Capítulo 18, Al-Kahf (A Caverna) (parte 1 de 2)
Descrição: A história dos que dormiram na caverna e uma parábola.
- Por Aisha Stacey (© 2018 IslamReligion.com)
- Publicado em 18 Jun 2018
- Última modificação em 18 Jun 2018
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Introdução
Esse capítulo com 110 versículos foi revelado em Meca. Recebe seu nome da história das pessoas que adormeceram em uma caverna, contada nos versículos 9 a 26. Contém três histórias e uma parábola na abertura e encerra com referências ao próprio Alcorão. Acredita-se que tenha sido revelado como um conforto porque os muçulmanos estavam sofrendo tormento e perseguição nas mãos das classes dominantes de Meca. Também foi enviado para responder a três perguntas que tinham sido colocadas ao profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, para testá-lo.
Versículos 1 – 13 Um livro simples
Louvado seja Deus que revelou um livro descomplicado; um livro que não se desvia do caminho reto. Invoca uma punição grave, mas também dá boas notícias aos que fazem boas ações, de uma recompensa excelente e eterna. Alerta aqueles que declaram que Deus tem uma prole dizendo a eles que não têm evidência de uma mentira tão monstruosa. É dito ao profeta Muhammad que corre o risco de se preocupar demais com pessoas que não acreditam em sua mensagem. Entretanto, o fato da questão é que a terra foi preenchida com coisas atraentes para testar as pessoas e, no final, tudo será reduzido à poeira.
Considera [1]a história dos que dormiram na caverna uma maravilha? Os jovens se refugiaram na caverna, orando para que Deus, o mais misericordioso, os guiasse para uma saída de sua situação. Deus os colocou em um sono profundo e os despertou depois de um longo período de tempo. Quanto tempo tinham dormido é discutido por crentes e não crentes, mas agora Deus revela a verdade sobre o assunto. Eram homens jovens com fé forte e Deus lhes deu ainda mais orientação.
Versículos 14 – 26 Os que dormiram na caverna
(Antes de se refugiarem na caverna) declararam que Deus era o Senhor dos céus e da terra e nunca invocaram nenhuma divindade além d'Ele. Aqueles que tomaram outras divindades o fizeram sem qualquer autoridade clara e não há nada mais perverso que uma pessoa que mente sobre Deus. Discutiram entre si e se retiraram para a caverna sabendo que Deus os cobriria com Sua misericórdia e os guiaria para uma saída da provação em que se encontravam.
E se tivesse estado lá com os que dormiam, teria visto que o sol se levantou à direita e se pôs à sua esquerda. Todo o tempo se encontravam em um espaço aberto dentro da caverna. Esse é um dos sinais de Deus. Alguns são corretamente guiados, enquanto outros se desviam. Se olhasse para os que dormiam, talvez pensasse que estavam acordados, se viravam de um lado para o outro e o cão se estendeu na entrada da caverna.
Se os tivesse visto, teria fugido cheio de terror. Da mesma forma que os colocou para dormir, Deus os acordou. Os jovens começaram a questionar-se uns aos outros, perguntando, quanto tempo tinham dormido. Parecia que apenas um dia ou parte de um dia e concordaram que só Deus sabia com certeza quanto tempo tinha se passado. Um deles foi para a cidade com uma moeda de prata para procurar comida. Os outros o advertiram para ser cauteloso e não revelar seus paradeiros. Se fosse pego, seria apedrejado até à morte ou pior, seria forçado a mudar para sua religião.
Então, Deus os trouxe à atenção das pessoas para que todos soubessem que Suas promessas de Ressurreição e da Hora eram verdadeiras. As pessoas que os encontraram discutiram e contestaram entre si e os que prevaleceram decidiram construir uma casa de adoração sobre eles. As pessoas que ouviram a história discutiam sobre quantos eram os que tinham dormido, mas supõem sobre o oculto, porque apenas alguns têm conhecimento real.
Portanto, adere ao que é claro e nunca diga que fará algo sem dizer se Deus quiser. Se esquecerem, então, se lembrem de Deus e esperem que Ele os guie para uma conduta ainda melhor. Alguns dizem que ficaram na caverna por 300 anos, outros por 309, mas foi dito ao profeta Muhammad para dizer que só Deus sabe exatamente quanto tempo estavam lá, porque Ele é Quem conhece todos os segredos dos céus e da terra. Não há protetor além de Deus e Ele não deixa ninguém compartilhar em Seu governo.
Versículos 27 – 31 Faça uma escolha
É dito ao profeta Muhammad para recitar o que lhe foi revelado e não há autorização para mudar nada de forma alguma. Esteja satisfeito por estar entre os que buscam a aprovação de Deus e não deixe os cidadãos notáveis de Meca afastarem os fracos e humildes entre os seus seguidores. Diga-lhes que agora chegou a verdade; que os povos optem por acreditar ou negar. Os iníquos acabarão rodeados por fogo com nada, senão uma bebida miserável ou um lugar repouso repleto de dor. As boas obras nunca serão desperdiçadas; serão recompensadas com jardins de felicidade em que correm os rios. Usarão vestes de seda e pulseiras de ouro e reclinarão em sofás macios em um lugar agradável de repouso.
Versículos 32 – 44 Uma história moral
Diga-lhes, profeta Muhammad, sobre a parábola de dois homens, com belos jardins e terra para cultivo. Ambos os jardins produziram abundantemente e havia um rio entre as duas propriedades. Um homem disse ao outro que era mais rico e tinha mais seguidores que o outro, e entrou em seu jardim dizendo que nunca terminaria e a Última Hora nunca chegaria e mesmo que Deus o recompensasse com algo ainda melhor. O outro homem perguntou: descrê Naquele que o criou? Porque não o faço, e deveria ter dito que tudo é como Deus quer e ninguém tem poder, exceto Ele. Embora tenha menos, Deus pode me dar algo melhor e destruir o que tem. E assim foi que a propriedade fértil do primeiro homem foi destruída e desejou não ter atribuído sua prosperidade a si mesmo, em vez de Deus. Então percebeu que a única proteção real vem de Deus.
Notas de rodapé:
[1]A palavra Ar-Raqeem também é mencionada aqui e isso pode se referir ao nome de seu cão, ou à tabua em que seus nomes foram inscritos ou à montanha em que a caverna está situada.
Capítulo 18 Al-Kahf (A Caverna) (parte 2 de 2)
Descrição: Mais histórias e lições para aqueles que ponderam.
- Por Aisha Stacey (© 2018 IslamReligion.com)
- Publicado em 25 Jun 2018
- Última modificação em 25 Jun 2018
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Versículo 45- 59 Lembretes
E dê-lhes um exemplo. A vida desse mundo é como a vegetação que floresce, mas então seca e se desvanece, soprada no vento. Aqui um dia se passa rápido. Sua riqueza e seus filhos são apenas adornos nessa vida, mas suas boas ações detêm a promessa de recompensa eterna. Chegará um dia em que a terra ficará vazia e deserta e toda a humanidade será reunida. Ficarão em filas diante de Deus e seus livros de ações lhes serão apresentados. Algumas pessoas estarão em grande terror porque nada está faltando em seus registros.
Lembre as pessoas sobre quando os anjos se prostraram para Adão. Iblis (Satanás, um dos gênios) estava entre eles e se recusou. Tomar Satanás e sua descendência como Mestres seria um grave erro. Esteja avisado que qualquer coisa que declarar como uma prole ou parceiro a Deus não lhe responderá no Dia do Juízo. Os iníquos verão o fogo e perceberão o que vai acontecer. Não há escapatória.
O Alcorão está cheio de exemplos para fazer as pessoas entenderem, mas a humanidade é belicosa. Chegou a orientação e nada os impede de acreditar. Os mensageiros são enviados para trazer boas notícias e para avisar os povos, mas há aqueles que ironizam e ridicularizam esses avisos. Não há ninguém mais injusto que aquele que é lembrado dos versículos, provas e lições enviados por Seu Senhor, mas se afasta deles e esquece o mal que fez. Terão véus lançados sobre seus corações e seus ouvidos são surdos. Há um tempo designado para sua punição.
Versículos 60 – 82 Moisés e Khidr
Moisés disse que nunca desistiria de viajar até chegar ao lugar designado, mas ele e seu servo esqueceram-se do peixe e perderam a confluência. O lugar em que o peixe foi esquecido era o lugar designado, então se voltaram e encontraram Khidr, o homem que procuravam. Tinha muito conhecimento e Moisés esperava aprender com ele, mas Khidr expressou dúvidas de que Moisés teria a paciência de que precisava.
Partiram em um barco, mas Khidr fez um buraco nele. Moisés esqueceu sua promessa de não questionar Khidr sobre suas ações. Viajaram até que encontraram um menino e Khidr o matou. Mais uma vez Moisés o questionou sobre o porquê de matar uma criança inocente. Khidr lembrou-lhe de sua promessa de não questionar nada. Viajaram até que chegaram a uma cidade onde pediram comida, mas os habitantes se recusaram a ajudá-los ou alimentá-los. Entretanto, Khidr e Moisés repararam uma parede que estava caindo. Moisés disse a Khidr que poderia ter pedido o pagamento para o trabalho, ao qual Khidr respondeu que esse era o fim de seu tempo juntos.
Antes de Moisés partir, Khidr lhe explicou as razões por trás de suas ações. O barco pertencia a pessoas pobres. Havia um rei que estava apreendendo cada barco; se seu barco estivesse defeituoso, seriam capazes de mantê-lo e conservá-lo. Os pais do menino eram verdadeiros crentes e teria crescido para incitá-los à maldade e descrença. Deus planejou substituí-lo por uma criança melhor e mais pura. A parede pertencia a dois órfãos e havia um tesouro enterrado embaixo dele. Seu pai tinha sido um homem justo, e Deus pretendia que o tesouro permanecesse enterrado, seguro dos cuidadores do órfão até que atingisse a maturidade. Khidr disse que não fez essas coisas por sua própria conta, mas estava seguindo o plano de Deus.
Versículos 83 – 102 Dhul Qarnayn
É dito ao profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, que quando as pessoas lhe perguntam sobre Dhul [1]Qarnayn, deve contá-las sobre ele. Tinha recebido poder e os meios para realizar muitas coisas importantes. Uma vez em uma expedição, encontrou um grupo de pessoas. Deus lhe disse para puni-los ou mostrar bondade a eles. Dhul Qarnayn escolheu punir os que tinham feito o mal e notou que também seriam punidos uma segunda vez por Deus. Falou gentilmente com os que não estavam fazendo mal.
Então se estabeleceu em outra expedição. Encontrou outro grupo de pessoas para as quais Deus não tinha fornecido nenhum abrigo. E assim foi; viajou até chegar a um ponto entre duas montanhas. Dhul Qarnayn mal conseguia se comunicar com as pessoas lá. As pessoas conseguiram perguntar a ele se podiam lhe pagar para construir uma parede. A parede era para manter fora Gog e Magog que estavam destruindo sua terra. Dhul Qarnayn disse que o que Deus lhe deu era melhor que qualquer tributo que pudessem pagar, mas se lhe fornecessem homens para ajudar, poderia criar uma fortificação.
Preencheram o fosso entre as montanhas com ferro e derramaram cobre derretido sobre ele. Gog e Magog não puderam escalá-lo ou construir um túnel sob ele. Essa é uma misericórdia de Deus, disse a Dhul Qarnayn, mas um dia Deus o nivelará no chão, essa é uma promessa de Deus. Saiba que naquele dia as duas partes, (Gog e Magog) se insurgirão entre si como ondas. Esse é um dos sinais de que o Dia da Ressurreição está próximo. No Dia do Juízo, o inferno será mostrado aos incrédulos, porque pensaram que podiam adotar os servos de Deus como seus Mestres. Descansarão no Inferno.
Versículos 103 – 110 A adoração é por Deus somente
É dito ao profeta Muhammad para dizer às pessoas que quem mais perde, por suas ações, é aquele ou aquela cujos esforços estão perdidos, mesmo que pensem que estão fazendo o bem. Essas pessoas descreem nos versículos e sinais de Deus e negam que jamais estarão diante Dele. Essa descrença torna suas ações inúteis. Tudo que ganharão é o inferno. Por outro lado, aqueles que creem e fazem boas ações se encontrarão nos jardins do Paraíso, onde viverão para sempre e de onde nunca desejarão sair.
Se todos os oceanos fossem tinta para escrita, ela se secaria antes que as palavras dos atributos, grandeza e conhecimento de Deus se exaurissem. Mesmo que outra quantidade de tinta igual fosse adicionada, não seria suficiente. É dito ao profeta Muhammad para dizer que é apenas um ser humano, como todos os outros, e foi revelado a ele que o Senhor Deus é Único. Todos que temem sua reunião com Deus devem fazer boas ações e nunca deixar ninguém ou qualquer outra coisa compartilhar na adoração que é somente para Deus.
Notas de rodapé:
[1]Alguns estudiosos acreditam que seja Alexandre, o Grande, entretanto, o Alcorão não revela sua identidade.
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