Margaret Marcus, Ex-Judia, EUA (parte 4 de 5)

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Descrição: Margaret continua a discutir como o Alcorão teve impacto sobre sua vida e suas opiniões sobre as relações entre judeus e árabes.

  • Por Margaret Marcus
  • Publicado em 03 Dec 2012
  • Última modificação em 03 Dec 2012
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Embora encontrasse a Vida Eterna mencionada no Novo Testamento, comparada com o Alcorão Sagrado, é vaga e ambígua.  Não encontrei resposta à questão da morte no Judaísmo ortodoxo, porque o Talmude prega que até a pior vida é melhor que a morte.  A filosofia dos meus pais era que se devia evitar contemplar o pensamento da morte e simplesmente desfrutar, o máximo possível, os prazeres que a vida tem a oferecer no momento.  De acordo com eles, o propósito da vida era diversão e prazer alcançados através da autoexpressão dos talentos, amor da família, companhia agradável dos amigos combinada com estilo de vida confortável e indulgência na variedade de distrações que a América afluente pode disponibilizar em abundância.  Deliberadamente cultivaram essa abordagem superficial da vida como se tivessem a garantia de sua felicidade e boa sorte contínuas.  Através de experiência amarga descobri que a autoindulgência só leva à miséria e que nada importante ou valioso é realizado sem luta através de adversidade e autossacrifício.  Desde minha infância sempre quis realizar coisas importantes e significativas.  Acima de tudo, antes de minha morte, queria a garantia de que não tinha desperdiçado a vida em ações pecaminosas e buscas sem sentido.  Toda a minha vida tem sido intensamente pensada com seriedade.  Sempre detestei frivolidades, que é a característica dominante da cultura contemporânea.  Meu pai uma vez me incomodou com sua convicção inabalável de que não existe nada de valor permanente porque tudo nessa era moderna aceita as tendências presentes e nos ajustamos a elas.  Eu, entretanto, estava sedenta para alcançar algo que durasse para sempre.  Foi no Alcorão Sagrado que aprendi que essa aspiração era possível.  Nenhuma boa ação para agradar a Deus é desperdiçada ou perdida.  Mesmo se a pessoa em questão nunca receber qualquer reconhecimento mundano, sua recompensa na Vida Eterna é certa.  Em contrapartida, o Alcorão nos diz que os que não são guiados por considerações morais e sim por expedientes ou conformidade social, usando a liberdade para fazer o que quiserem independente do sucesso mundano e prosperidade obtidos, ou do quão entusiasticamente são capazes de abrir mão de sua curta vida terrena, serão considerados perdedores no Dia do Juízo.  O Islã nos ensina que para devotarmos nossa atenção exclusiva ao cumprimento de nossos deveres com Deus e nossos semelhantes, devemos abandonar toda a vaidade e atividades inúteis que nos distraiam dessa finalidade.  Esses ensinamentos do Alcorão Sagrado, tornados ainda mais explícitos pelos hadiths, eram totalmente compatíveis com meu temperamento.

P: Qual sua opinião sobre os árabes após ter se tornado muçulmana?

R: À medida que os anos passaram, minha percepção gradual foi que não foram os árabes que tornaram o Islã importante, mas o Islã fez os árabes importantes.  Se não fosse pelo profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, hoje os árabes seriam um povo obscuro.  E se não fosse pelo Alcorão Sagrado, a língua árabe seria igualmente insignificante, se não estivesse extinta.

P: Você vê semelhanças entre o Judaísmo e o Islã?

R: O parentesco entre o Judaísmo e o Islã é mais forte que o do Islã e o Cristianismo.  O Judaísmo e o Islã compartilham o mesmo monoteísmo intransigente, a importância crucial de obediência estrita à Lei Divina como prova de nossa submissão e amor ao Criador, a rejeição ao sacerdócio, celibato e monasticismo e a incrível semelhança entre os idiomas hebraico e árabe.

No Judaísmo a religião é tão confundida com nacionalismo, que dificilmente pode-se distinguir entre os dois.  O nome “Judaísmo” é derivado de Judá – uma tribo.  Um judeu é um membro da tribo de Judá.  Até o nome dessa religião não conota nenhuma mensagem espiritual.   Um judeu não é um judeu por conta de sua crença na unicidade de Deus, mas meramente porque aconteceu de nascer em uma família de judeus.  Se ele vier a se tornar um ateu veemente, não será menos “judeu” aos olhos dos outros judeus.

Tamanha corrupção com nacionalismo empobreceu espiritualmente essa religião em todos os seus aspectos.  Deus não é o Deus de toda a humanidade, mas o Deus de Israel.  As escrituras não são revelações de Deus para toda a raça humana, mas, primariamente, um livro de histórias judaico.  Davi e Salomão (que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre eles) não são profetas plenos de Deus, mas meramente reis judeus.  Com a única exceção do Yom Kippur (o Dia da Expiação judaico), os feriados e festividades celebradas pelos judeus, como Hanukkah, Purim e Pesach, têm mais significância nacional do que religiosa.

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