Capítulo 80, Versículos 33-42: Uma Descrição do Dia do Julgamento

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Descrição: Um relato tocante do Dia do Juízo que fala sobre parentes e familiares no Dia do Juízo, bem como as expressões de alegria e horror que aparecerão naquele dia.

  • Por Imam Mufti (© 2018 IslamReligion.com)
  • Publicado em 11 Jun 2018
  • Última modificação em 25 Jun 2019
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"Porém, quando retumbar o toque ensurdecedor, nesse dia o homem fugirá do seu irmão, da sua mãe e do seu pai, da sua esposa e dos seus filhos. Nesse dia, a cada qual bastará a preocupação consigo mesmo. Nesse dia, haverá rostos resplandecentes, risonhos, regozijadores. E também haverá, nesse dia, rostos cobertos de pó, cobertos de lugubridade.  Estes serão os rostos dos incrédulos, dos depravados." (Alcorão 80: 33-42)

Chapter-80,-Verses-33-42.jpg"A explosão ensurdecedora" ou "o toque ensurdecedor" é a tradução mais próxima do termo, As-Sakhkhah, um dos nomes do Dia do Juízo em árabe, o fim de toda alegria e prazer. 

Se ouvisse a palavra árabe recitada, saberia que traz um tom muito acentuado; quase perfura os ouvidos. 

Este efeito simplesmente nos prepara para a cena seguinte em que vemos "Naquele dia, um homem fugirá de seu irmão, de sua mãe e de seu pai, de sua esposa e de seus filhos". (Alcorão 80: 34-36). 

Tais vínculos entre uma pessoa e suas relações mais próximas não podem ser cortados no curso normal dos eventos.  Ainda assim, o toque ensurdecedor destrói esses links e joga-os para o ar. 

Neste mundo, as relações entre irmãos podem ficar azedas, mas não se pode pensar em estar separado dos pais.  A calamidade desse dia será tão grande que até mesmo os pais perderão a sua importância, bem como os cônjuges e os filhos. 

"Fugir" pode significar que, quando vê os mais próximos e queridos neste mundo em perigo, em vez de se precipitar para ajudá-los, fugirá deles no caso de pedirem ajuda. 

Isso também pode significar que, quando veem as consequências malignas de pecar e enganar uns aos outros, sem medo de Deus e ignorando a Outra Vida nesta vida, cada um fugirá e responsabilizará o outro por seu desvio. 

Estas são as mesmas pessoas para quem vivemos.  Apenas para mantê-las felizes, desistimos de outras coisas importantes, mesmo ignorando os direitos de Deus.  Com que frequência ouvimos a desculpa de que não podemos seguir tal e tal porque as nossas famílias não gostam?  Mas, então, por que se tornam estranhos naquele Dia, quando mais teremos necessidade de ajuda?

Esta é a realidade que devemos enfrentar: cada um de nós ficará tão envolvido com sua própria preocupação que será impossível considerar alguém.  É um lembrete muito importante de Deus que, embora devamos dar os direitos de nossos entes queridos, não é apropriado que desobedeçamos a Deus por causa deles.  Porque não importa o quanto pareçam nos amar hoje, não nos ajudarão na vida que está por vir.

O medo representado nesta cena é puramente psicológico.  Atinge a alma, a isola e mantém sob seu controle.  O resultado é que cada um de nós pensará apenas em si mesmo. Ninguém terá tempo ou interesse para pensar nos outros: "Nesse dia, a cada qual bastará a preocupação consigo mesmo." (Alcorão 80:37) A descrição é vívida; não pode haver uma declaração mais curta e mais abrangente para descrever a condição geral de mentes e almas preocupadas.

Aisha, a esposa do Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, uma vez lhe perguntou:

"Gostaria que me respondesse uma ou duas perguntas." Ele disse: "Claro, se eu tiver a resposta". Ela perguntou: "Como as pessoas serão ressuscitadas?" Ele disse: "Nuas e descalças". (Uma versão adiciona: "incircuncisas").  Ela ficou quieta por um tempo e depois perguntou: "E as mulheres?" Ele respondeu: "No mesmo estado". Ela exclamou: "Não olharão uns para os outros?" O Profeta respondeu: "O caso será muito mais grave do que isso". Então recitou este versículo: "Nesse dia, a cada qual bastará a preocupação consigo mesmo."[1]

As pessoas que entenderam esse fato neste mundo e fizeram de Deus seu foco naturalmente precisam suportar muitas dificuldades na vida, mas seu fim será doce. Aqueles que ficaram presos em sua própria arrogância e não acreditaram nas revelações de Deus, se encontrarão em uma situação realmente difícil e dolorosa. 

"Nesse dia, haverá rostos resplandecentes, risonhos, regozijadores." (Alcorão 80: 38-39) Esses versículos descrevem as condições dos crentes depois que os dois grupos (crentes e descrentes) forem identificados por seus valores divinos e recebido suas respectivas posições.  Estas faces irradiam uma felicidade transbordante de satisfação.  Estãoesperançosas e tranquilas porque sentem que o Senhor está satisfeito com elas.  Estaspessoas são poupadas do terror da explosão ensurdecedora para que possam se dar ao luxo de sorrir edemonstrar sua alegria.  Ou, provavelmente, os sorrisos e as manifestações de felicidade serãovistos depois dessas pessoas terem percebido o bom fim que as espera. 

E também haverá, nesse dia, rostos cobertos de pó.  Cobertos de lugubridade. Estes serão os rostos dos descrentes, dos depravados." (Alcorão 80: 40-42) Esses rostos estão cobertos pelo pó da tristeza e da miséria, escurecidos com humilhação e depressão.  Sabem o que fizeram nesta vida e esperam seu castigo inevitável.  Essas pessoas estavam desprovidas de fé.  Não acreditavam em Deus ou na mensagem divina.  Além disso, estão endurecidas em seus modos errantes e pecaminosos.  Violaram persistentemente os mandamentos divinos.  O destino de cada grupo é retratado em seus rostos. 

Tal será o fim que todos nós temos que encarar.  Hoje, podemos nos perguntar o que estamos fazendo? A quem estamos agradando? Naquele último Dia do Juízo, somente Deus será o juiz, então, como podemos viver nossas vidas em contraste com Seus comandos?  Vamos abrir os olhos para a verdade e ver a direção de nossas vidas e ajustar as nossas velas de acordo!



Notas de rodapé:

[1] Tirmidhi

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