Capítulo 112: Um Terço do Alcorão
Descrição: Uma interpretação do capítulo 112 que revolve ao redor do conceito de Deus no Islã.
- Por Dr. Bilal Philips
- Publicado em 09 Jul 2012
- Última modificação em 03 Jan 2022
- Impresso: 88
- 'Visualizado: 20,690 (média diária: 5)
- Classificado por: 134
- Enviado por email: 0
- Comentado em: 2
1. Dize: "Ele é Allah, o Único."
2. "Allah, o Absoluto."
3. "Jamais gerou ou foi gerado!"
4. " E ninguém é comparável a Ele!"
(1) Dize: "Ele é Allah, o Único." Esse versículo representa a própria afirmação de Allah de Seu monoteísmo único, Sua inimitável Unicidade. Assim, o primeiro versículo é um comando ao profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, e quem quer que leia ou recite esse versículo para afirmar a Unicidade de Allah. Não há outro como Ele. Existem muitas unidades nesse mundo, mas não são tão singulares uma vez que cada unidade tem outras semelhantes a ela. Por exemplo, existe um monte Everest, mas existem outras montanhas altas semelhantes a ele. No caso de Allah, não existe outra unidade semelhante a Ele. Todas as outras unidades podem ser divididas em partes, enquanto que Allah é único em Sua Unicidade e, como tal, é indivisível.
(2) "Allah, o Absoluto." A singularidade de Allah é percebida em Sua autossuficiência. Por outro lado, todos os seres criados têm necessidades e dependem de outros para satisfazerem suas necessidades. Allah não precisa de Sua criação de forma alguma, uma vez que não há nada que possamos fazer para melhorar ou beneficiar Seu estado, que já é perfeito. Esse atributo de autossuficiência convida os crentes a refletirem sobre o propósito e objetivos de sua adoração. A maioria das pessoas adora como se estivessem fazendo um favor a Deus. O propósito da criação humana é adorar Allah porque todos os seres humanos têm uma necessidade de adorá-Lo. Ele não precisa deles. Os seres humanos precisam adorar e glorificar Deus porque a obediência à lei divina é a chave para seu sucesso nessa vida e na outra.
(3) "Jamais gerou ou foi gerado". Esse versículo descreve outro aspecto da Unicidade de Allah. As falsas religiões geralmente representam Deus em termos humanos dando a Ele características e/ou forma humanas. Esse versículo lida basicamente com duas características distintas dos seres humanos e outras criaturas vivas em geral: passar a existir através do nascimento e procriação através do parto. "Ele (Allah) não gerou", porque não há nada semelhante a Ele. Uma criança é composta de porções (esperma e óvulo) dos corpos de seus pais, razão pela qual é semelhante a seus pais na forma e características. Se Deus gerasse, haveria outro deus como Ele, o que Sua singularidade já negou. O Todo-Poderoso também rejeitou o conceito de ter um filho porque a perspectiva de ter descendência geralmente requer uma parceira semelhante em forma ao parceiro. Allah também rejeitou descendência a partir da perspectiva geral de que não é adequado, uma vez que ter um filho O reduziria à condição de Suas criaturas. Isso responde à pergunta daqueles que alegam que se é consenso que Deus pode fazer qualquer coisa, Ele deve ser capaz de ter um filho, se desejar. Não é adequado porque faria Deus como Suas criaturas. Além disso, as pessoas têm filhos por necessitarem de ajuda para sobreviverem nesse mundo material ou pela necessidade da continuação da existência através da descendência.[1]Ao Se descrever como autossuficiente, Allah também negou essa possibilidade.
"Nem foi gerado" rejeita sutilmente a noção de que Jesus era Deus, porque ele foi gerado. Porque para Deus ter nascido, Ele deve primeiro não ter existido, o que contradiz o atributo divino básico e único da existência eterna.
(4) “ E ninguém é comparável a Ele!”. Allah fecha o capítulo com uma reafirmação do versículo de abertura. Se Deus é único, nada pode ser igual a Ele. Se nada é igual a Ele, então somente Ele é único. Se somente Ele é Autossuficiente e toda a criação precisa Dele, nada na criação pode ser igual a Ele. Se Ele não tem descendência, e nada e ninguém O gerou, nada ou ninguém pode ser igual a Ele, uma vez que todo ser criado passa a existir após um período de não existência. Todo ser criado tem algo semelhante, chamado seu par, ou algo que se pareça com ele, chamado seu igual. Se o Criador fosse de uma dessas espécies, teria um igual e uma semelhança.
Assim, esse capítulo contém a genealogia e descrição de Deus, o Misericordioso. Foi revelado por Allah para refutar crenças atribuídas a Ele por pessoas desorientadas em relação à Sua similitude, forma, origem e descendência. Por exemplo, aqueles que fazem pinturas ou estátuas de Allah alegam similitude, aqueles que adoram outros além Dele alegam similitude e aqueles que atribuem algumas partes de Sua criação a outros além Dele alegam similitude. Entretanto, nada é semelhante a Ele em Seus Atributos, Seu Domínio ou Sua Divindade. Portanto, somente Ele merece ser adorado por Suas criaturas.
Dize (Ó Muhammad): "Ele é Allah (Deus), o Único. 1
"Allah-us-Samad [Allah (Deus), o Absoluto (de Quem todas as criaturas precisam, (Ele não come e nem bebe)]. 2
"Jamais gerou ou foi gerado!" 3
" E ninguém é comparável a Ele!" (4)
(Alcorão 112:1-4)
Interpretação
(1) "Dize" uma afirmação decisiva no que se acredita e está ciente. "Ele é Allah (Deus), o Único", que significa a unicidade está confinada a Ele, somente Ele possui perfeição, os mais belos nomes e atributos supremos perfeitos. Ele não tem paralelos e é incomparável.
(2) "Allah-us-Samad" [Allah, o Mestre Autossuficiente] de Quem todas as criaturas precisam. Todos os habitantes do mundo superior e inferior precisam extremamente Dele. Suplicam a Ele por suas necessidades e se voltam para Ele com suas preocupações porque Ele é perfeito em Seus atributos e onisciente, Cujo conhecimento é perfeito. É o mais paciente, Cuja paciência é perfeita, o mais misericordioso, Cuja misericórdia é perfeita.
(3) E é por Sua perfeição que "Jamais gerou ou foi gerado" devido à perfeição de Sua opulência [livre de todas as necessidades]
(4) "E ninguém é comparável a Ele!". Nem em Seus nomes e atributos e nem em Seus atos. Não tem nenhuma imperfeição.
Assim, esse capítulo estabelece a unicidade de Deus.