Negar Deus, negar realidade: Por que não precisamos de evidência para Deus (parte 2 de 3)

Classificação:
Tamanho da fonte:
A- A A+

Descrição: A existência de Deus não requer evidência.  Parte 2 discute respostas a mais duas objeções. 

  • Por Hamza Andreas Tzortzis
  • Publicado em 27 Mar 2017
  • Última modificação em 27 Mar 2017
  • Impresso: 18
  • 'Visualizado: 9,603 (média diária: 3)
  • Classificação: nenhum ainda
  • Classificado por: 0
  • Enviado por email: 0
  • Comentado em: 0
Pobre Melhor

Objeção #2: A crença em uma terra plana não foi uma crença evidentemente verdadeira?

Denying_God_02.jpgOutra objeção é a crença de que a terra era plana.  Isso foi uma verdade auto evidente, uma crença básica.  A medida que a ciência progrediu, constatamos que não era o caso.  Agora sabemos que a terra é redonda.  Não quero entrar em uma grande discussão filosófica sobre crenças básicas ou verdades auto evidentes e se podem ser mudadas por evidência científica futura, mas o que direi é que esse problema não é aplicável à existência de Deus.  Deus, por definição, é um ser não-observado e fora de Seu universo.  Por exemplo, se eu fizer uma cadeira, obviamente continuo distinto e dissociado da cadeira.  Estou fora da cadeira.  Da mesma forma, o criador é distinto e externo ao universo.[1] Portanto, o criador não pode ser observado.  Não podemos observar o que está fora de nosso universo.  Assim, a partir dessa perspectiva, a objeção não se aplica: só é aplicável a coisas que podem ser observadas.

A ciência é baseada na teoria do conhecimento chamada empirismo.  O empirismo deriva da ideia de que só se pode ter conhecimento de algo a partir de experiência baseada em observação direta ou indireta.[2] Uma rejeição empírica de Deus é impossível, já que requer evidência a partir de observação para formar conclusões.  Negar algo que não pode ser observado usando a teoria de conhecimento que só se pode formar conclusões baseadas em observações é absurdo.  O mundo científico não pode negar a existência de Deus porque a ciência só consegue lidar com coisas que podem ser observadas.  É por isso que o filósofo de ciência Elliot Sober em seu ensaio sobre empirismo afirma que a ciência está limitada a questões cuja observação ela pode explicar.

"A qualquer momento os cientistas estão limitados pelas observações que têm a mão... a limitação de que a ciência é forçada a restringir sua atenção a problemas solucionados por observações."[3]

Deus não é observado.  Como se pode usar o mundo observado para negar o que não pode ser observado? É impossível.  É por isso que a ciência não pode nunca rejeitar a existência de Deus diretamente.  Só pode fazer uma das duas coisas:

1.Ficar em silêncio sobre o assunto

2.Sugerir alguma evidência que possa ser usada para inferir Sua existência

Uma resposta comum a essa resposta inclui "se não pode ser observado, não se pode acreditar".  Essa é uma afirmação mal colocada, porque observações não abrangem todos os fenômenos.  Existem muitas coisas nas quais acreditamos e que não podemos observar.  O filósofo John Cottingham expõe esse problema em seu livro Racionalismo:

"Mas e sobre "toda a água a uma certa pressão atmosférica ferve em 100 graus Celsius"? Uma vez que essa afirmação tem a forma de uma generalização universal irrestrita, o que se segue é que nenhum número finito de observações pode estabelecer sua verdade de maneira conclusiva.  Um problema adicional e talvez até mais preocupante é que quando alcançamos os níveis mais elevados da ciência... tendemos a encontrar estruturas e entidades que não são observáveis em qualquer sentido direto.  Átomos, moléculas, elétrons, fótons e similares são construções teóricas altamente complexas... aqui parecemos estar muito distantes do mundo de "observação empírica" direta..."[4]

Objeção #3: A crença em Deus não é universal

Uma objeção chave final é que uma vez que verdades auto evidentes devem ser universais, a existência de milhões de ateus em todo o mundo sugere que a existência de Deus não é auto evidente.  Existem duas razões para essa objeção ser falsa:

1.    Verdades auto evidentes não têm que ser universais:Verdades auto evidentes, crenças básicas ou axiomas podem ser individualizados e não têm que ter um apelo universal.  Tome como exemplo a sua mãe. Você tem uma crença básica de que a senhora que chama de mãe é aquela que deu à luz a você.  Você não tem que ter um kit de teste de DNA doméstico e aceita o fato de que ela é sua mãe porque para você essa é uma verdade auto evidente.  Entretanto, para outra pessoa a senhora que você chama de mãe pode ser sua tia, madrasta ou mãe adotiva.  Crenças básicas e verdades auto evidentes não têm que ser universais.  Podem ser individualizadas.

2.    A crença em Deus é universal: Apesar do número de ateus no mundo, a crença em Deus é universal.  Uma crença universal não significa que todas as pessoas do planeta devem acreditar nela.  Um consenso intercultural é evidência suficiente para substanciar a reivindicação de que a existência de Deus é uma afirmação universal.  Evidentemente existem mais teístas que ateus no mundo, e esse sempre foi o caso desde o começo da história registrada.

Para os ateus e céticos desafiarem de maneira efetiva essas teses, terão que explicar que Deus não é uma verdade auto evidente.  Terão que explicar que Deus não é uma crença fundamental, está vinculada culturalmente e só é adquirida via transferência de informação.



Notas de rodapé:

[1] "Para Ibn Taymiyya o termo "criado" implica algo distinto e dissociado de Deus..." (Perpetual Creativity in the Perfection of God: Ibn Taymiyya’s Hadith Commentary on God’s Creation of this World. Jon Hoover. Journal of Islamic Studies 15:3 (2004) pp.  296.)

[2] Elliot Sober "Empiricism" in The Routledge Companion to Philosophy of Science.  Editado por Stathis Psillos e Martin Curd.  2010, p. 129.

[3] Ibid, pp. 137-138.

[4] John Cottingham. Rationalism. Paladin. 1984, pp. 109 -110.

Pobre Melhor

Partes deste Artigo

Visualizar todas as partes juntas

Adicione um comentário

  • (Não é mostrado ao público)

  • Seu comentário será analisado e publicado dentro de 24 horas.

    Campos marcados com um asterisco (*) são obrigatórios.

Outros Artigos na Mesma Categoria

Mais visualizados

Diariamente
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Total
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Favorito del editor

(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Listar conteúdo

Desde sua última visita
Esta lista no momento está vazia.
Todos por data
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Mais populares

Melhores classificados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais enviados por email
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais impressos
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
Mais comentados
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)
(Leia mais...)

Seus Favoritos

Sua lista de favoritos está vazia. Você pode adicionar artigos a esta lista usando as ferramentas do artigo.

Sua História

Sua história está vazia.

Minimize chat