação a Muhammad, que por sua vez a pregou, viveu e colocou em prática.
Dessa forma, Muhammad foi mais que apenas um “profeta” no sentido de muitos profetas bíblicos, uma vez que também foi estadista e governante. Foi um homem que viveu uma vida humilde a serviço de Deus e estabeleceu uma religião abrangente e um modo de vida mostrando o que é ser um amigo, marido, professor, governante, guerreiro e juiz ideais. Por essa razão os muçulmanos o seguem não por sua causa, mas em obediência a Deus, porque Muhammad nos mostrou como lidar com nossos semelhantes e, mais importante, nos mostrou como nos relacionar e adorar a Deus; adorá-Lo na única forma que O agrada.
Como outros profetas, Muhammad enfrentou grande oposição e perseguição durante sua missão. Entretanto, foi sempre paciente e justo e tratou bem seus inimigos. Os resultados de sua missão foram muito bem-sucedidos e embora sua missão tenha começado em um dos lugares mais atrasados e remotos da terra, em cem anos a partir da morte de Muhammad o Islã tinha se propagado da Espanha a China. O profeta Muhammad foi o maior de todos os profetas de Deus, não porque ele tivesse doutrinas novas ou milagres maiores, mas porque foi ele o escolhido para transmitir a última revelação vinda de Deus para a humanidade, uma que fosse adequada para todos os lugares, épocas e povos, eterna e imutável até o Dia do Juízo.
A Maneira Islâmica de Vida
No Alcorão Sagrado Deus ensina os seres humanos que foram criados para adorá-Lo e que a base de toda adoração verdadeira é a consciência de Deus. Uma vez que os ensinamentos do Islã abrangem todos os aspectos da vida e da ética, a consciência de Deus é encorajada em todos os assuntos humanos. O Islã deixa claro que todos os atos humanos são atos de adoração se forem feitos somente para agradar a Deus e de acordo com Sua Lei Divina. Assim, a adoração no Islã não está limitada aos rituais religiosos.
Os ensinamentos do Islã agem como misericórdia e cura para a alma humana e qualidades como humildade, sinceridade, paciência e caridade são fortemente encorajadas. Além disso, o Islã condena o orgulho e o autoelogio, já que Deus Todo-Poderoso é o único juiz da virtude humana.
A visão islâmica da natureza do homem também é realista e bem balanceada. Não se acredita que os seres humanos sejam inerentemente pecadores, mas são vistos como igualmente capazes do bem e do mal.
O Islã também ensina que a fé e a ação devem andar de mãos dadas. Deus deu às pessoas o livre arbítrio e a medida da fé são os atos e ações. Entretanto, os seres humanos também foram criados fracos e caem em pecado com regularidade. Essa é a natureza do ser humano como criado por Deus em Sua Sabedoria e não é inerentemente “corrupta” ou necessitando de reparos. Isso porque o caminho para o arrependimento está sempre aberto para todos os seres humanos e Deus Todo-Poderoso ama o pecador arrependido mais que aquele que nunca peca.
O verdadeiro equilíbrio de uma vida islâmica é estabelecido por um temor saudável de Deus associado a uma crença sincera em Sua infinita Misericórdia. Uma vida sem temor a Deus leva ao pecado e a desobediência, enquanto que a crença de que pecamos tanto que Deus não poderia nos perdoar só nos leva ao desespero. À luz disso, o Islã ensina que somente os desorientados se desesperam da misericórdia de seu Senhor.
Adicionalmente o Alcorão Sagrado, que foi revelado ao profeta Muhammad, contém muitos ensinamentos sobre a vida depois da morte e o Dia do Juízo. Devido a isso, os muçulmanos acreditam que todos os seres humanos serão no fim julgados por Deus por suas crenças e ações em suas vidas terrenas. Ao julgar os seres humanos Deus Todo-Poderoso será ao mesmo tempo misericordioso e justo e as pessoas só serão julgadas por aquilo que eram capazes de fazer.
É suficiente dizer que o Islã ensina que a vida é um teste e que todos os seres humanos prestarão contas perante Deus. Uma crença sincera na vida depois da morte é a chave para levar uma vida moral e bem equilibrada. De outra forma a vida é vista como um fim em si mesma, o que faz com que os seres humanos se tornem egoístas, materialistas e imorais.
Islã por uma Vida Melhor
O Islã ensina que a verdadeira felicidade só pode ser obtida se levarmos uma vida cheia de consciência de Deus e ficarmos satisfeitos com o que Deus nos deu. Além disso, a verdadeira “liberdade” é estarmos livres de sermos controlados por nossos desejos humanos básicos e sermos governados por ideologias feitas pelo homem. Essa posição contrasta claramente com a opinião de muitas pessoas no mundo moderno, que consideram “liberdade” a habilidade de satisfazer todos os seus desejos sem inibição. A orientação clara e abrangente do Islã dá aos seres humanos propósito e direção bem definidos na vida. Além de serem membros da irmandade humana do Islã, seus ensinamentos equilibrados e práticos são uma fonte de conforto, orientação e moralidade espirituais. Um relacionamento claro e direto com Deus Todo-Poderoso, associado ao senso de propósito e pertencimento que se sente como muçulmano, liberta a pessoa de muitas preocupações da vida diária.
Em resumo, a maneira islâmica de vida é pura e completa. Constrói autodisciplina e autocontrole através da oração regular e jejum e liberta os seres humanos de superstição e todo tipo de preconceitos raciais, étnicos e nacionais. Ao aceitar viver uma vida consciente de Deus e perceber que a única coisa que distingue as pessoas aos olhos de Deus é sua consciência Dele, a verdadeira dignidade humana de uma pessoa é compreendida.
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