Jeremy Ben Royston Boulter, ex-cristão, Reino Unido (parte 5 de 7)

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Descrição: Islã evoluindo no coração.  Parte 5.

  • Por Jeremy Ben Royston Boulter
  • Publicado em 17 Nov 2014
  • Última modificação em 17 Nov 2014
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Três condições

Acabei pensando sobre a dor no coração que sentia por minha família e decidi aguardar até que três coisas estivessem claras, antes de abraçar o Islã.

1.    Minha esposa aceitar a religião, como eu tinha feito.

2.    Concordar em deixar o emprego e vir morar comigo na Arábia Saudita.

3.    Um problema (pessoal) que houve entre nós ser superado.

Em outras palavras, prometi esperar até que todas as condições fossem ótimas e não me tornaria oficialmente um muçulmano até então.

Comecei a conversar com minha esposa sobre o que tinha descoberto.  Embora estivesse tentando não soar exagerado, meu assombro com o que tinha descoberto e meu endosso devem ter sido esmagadores.  Escrevia um e-mail atrás do outro e batíamos longos papos no msn.  Lia de maneira constante e ampla qualquer coisa sobre Islã na internet, especialmente debates de muçulmanos usando o suporte bíblico para a religião.  Meu entusiasmo pela descoberta de que o Islã era apenas uma extensão de nossa religião purificada, pode-se dizer, de seus erros, deve tê-la afetado profundamente a ponto de ela ficar desiludida e finalmente ser levada a comentar: "parece que você se converteu."

Isso me fez parar, porque percebi que já tinha dado o passo em meu coração, se não oralmente, e minha resposta refletia isso.

"De fato, sim."

Daquele momento em diante minha esposa passou a me criticar por não consultá-la antes de tomar tamanha decisão.  Minha defesa constante era de que não tinha me convertido oficialmente ainda, embora o tivesse em meu coração.  Esse argumento atrapalharam meus esforços de convertê-la e levaram a uma coabitação tensa e dolorosa nas férias que tirei naquele Natal e nos três verões seguintes.  Mas isso é outra história.

A mesquita e os órfãos

Enquanto isso, tive minha primeira experiência de orar com os muçulmanos.  Um final de semana estava caminhando de volta do centro da cidade à noite, depois de uma tarde de compras.  Tinha comprado algumas roupas "nativas" e queria experimentá-las.  De fato, estava vestindo um dos "thobes" que parecem vestidos que tinha acabado de comprar e carregando outro com minhas roupas "ocidentais" em uma mala de viagem.  O sol estava se pondo quando comecei a voltar para casa e se pôs quando estava na metade do caminho.  Soou o chamado para a oração de uma pequena mesquita da qual estava me aproximando e foi ecoado por centenas de mesquitas próximas e distantes pela cidade.  Venezianas se fechavam e bens nas ruas estavam sendo cobertos com plásticos e lonas.  Os homens começaram a fluir das lojas e casas para as mesquitas.  Era impressionante! Um chamado do minarete respondido em um instante.  Decidi que queria ver como era a oração islâmica.

Segui os retardatários quando a oração começou e observei-os se alinhar atrás de duas linhas já formadas.  Levantaram suas mãos enquanto se juntavam à linha e então as colocaram sobre seus peitos, uma sobre a outra.  Parecia bem fácil e fiquei no fim da linha.  Várias crianças se juntaram à linha depois de mim, formando um tipo de adendo interminável.  Enquanto os homens ao meu lado se curvavam e prostravam, copiei seus movimentos da melhor maneira que pude, olhando para os lados pelos cantos dos meus olhos.  Estavam indiferentes a mim, cada um concentrado em algum ponto diretamente à frente, com os olhos baixos.  A comunicação deles com Deus era palpável e tentei compartilhar do canal que tinham estabelecido, apesar de não ter as mesmas palavras para fazê-lo.

"Ó Deus! Ajude-me a cumprir meu voto e persuadir minha esposa. Guie-me a Ti e guie minha família. Acredito em Ti, o Deus único, e não em seres humanos como deuses."

Repeti a oração várias vezes, como um mantra.  Não acho que alcancei o mesmo nível de comunhão que meus companheiros, mas meu coração se sentiu melhor quando a oração acabou.  Enquanto pegava meus sapatos e meias, duas das crianças que tinham se alinhado ao meu lado se aproximaram.

"Anta Muslim? Limada tusalli? ‘adam wa’dha al yedduka al yameen ala shimal."

As crianças tinha detectado que era um completo aprendiz e tinham sérias dúvidas se eu realmente pertencia ao grupo.  Mostraram como eu devia ter posicionado minhas mãos, como devia ter me prostrado e curvado, como devia ter colocado meus pés e assim por diante.  Claro, não sabia uma palavra em árabe e apenas estava ciente de que pensaram que eu precisava de muita instrução se quisesse me passar por um membro bem intencionado da congregação.  Sinalizaram que devia segui-los para que me levassem para suas casas e me transferiram para o irmão mais velho.

Estava um pouco cauteloso de entrar, no caso de terem querido dizer para eu esperar do lado de fora, mas uma das crianças voltou quando não as segui.  Fez o sinal de "venha" novamente e então sinalizou que devia ir logo assim que entraram e cruzar uma tela de contas que estava pendurada.  Dentro estava uma sala com típicas almofadas árabes no chão.  Um adolescente, talvez 15 ou 16 anos, levantou-se de sua posição confortável para me saudar.

O irmão mais velho era muito hospitaleiro, mas não pode me ajudar a entender as crianças e o que elas queriam.  Serviu-me café árabe em pequenas xícaras e me convidou para partilhar algumas tâmaras.  Estava curioso na razão das crianças estarem me entretendo, com o irmão mais velho sendo apenas um adolescente.  Onde estavam seus pais?

"Onde estão sua mãe e seu pai?" Perguntei.

Mas ou ele não entendeu ou não conseguiu explicar em linguagem de sinais.  Gesticulou que eu devia esperar e então imaginei que estariam em casa, logo.  Entretanto, ao invés de um homem adulto, outro jovem, recém-saído da adolescência entrou, logo antes da oração da noite.  Pareceu surpreso ao me ver na sala com seu irmão e trocaram umas poucas palavras.

"Ameriki?"

Balancei minha cabeça.  "Não. Britânico."

"Bem-vindo. Café?"

Novamente balancei minha cabeça. Tinha tomado o suficiente.

Ele se levantou e indicou que devia segui-lo.  "Tawadha," disse ele, que significa "vamos fazer ablução!" Esfregou suas mãos uma na outra.  "Lavar; irmasjid."

Ele queria que me aprontasse para ir à mesquita para a oração da noite.

"Coloque mão" disse ele, levantando minha mão direita, "sobre isso!", colocando-a sobre minha mão esquerda e então colocando ambas sobre meu peito.  Estávamos caminhando pela estrada e paramos bem no meio dela para a lição, como se os carros não existissem.  Indicou a oração levantando suas duas mãos até as orelhas.  "Faça como eu!"

Alinhei-me ao lado dele e dessa vez fiz um trabalho melhor em relação aos movimentos.

Quando voltamos para casa o jantar estava servido em um tipo de toalha de mesa, no chão.  Perguntei a ele "Sua mama?"

"Mama" parece ser um meio internacional ou universal de indicar uma mãe.  Ele balançou a cabeça e depois um gesto de dormir e um movimento para baixo da palma aberta, em direção ao chão.  "Baba wa mama fiy mout, yarhamhummullah. Irmã fez."

Então eram órfãos e esse jovem e sua irmã tinham assumido a responsabilidade da família.  O inglês dele não era dos melhores e a conversa era incoerente.  Perguntou: "Você gosta do Islã?"

Disse que sim.

"Por que não é muçulmano?"

Precisava de tempo.

Ele me ofereceu uma carona para casa.  "Você precisar de ajuda, a qualquer hora visite", disse quando me deixou.

Agradeci.

Então as palavras que ouviria milhares de vezes emergiram de sua boca.  "Algum serviço?"

A gentileza daquela família órfã nunca me deixou.  Estava realmente tocado com o cuidado que tinham demonstrado e apreciei os esforços sinceros para me orientar.  Mas a pessoas que teria o maior efeito em minha iniciação foi um homem que ainda estava por entrar em cena.  Era um iraniano com green card em busca da nacionalidade americana e que estava prestes a irromper em minha vida.

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