Sem Deus, Nenhum Valor

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Descrição: O que nos dá mais valor, o ateísmo ou o teísmo islâmico?

  • Por Hamza Andreas Tzortzis (www.h
  • Publicado em 18 Nov 2019
  • Última modificação em 18 Nov 2019
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No-God,-No-Value.jpg Todos nós sentimos e acreditamos firmemente que a vida humana tem um valor final.  No entanto, podemos justificar intelectualmente este sentimento e crença não negociáveis que temos? O teísmo islâmico tem as ferramentas intelectuais para justificar a verdade de nosso valor final.  Por outro lado, o ateísmo parece enfrentar enormes problemas filosóficos.  Em suma, sob o ateísmo, não podemos justificar racionalmente a coisa que define a nossa humanidade.  O que se segue é um breve relato filosófico da razão pela qual o nosso senso de valor final faz sentido sob Deus, e por que não faz sob o ateísmo.  A conclusão é simples: sem Deus, nenhum valor; conhecer a Deus, conhecer o valor.

Como o ateísmo, o naturalismo filosófico nega o Divino e o sobrenatural.  Portanto, não é surpreendente que a maioria dos ateus adote o naturalismo filosófico como uma visão de mundo.  O naturalismo filosófico é a visão de que todos os fenômenos no universo podem ser explicados por processos físicos.  Estes processos físicos são cegos e não racionais.  Os naturalistas filosóficos rejeitam todas as alegações sobrenaturais e alguns argumentam que se houver qualquer coisa 'fora' do universo, não interfere com ele.  Ateus, segundo o professor Richard Dawkins, são naturalistas filosóficos.  Para Dawkins um ateu "acredita que não há nada além do mundo natural, físico".[1] No entanto, alguns acadêmicos ateus não são naturalistas.  Embora esses ateus neguem o Divino, afirmam a existência de fenômenos não físicos.  Para o teísta, este tipo de ateísmo - falando de maneira geral - é mais fácil de se envolver intelectualmente, porque não descarta fenômenos não físicos.  Neste respeito, há alguns pontos em comum com o teísmo.  É importante notar que a maioria dos ateus que afirma provas contra a existência de Deus - ou argumenta que há uma ausência de evidência forte para o Divino - adotar o naturalismo filosófico, implícita ou explicitamente.

Qual é a diferença entre um ser humano e um homem de neve? Esta é uma questão séria.  De acordo com muitos ateus que adotam uma visão naturalista de mundo, tudo o que existe é essencialmente um rearranjo da matéria, ou pelo menos com base em processos cegos, processos físicos não conscientes e causas.

Se for verdade, realmente importa?

Se eu pegasse um martelo e esmagasse um boneco de neve e depois fizesse o mesmo comigo mesmo, de acordo com o naturalismo não haveria nenhuma diferença real.  Os pedaços de neve e os pedaços do meu crânio seriam apenas rearranjos da mesma coisa: matéria fria e sem vida.

A resposta típica a este argumento inclui as seguintes declarações: "temos sentimentos", "estamos vivos", "sentimos dor", "temos uma identidade" e "somos humanos!" De acordo com o naturalismo estas respostas ainda são apenas rearranjos da matéria, ou para ser mais preciso, apenas acontecimentos neuroquímicos em um cérebro.  Na realidade, tudo o que sentimos, dizemos ou fazemos pode ser reduzido aos constituintes básicos da matéria, ou pelo menos algum tipo de processo físico.  Portanto, este sentimentalismo é injustificado se alguém é um ateu, porque tudo, incluindo sentimentos, emoções ou até mesmo o senso de valor, é apenas à base de matérias e processos físicos frios e causas.

Voltando à nossa pergunta original: qual é a diferença entre um ser humano e um homem de neve? A resposta de acordo com a perspectiva ateísta é que não há nenhuma diferença real.  Qualquer diferença é apenas uma ilusão - não há nenhum valor final.  Se tudo é baseado na matéria e causas e processos físicos anteriores, então nada tem valor real.  A menos, claro, que se argumente que o que importa é a própria matéria.  Mesmo se isso fosse verdade, como podemos apreciar a diferença entre um arranjo de matéria e outro? Pode-se argumentar que quanto mais complexo algo é, mais valor ele tem? Mas por que isso seria de algum valor? Lembre-se, nada foi propositadamente concebido ou criado, de acordo com o ateísmo.  Tudo é baseado em causas e processos físicos frios não conscientes aleatórios.

 A boa notícia é que os ateus que adotam essa perspectiva não dão prosseguimento às implicações racionais de suas crenças.  Se o fizessem, seria deprimente.  A razão por eles atribuírem valor final para a nossa existência é que as suas disposições inatas, que foram criadas por Deus, têm uma afinidade para reconhecer Deus e a verdade de nossa existência.

Do ponto de vista islâmico Deus colocou uma disposição inata dentro de nós para reconhecer o nosso valor, e reconhecer as verdades éticas e morais fundamentais.  Essa disposição é chamada de fitrah no pensamento islâmico.  Outra razão que pode reivindicar o valor final é porque Deus nos criou com um propósito profundo, e nos preferiu em relação à maioria de Sua criação.  Temos valor porque Aquele que nos criou nos deu valor.

"Agora, de fato, temos conferido dignidade sobre os filhos de Adão ... e os favorecemos muito acima da maioria de Nossa criação." (Alcorão 17:70)

"Senhor nosso! Não criaste tudo isso sem propósito." (Alcorão 3:191)

O Islã valoriza o bom e aqueles que aceitam a verdade.  Ele contrasta aqueles que obedecem a Deus e, assim, fazem o bem, e aqueles que são depravados, e, assim, fazem o mal:

"Poderá, acaso, equiparar-se ao crente o ímpio? Não são iguais." (Alcorão 32:18)

Uma vez que o naturalismo rejeita a Outra Vida e qualquer forma de justiça divina, recompensa o criminoso e o pacificador com o mesmo fim: a morte.  Todos nós teremos o mesmo destino.  Então, que valor final a vida de Hitler ou a vida de Martin Luther King Jr. realmente tem? Se seus fins são os mesmos, então qual o valor real que o ateísmo nos dá? Nenhum.

No entanto, no Islã, o fim último dos que adoram a Deus e são compassivos, honestos, justos, bondosos e tolerantes é contrastado com o fim daqueles que persistem com o seu mal. A morada do bem é a felicidade eterna e a morada do mal é a alienação divina.  Esta alienação é uma consequência de negar conscientemente a misericórdia e a orientação de Deus, o que inevitavelmente resulta em angústia espiritual e tormento.  Claramente, o Islã nos dá valor final.  No entanto, sob o ateísmo, o valor não pode ser racionalmente justificado, exceto como uma ilusão em nossas cabeças.

Apesar da força deste argumento, alguns ateus ainda fazem objeção.  Uma das suas objecções envolve a seguinte pergunta: Por que Deus nos dá valor final? A resposta é simples.   Deus criou e transcende o universo, e Ele tem conhecimento e sabedoria ilimitados.  Seus nomes incluem O Conhecedor e O Sábio.  Portanto, o que Ele valoriza é universal e objetivo.  Outra maneira de olhar para isso é pelo entendimento de que Deus é o Ser maximamente perfeito, o que significa que Ele é livre de qualquer deficiência e falha.  Portanto, o que Ele valoriza será objetivo e final, porque essa objetividade é uma característica da Sua perfeição.

Outra objeção argumenta que, mesmo se tivéssemos que aceitar que Deus nos dá valor final, ainda será subjetivo, uma vez que estará sujeito a Sua perspectiva.  Esta afirmação tem como premissa uma incompreensão do que significa subjetividade.  Aplica-se a mente limitada e/ou sentimentos de um indivíduo.  No entanto, a perspectiva de Deus é baseada em um conhecimento e sabedoria ilimitados.  Ele sabe tudo; nós não.  O erudito clássico Ibn Kathir diz que Deus tem a totalidade da sabedoria e do conhecimento; nós temos suas particularidades.  Em outras palavras: Deus tem a imagem, nós só temos um pixel.

Seyyed Hossein Nasr, professor de estudos islâmicos na Universidade George Washington, fornece um resumo adequado do conceito de direitos humanos e dignidade - o que em última instância se refere a valor - na ausência de Deus:

"Antes de falar de responsabilidades ou direitos humanos, deve-se responder à questão religiosa e filosófica básica: 'O que significa ser humano?' No mundo de hoje todo mundo fala dos direitos humanos e do caráter sagrado da vida humana, e muitos secularistas chegam a afirmar que eles são verdadeiros defensores dos direitos humanos contra aqueles que aceitam várias cosmovisões religiosas. Mas, curiosamente, muitas vezes esses mesmos defensores da humanidade acreditam que os seres humanos não são nada mais do que macacos evoluídos, que por sua vez evoluíram a partir de formas de vida inferiores e, finalmente, a partir de vários compostos de moléculas. Se o ser humano não é senão o resultado de 'forças cegas' agindo sobre a sopa cósmica original de moléculas, então não é a própria declaração da sacralidade da vida humana intelectualmente sem sentido e nada mais que uma expressão sentimental oca? Não é a dignidade humana nada mais do que uma noção convenientemente planejada, sem base na realidade? E se não somos nada, mas partículas inanimadas altamente organizadas, qual é a base para reivindicações de 'direitos humanos'? Estas questões básicas não conhecem fronteiras geográficas e são feitas por pessoas em todos os lugares." [2]

      Última atualização: 10 de abril de 2017.  Retirado e adaptado do meu livro "The Divine Reality: God, Islam & The Mirage of Atheism".  Você pode adquirir o livro aqui.



Notas de rodapé:

[1] Dawkins, R. (2006) The God Delusion.  Londres: Bantam Press, p. 14.

[2] Nasr, S.  H.  (2004).  The Heart of Islam: Enduring Values for Humanity.  Nova Iorque: HarperSanFrancisco, p.  275.

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