Agnosticismo (parte 3 de 4): Um Fruto de Religiões Falsas
Descrição: Como o conceito de agnosticismo foi formado devido à falta de defesa lógica do Judaísmo e do Cristianismo dos dias atuais.
- Por Laurence B. Brown, MD
- Publicado em 31 May 2010
- Última modificação em 31 May 2010
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Por que o retorno contemporâneo à heresia/gnosticismo, com a sanção oficial de tantas instituições religiosas? Bem, é compreensível. Uma vez que nenhuma defesa lógica do Judaísmo ou Cristianismo dos dias atuais resiste à pressão da análise das escrituras dos dias de hoje, essa “exclusividade mística” é a última trincheira de um status quo doutrinal em rápida desintegração. Já houve atrito significativo em várias seitas judaico-cristãs. Os fiéis remanescentes são forçados a um “agnosticismo crente”, mantendo a fé pessoal na existência de Deus e uma doutrina específica de como abordá-Lo, ao mesmo tempo em que reconhece que essas crenças não podem ser provadas de forma objetiva.
A Crítica da Razão Pura de Emanuel Kant, Filosofia do Não Condicionado (1829) de Sir William Hamilton e Princípios (1862) de Herbert Spencer estabeleceram as bases do conceito e T.H. Huxley o embalou e popularizou.
Então, o conceito de agnosticismo tem valor? Voltando à pedra, que só tem valor para aqueles que precisam de uma, o agnosticismo é prático para aqueles que precisam de um sistema de defesa teológico. Os que estão satisfeitos com essas discussões religiosas com fins teológicos se desviam da ameaça do argumento racional com o escudo das defesas agnósticas. Para todos os outros, é apenas uma pedra. Não muda nada, não faz nada. Apenas fica lá como a massa impotente e autoevidente que é, ocupando espaço metafísico.
A análise da religião islâmica encoraja um pensamento interessante a esse respeito. Os ensinamentos do Islã não estavam disponíveis na língua inglesa até a tradução francesa de Andre du Ryer dos significados do Alcorão Sagrado ser traduzida para o inglês por Alexander Ross em 1649 EC. Essa primeira tradução para a língua inglesa apesar da intenção obviamente hostil e de estar cheia de imprecisões, convidava a análise objetiva da religião islâmica. Como o tradutor afirmou na abordagem ao “leitor cristão”:
“Com tantas seitas e heresias unidas contra a verdade (o autor se refere ao Cristianismo), pensei em apresentar as deficiências de Mahomet de modo que ao verem seus inimigos em sua plenitude, possam estar mais bem preparados para encontrá-los e, espero, superá-los... O considerarão tão rude e de composição incongruente, tão cheio de contradições, blasfêmias, discursos obscenos e fábulas ridículas... Apresento-o tal como é, tomando o cuidado de apenas traduzi-lo do francês, e embora tenha sido um veneno que infectou uma parte muito grande, mas enferma, do universo, pode se provar um antídoto, para confirmar a saúde do Cristianismo.”
Com o preconceito do tradutor claramente evidente, não é surpresa constatar que a tradução está repleta de erros e inclinada a exercer pouco impacto positivo na consciência ocidental. George Sale, sem se impressionar, tentou uma nova tradução dos significados, criticando Ross como se segue:
“A versão inglesa não é mais que uma tradução da de Du Ryer, que é muito ruim; quanto a Alexander Ross, que a fez, por desconhecer profundamente o árabe e não ser um grande mestre do francês, acrescentou vários erros àqueles de Du Ryer; sem mencionar a falta de sentido de sua linguagem, que tornaria ridículo um livro melhor.” [1]
Só com a tradução para o inglês de George Sale em 1734 o mundo ocidental começou a receber os ensinamentos do Alcorão Sagrado em uma exposição precisa, embora igualmente mal-intencionada.
A perspectiva de George Sale é evidente nas primeiras páginas de seu discurso ao leitor, com afirmações como:
“Deve ter uma péssima opinião da religião cristã, ou ser mal informado, quem consegue identificar qualquer perigo vindo de uma fraude tão manifesta... Mas qualquer que seja o uso que uma versão imparcial do Alcorão possa ter em outros aspectos, é absolutamente necessário abrir os olhos daqueles que, a partir das traduções ignorantes ou injustas que apareceram, tenham desenvolvido uma opinião muito favorável do original e também nos capacitar para expor de maneira efetiva o embuste...”
e,
“Os protestantes sozinhos são capazes de atacar o Alcorão com sucesso e para eles, eu confio, a Providência reservou a glória de sua derrota.”
A tradução do reverendo J.M. Rodwell, publicada pela primeira vez em 1861, coincidiu com o surgimento no século dezenove de estudos orientais no significado científico do termo. E foi durante esse período de surgimento da consciência islâmica na Europa ocidental que Huxley apresentou sua proposta de agnosticismo.
Muitos muçulmanos podem ser perguntar se Huxley tivesse vivido na época atual da “informação” de viagens fáceis, ampla exposição cosmopolita a pessoas, culturas e religiões, junto com informação precisa e objetiva da religião islâmica, se sua escolha teria sido diferente. É um pensamento interessante. O que teria feito um homem que, como citado anteriormente, afirmou: “Afirmo que se algum grande Poder concordasse em me fazer pensar sempre o que é verdade e fazer o que é certo, sob a condição de ser transformado em um tipo de relógio e ser içado toda manhã antes de sair da cama, eu imediatamente aceitaria a oferta.” [2] Para esse homem, o cânone abrangente do Islã poderia ter sido não apenas atraente, mas bem vindo.
Essa seção começou com a assertiva de que o agnosticismo coexiste com a maioria das religiões de doutrina estabelecida. Adeptos doutrinários podem ser divididos em subcategorias funcionais com base nisso. Por exemplo, os cristãos teístas (ortodoxos) que concebem que a realidade de Deus pode ser provada, os cristãos gnósticos que concebem o conhecimento da verdade de Deus como reservado à elite espiritual, e os cristãos agnósticos, que mantém a fé ao mesmo tempo em que admitem a incapacidade de provar a realidade de Deus. A diferença distinguível entre esses vários subgrupos não reside na presença na fé, mas nas tentativas de justificá-la.
Da mesma forma, a maioria das religiões podem ser subdivididas pela forma em que adeptos individuais tentam justificar a fé dentro dos limites da doutrina. No final das contas, entretanto, essas divisões são somente de interesse acadêmico, porque o como ou o por que da crença não altera a presença da crença, da mesma forma que o como ou o por que de Deus não altera Sua existência.
Copyright © 2007 Laurence B. Brown; usado com permissão.
O excerto acima foi tirado do próximo livro do Dr. Brown, MisGod’ed, que deve ser publicado junto com a sua continuação, God’ed. Ambos podem ser vistos no site do Dr. Brown, www.Leveltruth.com O Dr. Brown pode ser contatado em BrownL38@yahoo.com
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