Iman Yusuf, Ex-Católica, EUA (parte 2 de 4)
Descrição: Encontrar uma verdade maior em sua vida através da misericórdia do Senhor glorioso.
- Por Iman Yusuf
- Publicado em 29 Jul 2013
- Última modificação em 29 Jul 2013
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Além disso, deduzi que o caminho de Deus tinha que ser para todas as pessoas, para todas as épocas. Ninguém era especial, ninguém era escolhido, ninguém era excluído. Nenhum de nós vivos, aqueles que se foram antes de nós, nem aqueles que viriam depois.
Não podia acreditar em um Deus misericordioso se Ele não havia feito Sua religião conhecida para a humanidade desde o início dos tempos. De alguma forma, de volta ao começo, desde a criação de Adão, sabia que tinha que haver um "segredo". Algo que eu tinha deixado passar desde o início e que era a chave para tudo.
Havia problemas em minha família. Meu irmão, mais novo que eu, já era um alcoólatra. Era mentalmente instável e dado a acessos de fúria. Minha mãe, entretanto, sempre ficava do lado dele em qualquer confronto. Estava extremamente estressada. Tive que desistir da universidade porque não conseguia me concentrar adequadamente em meus estudos.
Também detestava ter que deixar minha filha na creche para frequentar as aulas. Queria cuidar dela em tempo integral. Meu avô piorava a cada dia - uma manhã bem cedo depois de minha mãe sair para o trabalho ele colocou fogo em sua cadeira ao deixar cair um cigarro aceso entre as almofadas.
Pensei que estava sonhando quando ouvi o toque do sinal de alarme de fumaça na casa. Nem mesmo o cheiro acre da fumaça me acordou. Foi minha filha chamando "mamãe, mamãe" que finalmente me fez levantar e sair da cama.
Abri a porta do meu quarto e vi uma casa cheia de fumaça. Peguei minha filha do berço, acordei meu irmão e saímos da casa. Os bombeiros chegaram, mas até lá meu irmão já tinha carregado a cadeira em chamas para o jardim.
Primeiro teve que tirar meu avô do caminho, porque ele estava sentado no chão na frente da cadeira, tentando apagar o fogo batendo na cadeira com uma régua. Era óbvio que meu avô agora precisava de mais supervisão do que qualquer um de nós podia dar.
Foi nessa época que minha mãe começou a pensar seriamente em colocá-lo em um asilo. E, assim, meus "serviços" não seriam mais necessários. Ela me disse de maneira inequívoca que eu devia me mudar. Não havia lugar para mim ou minha filha na vida dela...
Sem vovô para se preocupar e meu irmão saindo para se embebedar a maior parte do tempo, minha mãe descobriu que teria mais tempo para passar em privacidade com seu namorado. Sentiu que era hora de "viver a vida dela do jeito que quisesse".
Estava petrificada. Meu marido e eu ainda estávamos no processo de divórcio. Não podia receber auxílio social enquanto continuasse casada com ele. Se tentasse, eles iriam primeiro atrás dele para pensão de minha filha - algo do qual não tinha visto um centavo.
Ele me ameaçou dizendo que se tentasse pegar pensão dele, ele lutaria pela custódia de nossa filha. A amante dele estava por trás, encorajando-o. Não sabia como poderia sobreviver, a menos que conseguisse um emprego. E isso significava colocar minha filha na creche novamente.
Era uma agonia sentir-se tão sozinha e sem solução à vista. Estava começando a sentir como se fosse a única pessoa sã no meio de toda a insanidade, embora às vezes até questionasse isso.
A sensação era de ser um prego quadrado sendo colocado em um buraco redondo. Não parecia me encaixar na família depois que minha avó morreu e estava lentamente sendo empurrada para fora dela totalmente. Em desespero, me voltei para Deus novamente, implorando por respostas para meus problemas.
Um dia me vi sozinha em casa. Minha filha estava com o pai dela e minha mãe e irmão tinham ido a algum lugar. No silêncio de meu quarto senti uma enorme vontade de orar. Mas como? Parei no meio de meu quarto sem saber por onde começar.
Parei como se estivesse ouvindo, tentando encontrar alguma orientação nesse assunto simples de como orar. Veio-me a ideia de que para conversar com Deus, devia estar limpa. Como se tomada por uma força além do meu controle, fui para o banheiro para tomar banho. Tomei banho dos pés à cabeça.
Ao retornar ao meu quarto, mais uma vez fiquei de pé, esperando algo ou Alguém, me dizer o que fazer em seguida. Mais uma vez, fui guiada na direção da resposta - senti a necessidade de me cobrir - completamente.
Usar um robe de mangas compridas na altura dos tornozelos não era suficiente. Senti que tinha que cobrir meu cabelo também. Enrolei um lenço comprido em volta de minha cabeça e olhei para o espelho, me sentindo estranhamente confortável com minha aparência. E embora não tivesse ideia do que era uma muçulmana ou de como se vestia, lá estava eu, basicamente usando o hijab.
Qualquer pessoa que conhecesse o Islã pensaria que eu era uma muçulmana me preparando para a oração. Mas glória a Deus, naquela época, ainda não sabia nada sobre o Islã.
Então lá estava eu vestida para a oração e sem ter ideia do que fazer em seguida. Voltei-me para a janela e fiquei lá, olhando para fora naquele dia ensolarado. O que viria a seguir? Não queria me ajoelhar - era muito parecido com a igreja.
Senti que precisava ser humilde perante Ele. Queria estar em uma posição de completa submissão ao meu Criador (lembre dessa palavra submissão - é importante). A única ideia em minha mente foi deitar no chão.
Novamente aquilo invocou as imagens da igreja, quando futuros padres e freiras faziam seus votos e se deitavam no chão, braços estendidos ao lado, basicamente na forma de uma cruz. Por mais que quisesse me humilhar totalmente perante meu Criador, não tinha ideia de como fazê-lo.
Finalmente me veio o pensamento de que devia me ajoelhar e colocar meu rosto no chão. Antes de fazer isso, entretanto, percebi que o chão podia não estar limpo o suficiente e apesar de meu quarto estar limpo, senti a necessidade de prostrar em algo que tivesse certeza de estar puro.
Ao lado do berço de minha filha havia um pequeno cobertor que eu havia feito de crochê para seu carrinho de bebê. Era, percebi depois, exatamente do tamanho de um tapete de oração islâmico. E estava recém-lavado! Então, peguei o cobertor e o coloquei na minha frente sobre o carpete.
E surpreendentemente aprendi depois que era a direção exata da Caaba, a direção para a qual os muçulmanos se voltam para oração. Satisfeita de que tudo estava bem, dobrei meus joelhos, apoiei a parte superior do meu corpo sobre minhas mãos e coloquei meu rosto no chão.
Fico com lágrimas nos olhos e um arrepio percorre meu corpo quando lembro daquele dia. Vejo-me naquele quarto, naquela posição e percebo que estava claramente vestida e orando como uma muçulmana. Subhan Allah (Allah está livre de toda imperfeição) como Deus foi misericordioso em me guiar dessa forma!
Naquela posição, sentindo como se finalmente tivesse me conectado com Deus, chorei e implorei a Ele várias vezes para me mostrar a maneira que Ele queria que eu acreditasse... a maneira que Ele queria que eu vivesse.
As lágrimas não paravam. Finalmente senti como se tivesse encontrado uma verdade maior naquele dia. Só precisava preencher as lacunas. E graças à orientação e misericórdia de meu Senhor glorioso, logo encontraria todas as respostas.
Como minha mãe continuava considerando um asilo para meu avô e eu era ainda forçada a procurar um novo lugar para viver, chegou o Dia de Ação de Graças e eu ainda estava em casa.
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